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O projeto Noz Stória (nossa história, em português) levou-nos a um passeio guiado por Sinho Baessa de Pina, que revela a história da presença negra nos bairros auto-construídos de Lisboa, com o objetivo de transpor fronteiras invisíveis, cruzando a linha entre margens e centro. O percurso, que começou no Bairro das Fontainhas, nas Portas de Benfica, convidou os participantes a percorrer rotas de encontro e a desenhar mapas afetivos de uma cidade que muitas vezes escapa aos olhos mais desatentos.
Sinho, um verdadeiro guardião de memórias coletivas, trouxe à luz histórias de resistência e luta pelo direito ao território, à habitação e à dignidade, vividas pelas comunidades negras nestes bairros. O seu discurso não foi apenas uma narração de factos históricos, mas um convite a escutar a vida que pulsa em cada esquina, onde as vozes de quem construiu as suas próprias casas ecoam com força.
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
“O Noz Storia vem contrariar e pôr a verdade ao de cima. Não que eu seja dono da verdade mas as minhas memórias e as memórias [de outras pessoas] que vou partilhando fazem jus à verdade e quebram todos esses esteriótipos. Quero que a voz do Noz Storia seja valorizada como vozes privilegiadas e principalmente por nós [pessoas afrodescendentes], sobretudo pelos mais velhos, e pessoas que já não estão aqui, que vão ver o nome deles ecoar", explicou-nos enquano acarinhava os dois filhos que o acompanharam nesta visita em que a BANTUMEN também participou.
É com o foco na transmissão de conhecimento e de legado para as gerações futuras que Sinho faz este trabalho, que se inspira nas suas próprias vivências e da comunidade que tão bem conhece e apoia.
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
José Baessa de Pina, mais conhecido como Sinho, é um contador de histórias, dinamizador cultural e vice-presidente da Associação Cavaleiros de São Brás, no Casal da Boba, Amadora. Afrodescendente, com raízes em Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, e Portugal, Sinho tem sido uma voz ativa na defesa dos direitos das comunidades marginalizadas, combatendo as amarras coloniais, o racismo e a misoginia que ainda hoje enfrentam.
Com uma trajetória que passa pela dança e pelo rap, Sinho hoje mobiliza a sua comunidade através de atividades culturais e sociais. O projeto Noz Stória, que ele criou, é um dos muitos exemplos do seu compromisso com o empoderamento comunitário, seja através da música, com o grupo Batukaderas Bandeirinhas Panafrikanista, seja através da sua participação em coletivos como Nu Sta Djunto e Vida Justa.
Este passeio pelo Bairro das Fontainhas foi uma verdadeira aula de resistência e resiliência, onde Sinho nos guiou não apenas pelos becos e ruas, mas também pelas histórias de vidas que, na sua invisibilidade, moldam a Lisboa que conhecemos.
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
Sinho Baessa durante passeio guiado Noz Storia, setembro 2024 | 📸 Celestino Bastos/BANTUMEN
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