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Retratar o quotidiano pode parecer simples, mas só os olhos mais clínicos conseguem criar arte com a profundidade que dignifiquem certas rotinas e experiências. É o caso de Silasse Salomone, um fotógrado moçambicano que damos-te a conhecer aqui.
Salomone usa o smartphone ou a máquina DSLR para imortalizar cada momento, que nas suas palavras são uma ferramenta de manifestação pessoal, que lhe proporcionam um palco para contar histórias do quotidiano de onde vive e onde também é uma personagem.
A arte da fotografia espontânea na rua nem sempre é fácil de concretizar, sobretudo para quem não reconhece determinados comportamentos sociais africanos. Em Moçambique ou Angola, por exemplo, quem sacar de uma câmera fotográfica na rua e começar a fotografar aleatoriamente vai deparar-se com alguma estranheza, por parte da população em geral e não só. É um hábito que muitos interiorizaram e reproduzem inconscientemente e acontece porque, no tempo colonial, era através de fotografias, e não só, que potenciais traidores do regime eram denunciados. Na primeira vez que saiu à rua com a sua câmera, Salomone viu assim, sem motivo aparente, o aparelho ser-lhe confiscado pela polícia.
Entretanto, já com um percurso de cinco anos, o fotógrafo tem aprendido a evoluir as suas técnicas através do contato com outros profissionais da área, participação em exposições e residências artísticas.
Em 2016/17 participou do Vê Só Moz, grupo de fotógrafos profissionais e amadores que se unem para reportar as vivências dos bairros que fazem parte do país. Através deste intercâmbio, Silasse teve a possibilidade de ver e conhecer Maputo com outros olhos, “intercalar e aprender com outros fotógrafos experientes”, disse-nos.
No ano passado, fez parte dos moçambicanos que participaram da quinta edição da residência artística “Catchupa Factory”, em Cabo Verde. “Foi uma das melhores escolas, se não a melhor, por que passei até agora sobre mentoria fotográfica”, afirmou. No arquipélago do Atlântico, Salomone apreendeu mais sobre fotografia, desde a concepção à elaboração de uma narrativa fotográfica.
A sua primeira exposição foi realizada no ano passado no Japão, ao lado do compatriota Ildefonso Colaço, intitulada “A Porta” e inserida no KYOTOGRAPHIE Festival 2021. Seguiu-se a exposição colectiva “De: Catchupa, Para: Matapa”, onde foi curador. Este ano, o artista voltou a colaborar com Ildefonso para a apresentação de “Desconstruções e Sombras” na casa cultural, em Maputo, Kulungwana.
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