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Fábio Monteiro Borges, mais conhecido como Rastinha, nasceu na Portela de Sacavém, Portugal, no final dos anos ’90. Naquela época, a área era marcada por construções precárias, com poucos prédios e muitas barracas. Pouco tempo depois, Rastinha e a sua família mudaram-se para a Quinta da Fonte, na Apelação, nos arredores de Lisboa, onde ele cresceu e aprendeu o verdadeiro significado de união comunitária. À medida que crescia, a música do bairro, desde o Rap crioulo ao Reggae, começava a moldar a sua identidade artística.
Aos 17 anos, Rastinha mudou-se novamente, desta vez para o Luxemburgo, a 1713 quilómetros de Lisboa. Nessa altura, a paixão pela música já era evidente. Iniciou-se no Reggae em português e em cima de beats de boom bap, mas foi em 2015 que começou a explorar outros estilos musicais. “Comecei a cantar em 2012, já no Luxemburgo. Mudei-me para lá em 2010 e estou lá há 14 anos. Mas o momento em que a música me impactou foi em 2014. Certas coisas aconteceram, fui preso. Enquanto estive preso, isso fez-me pensar. Antes de ser preso, tinha feito uma música que previa basicamente o que aconteceu. Quando fui solto e li aquela letra, pensei: ‘Eu previ isto’. Então, a partir daí, decidi continuar a batalhar, porque se previ algo sem consciência, é porque tinha um propósito,” explicou Rastinha.
Esta entrevista aconteceu no bairro Quinta da Fonte, durante uma das breves férias de Rastinha, em Portugal, com a família e amigos. A sua música reflete precisamente esse ambiente, narrando as suas experiências e vivências, muitas vezes com um sentido crítico.
As maiores recordações de Rastinha da sua zona são dos amigos e do grupo “GDM” que tinham formado. Estudavam todos juntos e o ambiente onde estavam inseridos muitas vezes influenciava atitudes e decisões menos positivas. Crescer entre a violência fez com que procurasse um refúgio mais seguro, e foi na música que encontrou esse conforto. Muito do que escreve aborda temas de amor, motivação e inspiração, afastando-se da violência para não perpetuar estigmas. Rastinha acredita que a música não tem idade e deseja inspirar pessoas de todas as idades, dos 8 aos 80 anos.
Enquanto cumprimentou um amigo com um toque específico, característico da zona, Rastinha partilhou: “Quero deixar algo de bom, percebes? Fazer música traz-me e dá-me aquela força, porque aqui na zona acontecem muitas coisas. Mesmo estando fora, sinto que estou aqui. Embora a minha ascendência seja cabo-verdiana, só aprendi a falar crioulo perto dos meus 17 anos. Foi a língua que encontrei para estar mais próximo da minha gente, aqui, neste nosso bairro social. Até então, só falava e cantava em português, mas com o crioulo consigo passar melhor a mensagem.”
Quando começou a cantar, tudo era muito amador e assim permaneceu por algum tempo. Atualmente, leva a música mais a sério, desejando mudar realidades e pensamentos através dela. De forma independente, lançou a sua primeira música “Alma Ta Grita” em 2023 em todas as plataformas digitais. Após cinco meses, lançou “Tudo Ta Passa”, explorando uma sonoridade diferente.
“Sou muito versátil, porque sou bastante melódico. Consigo entrar em qualquer estilo de instrumental, porque a música é vida. É o batimento do coração. Independentemente do ritmo, basta sentir. A música é um sentimento, um momento. E eu dou amor ao que faço. O Rap também é isso, amor. Motivar e elevar o nosso espiritual, o nosso ego, o nosso ser. Posso passar do Rap para o Drill, depois para o Reggae ou Afrobeat, mas a consciência e a essência permanecem as mesmas,” concluiu Rastinha com um sorriso no rosto.
Embora tenha lançado apenas duas músicas até agora, Rastinha já causou um impacto positivo e planeia lançar mais este ano. Focado na qualidade e na mensagem, não sente pressão e toma o tempo que acha necessário para aperfeiçoar o seu trabalho.
Vê abaixo a entrevista vídeo na íntegra.
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