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"Phoenix" é o reflexo de uma Mynda mais madura, mais consciente de si e do que a rodeia

July 10, 2024
Phoenix Mynda Guevara
@INDINUNEZ_

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No dia 1 de janeiro de 2022, Mynda Guevara lançou "Atximm", música pensada três anos antes, com o intuito de fazer uma crítica sarcástica ao estado do movimento Hip Hop da altura. Segundo a artista, “Atximm” representava os “vírus do movimento”, “uma verdadeira epidemia”.


2022 estava predestinado a ser “o ano” de Mynda Guevara. A artista já não tinha nada a provar e as ideias e lançamentos que projeto fazer tinham como propósito abanar o mercado. Mas o destino trocou-lhe as voltas e Mynda teve de emigrar e focar-se em outras prioridades.


Agora, a partir da Holanda e depois de um hiato de dois anos, uma restruturação pessoal e profissional, Mynda voltou a terras lusas. Em uma semana, juntamente com Katana Produções, mítico produtor da Linha de Sintra, Mynda produziu o seu segundo EP, Phoenix. Uma semana foi quanto bastou para o trabalho estar pronto, tal era a sede de estúdio da rapper.


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Aquando do lançamento de deste trabalho, aproveitei para sentar-me com a rapper para conhecer melhor o EP Phoenix e perceber o posicionamento da artista na indústria.


“O significado da escolha do tema surgiu de forma muito simples e objetiva. O projeto foi intitulado de Phoenix por ser um renascer das cinzas. É um nome curto mas de muito peso e resiliência. É um trabalho composto por apenas cincos faixas, cada uma de um estilo diferente. A captação, mix e master ficou a cargo do grande Katana Produções e os instrumentais na responsabilidade de FRXH BEATS, Berlok, Zaia e StressMusik, e o design gráfico por Dir Sumthing", resumiu Mynda.


Este novo trabalho segue a mesma linha dos anteriores, onde, através das suas rimas, Mynda mantém a sua postura e atitude revolucionárias. Afinal, “revolucionário deve sempre ser integral. Ele deverá trabalhar todas as horas, todos os minutos da sua vida, com um interesse sempre renovado e sempre crescente”, dizia Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido por Che Guevara, líder da revolução cubana e que inspirou o nome artístico da rapper da Cova da Moura.

Phoenix é o reflexo de uma Mynda mais madura, mais consciente de si e do que a rodeia e onde a artista aventurou-se em novas sonoridades, como Afrofunk e Afrochill. Contudo, a base continua a ser a mesma, onde a revolução acontece da melhor forma, o Boom Bap. “Porque sinto que, ultimamente, foi muito esquecido por conta das novas tendências por onde o mercado tem navegado”, assumiu.


https://www.instagram.com/p/C8MSU9pChDB/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==


Este EP foi criado para si própria, aliás, como por norma acontece nas suas músicas. A única pressão que admite é a que a alma e os seus sentimentos lhe ditam. “Há muito tempo que já não tenho nada a provar a ninguém e, para ser honesta, nunca tive como premissa artística provar o meu potencial a quem me ouve e acompanha. Simplesmente faço o que me vai na alma e mediante o que sinto, depois a música em si retrata e transmite exatamente esse sentimento".


Embora já cante há mais de oito anos, com vários trabalhos lançados, participações em filmes e um importante papel na reivindicação de um lugar para as mulheres nos circuitos do hip-hop português, Mynda sente que não o seu trabalho não é valorizado. Os convites para atuar são poucos, assim como as oportunidades.


O que Mynda revela é genérico sobre o mercado da música voltado para o hip hop, em Portugal, mas poderia também ser em específico para promotores de eventos focados no rap crioulo. Raras são as vezes em que uma artista é convidada a subir aos palcos, propulsando uma predominância masculina na linha da frente do movimento, em detrimento da potencialização da visibilidade das rappers que são pilares desse mesmo movimento.


"Sinto que não valorizam o meu trabalho e isso chega a ser frustrante porque eu esforço-me imenso dentro daquilo que são as minhas possibilidades e não vejo resultados na dimensão que mereço. Com todo o meu trabalho, desde que comecei a minha carreira a solo, ser considerada uma das maiores referência no Rap dá-me imenso orgulho. Mas não vejo frutos desse estatuto infelizmente. Às vezes, chego a pensar que é por ser tão real e autêntica na minha arte, no sentido em que não me vendo nem lambo botas a ninguém. Mas acredito que o meu dia vai chegar e, até lá, estarei com a mesma garra, atitude e motivação de sempre". É exatamente disto que se trata este EP Phoenix uma Mynda renovada mas com a mesma língua afiada de sempre e que já podes ouvir em todas as plataformas de streaming.


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