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Basta fazermos uma pesquisa rápida no canal de YouTube da cantora cabo-verdiana Neyna, para percebermos que é uma cantora de sucesso e uma lufada de ar fresco no panorama musical cabo-verdiano. Canta há apenas quatro anos e já acumulou mais de 20 milhões de visualizações no YouTube e mais de 200 mil ouvintes mensais no Spotify. Tem sido cada vez mais uma figura de destaque na música feita em crioulo. E como resultado, foi premiada na categoria Música Popular nos Cabo Verde Music Awards, em 2023, com o tema "Akanadja".
Em nome próprio, Neyna já atuou em grandes festivais em Portugal, como o NOS Alive e o Rock In Rio. Agora, prepara-se pela primeira vez para um concerto a solo num dos espaços mais trendy da capital, o Monsantos Open Air, no dia 6. O espetáculo contará com uma banda e vários convidados especiais, como Mc Acondize, Paulinha, Irina Barros, Loreta, Mark Delman, entre outros.
Neyna lançou recentemente “Oceans”, o seu EP de estreia, depois de já ter dado um gostinho com temas como "Hey Odja", "Je T’aime", "Ku Bo" (com Kvn Lopes), "Sigilo" e, por fim, com a revitalizante "Ti Ki Manxi". Sendo um projeto musicalmente diverso, a BANTUMEN esteve à conversa com a cantora para explorar este novo trabalho e perceber um pouco mais sobre a veia criativa da artista.
Entre risos, Neyna explica que este seu grande primeiro trabalho é sinónimo de abundância e infinito, tal como o oceano. “Durante muito tempo, tentei perceber qual seria o sentido de lançar um EP. A certa altura, decidi juntar todas as músicas que tinha pendentes e lançar o EP. Essas músicas surgiram das ideias e inspirações que tive durante as minhas viagens para os concertos. Sempre que olhava pela janela do avião e via aquela paisagem, surgiam-me ideias para músicas. Então, pareceu-me que o nome Oceans fazia todo o sentido, já que a inspiração vinha daí".
Desengane-se quem acha que o sucesso da Neyna tenha sido rápido e sem uma explicação.Tudo tem sido fruto de muito trabalho ao longo destes últimos anos. As músicas são escolhidas a dedo, assim como as colaborações e tudo o que está à volta da produção e da sua própria imagem. Apesar de sonhar em fazer música e estar em cima dos palcos desde pequena, para a artista, as coisas têm acontecido no tempo certo em resultado de muita dedicação e foco. Antes de apenas lançar as músicas que vai criando, Neyna faz questão de analisar e conhecer o seu público, estudar e perceber o que realmente os move.
“Oceans” é isso. Ainda que as faixas não tenham sido projetadas para serem lançadas num projeto, elas encaixam-se e formam um EP que mistura o que a própria artista gosta com o que o mercado pede. "Por acaso, o EP não foi planeado em termos de ritmo. Foi mais uma compilação das músicas que já estavam prontas, e, por coincidência, cada uma tinha o seu estilo. Acabou por ser uma 'salada' de sons dentro do EP, com cada música a ter a sua identidade. Decidi que seria um EP porque já tinha várias músicas prontas. Estava a lançar muitos singles e a acumular canções sem tempo para as lançar todas. Então, falei com a minha equipa e decidimos lançar um projeto, um EP, para libertar espaço e criar novas músicas. Optámos por não lançar todas as músicas ao mesmo tempo. Em vez disso, fomos lançando uma a cada semana, para não esgotar o público. Acho que o pessoal gostou dessa abordagem, pelos feedbacks e views que recebemos no YouTube e Spotify", explicou-nos.
Na música PALOP ou lusófona, o número de mulheres a fazer música e a atingir patamares que antes seriam mais difíceis de alcançar, está a crescer. Artistas como Soraia Ramos, Irina Barros, Josslyn ou Nenny são prova disso. Quando questionada se isso a inspira a fazer mais e melhor música, ou se sente mais pressão pela competição, Neyna respondeu: "Definitivamente, é motivador. Não acho que tenha a ver com ser mulher, mas sim com o mercado. Quanto mais evoluído estiver o mercado, mais nos desafiamos uns aos outros a oferecer qualidade. Não vejo isso como algo negativo, mas sim como um estímulo para evoluir. Mas, eu fico muito feliz de ver as minhas colegas mulheres a conseguir ter sucesso, estejam a andar para frente e a evoluir cada vez mais e a cada ano que passa. Isso dá-me moral, é positivamente desafiante".
E é neste desafio que tudo ganha um significado especial, sendo feito com ainda mais amor e dedicação. Para Neyna, todas as suas músicas têm o seu lugar especial. Ao olhar para trás, desde que começou a carreira, não mudaria nada. No entanto, além de continuar a fazer boa música, tem um objetivo claro: alcançar um público maior, para além do cabo-verdiano. Quer abrir horizontes e conquistar novos mercados, sem nunca perder a sua essência e identidade crioula.
Sente que já o está a fazer, depois de ter atuado em dois grandes festivais em Portugal e vários concertos em Cabo Verde, sente que está cada vez mais pronta para enfrentar novos desafios musicais e palcos. "O sonho já está realizado, que é ser cantora. Todos os palcos são de sonho para mim, desde que haja alguém a ouvir e a apreciar a minha música. Agora é só trabalhar e continuar a crescer e ser feliz. Como estar com os meus amigos e família, que é algo de que sinto falta aqui em Portugal. É um vazio que se sente e não se preenche, mas sigo em frente, com um sorriso, e tento aproveitar ao máximo o momento", concluiu.
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