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Com as suas habilidades natas em lidar e gerir capital humano, acoplado à sua formação em Gestão de Recursos Humanos, Naza da Mbonzo é uma jovem angolana que tornou-se conhecida por criar um sistema de promoção de vagas de emprego e formações nas suas redes sociais.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística angolano, até março de 2024, 31,9% dos angolanos encontravam-se em situação de desemprego, o que representa 5,4 milhões de pessoas, e 80,5% dos empregados trabalhavam no setor informal. Estima-se ainda que a maioria das pessoas que estão no emprego informal, 72,2% são homens e 88,5% são mulheres. Estes dados são indicadores de um sistema económico nacional altamente fragilizado, onde as desiguladades sociais são predominantes. Por isso, todas as possibilidades são uma oportunidade a agarrar com unhas e dentes.
Consciente deste flagelo social angolano, Naza Mbonzo, de origem malangina (Malange, sul do país) e natural de Luanda, decidu pôr mãos à obra. Apesar de ter crescido num ambiente onde faltou de tudo, o conhecimento e a educação sempre foram os pilares de Naza Mbonzo. Em 2020, através da rede de seguidores que contruiu nas suas redes sociais, a gestora, empreededora e mestre de cerimónias decidiu criar o “Perfil de Oportunidades".
Quando a entrevistamos, num sábado ensolarado em Luanda, decorria no Centro Cultural de Cazenga, um evento que reuniu centenas de jovens que abarrotaram o espaço. O anúncio da sua presença no certame foi precedido por muitos aplausos que revelavam a esperança de muitos jovens que almejavam sair dali com alguma garantia de entrevista de emprego, através do "Perfil das Oportunidades". Quando anunciou que tinha cinco vagas de empregos e cinco de formações profissionais a oferecer aos presentes, aconteceu um pequeno tumulto tal era a ânsia entre jovens de serem os primeiros a agarrar a oportunidade.
Em aproximadamente 30 minutos de conversa, Naza contou à BANTUMEN como se tornou popular a ponto de atrair centenas de jovens nos eventos em que se apresenta e como tem gerido a fama de ser uma solução para enfrentar o desemprego, um problema que afeta 46% dos jovens angolanos, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
"Tudo começou em 2020, época da pandemia", quando parte dos funcionários nas empresas foram despedidos. Foi dando conta de várias vagas que iam surgindo e acabou por naturalmente ser uma ponte entre a demanda e a oferta. "Sempre fiz esse intercâmbio de ser ponte e porta voz para as coisas boas, para oportunidades, para a solidariedade", disse.
A sua influência começa no seu bairro, escola, igreja, e é conhecida como a Naza que arrasta multidões. "As pessoas depositam confiança em mim e sempre fui popular. Quando a Nasa anuncia algo nas redes sociais, as pessoas acreditam e seguem. Isso me traz parcerias, contatos, e novas oportunidades de trabalho", explica.
Além dessa rede de influência presencial, Naza reune mais de 60 mil seguidores no Facebook e TikTok, um trunfo na manga para as empresas locais para mais facilmente encontrarem um colaborador. Assim, os empregadores contatam Naza a informar de novas vagas, ela espalha a notícia entre os seus seguidores, os potenciais candidados manifestam o seu interesse e Naza encaminha-os para as respetivas empresas. De acordo com as suas contas, já encaminhou mais de 400 pessoas para entrevistas de emprego e mais de 1000 para centros de formação.
É uma rede de influência que só atrai mais seguidores e que, consequentemente, cria possibilidades de rentabilizar essa sua influência. Se ser ponte entre oportunidades de emprego e canditatos é um trabalho social, a título gratuito, Naza aproveita os seus números nas redes e que movimenta presencialmente para criar parcerias comerciais com marcas, como qualquer outro influenciador digital. "Sobrevivo através da minha influência. Fecho parcerias criando uma rede de oportunidades", explica.
Estas ações traduzem-se numa "sensação de dever cumprido enquanto cidadã, refletindo uma responsabilidade social individual. Eu não poderia atravessar este país ou este mundo sem deixar um legado, sem contribuir de alguma forma", afirmou. No futuro, Naza planeia estabelecer um escritório oficial "para expandir o seu alcance e ajudar ainda mais pessoas."
Dentre várias pessoas que foram empregadas através do “Perfil das Oportunidades”, Alberto Coimbra testemunhou-nos que conseguiu o seu primeiro emprego em Eletricidade, a sua área de formação. Considera-se sortudo por ter conseguido cumprir o seu objetivo, demostrando sobretudo um sentimento de gratidão para com a inicitiva de Naza da Mbonzo. "A minha responsabilidade aqui é representar o Perfil das Oportunidades com muita responsabilidade e profissionalismo", disse, com a certeza de a credebilidade dos candidatos gera um ciclo de confiança entre empregadores e a iniciativa de Naza.
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