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Sónia Silva é uma mulher movida por sonhos que carrega o desejo de deixar um legado, seja no mundo corporativo ou no voluntariado. "Eu costumo dizer que sou uma sonhadora. O sonho comanda a vida e tudo o que fazemos começa por sonhar. Sonhar é grátis", diz-nos.
Descendente de guineenses, Sónia nasceu em Portugal, mas viveu parte da sua infância em Cabo Verde e não esconde que essa experiência foi um marco no seu percurso, especialmente durante os anos da escola primária. Após essa etapa, voltou para a Guiné-Bissau, passou por Lisboa e, mais tarde, estabeleceu-se em Inglaterra, onde viveu 17 anos, divididos entre Leeds e Londres. Foi lá que concluiu os estudos e iniciou uma carreira profissional que a levou ao topo do mundo corporativo.
Ao longo da trajetória construiu uma carreira sólida, marcada por passagens em instituições financeiras como a JP Morgan e o Standard Chartered Bank, mas foi através do voluntariado que encontrou aquele que considera ser o seu propósito. Há cinco anos fundou a For Women By Women (FWBW), uma organização que promove o empoderamento de jovens e mulheres através da educação e da adoção de estratégias relacionadas com empregabilidade e empreendedorismo.
“Decidi dizer não à proposta de continuar no banco para dizer sim a mim mesma e ao projeto”
Sónia Silva
A decisão de investir num projeto de voluntariado foi pensada com cuidado. Em julho de 2023, o Standard Chartered Bank, onde era diretora executiva, passou por uma reestruturação e foi nessa altura que decidiu arriscar. "[Essa reestruturação] foi o momento perfeito. Já há quatro anos que conciliava a carreira corporativa com o trabalho na FWBW, mas senti que era hora de dar um passo à frente. Decidi dizer não à proposta de continuar no banco para dizer sim a mim mesma e ao projeto", explica.
A FWBW surgiu após um período de reflexão: a pandemia e a forma como as pessoas tiveram que se moldar a uma nova realidade, foram o catalisador para tirar a ideia do papel. “Costumo dizer que a pandemia fez-nos parar e olhar para dentro de nós. Perguntei-me se estava a ser a pessoa que queria ser, se estava a fazer o suficiente por mim e pelos outros”, afirma. Os anos de trabalho na banca serviram de base para determinar as linhas orientadoras do projeto. Já tinha experiência em mentoring e orientação profissional e isso era algo que podia agregar à FWBW. Qual seria então o diferencial? “Percebi que nunca o tinha feito para a minha comunidade. Durante anos, trabalhei num setor onde as mulheres negras são praticamente invisíveis. Senti a necessidade de criar um espaço onde pudessem ser vistas, ouvidas e valorizadas".
A estratégia pensada, em conjunto com uma amiga, fez com que o projeto começasse a ganhar visibilidade e reconhecimento dentro da sua comunidade. Parte do exercício da FWBW passa por oferecer ajuda através de programas de desenvolvimento profissional e redes de apoio. Não se limitando apenas ao empoderamento feminino, a organização também se focou no apoio aos jovens, especialmente em África, onde a população jovem carece de orientação e educação prática. "O continente africano é muito jovem, e há uma grande necessidade de apoiar esta geração para que possa prosperar", sublinha. A abordagem prática da FWBW é uma das chaves para o seu sucesso. "Se eu já percorri um caminho, partilho o que aprendi para que o percurso dos outros seja mais fácil. Não posso fazer o caminho por ti, mas posso ajudar a preparar-te para os desafios."
Para Sónia, o conceito de sucesso vai além do individual: "Quando atingimos estabilidade, temos a responsabilidade moral de ajudar os outros, ‘enviando o elevador para baixo’". Comprometida em criar um legado baseado na formação de capital humano diversificado e na promoção da igualdade de oportunidades, admite que a verdadeira mudança começa com a preparação das pessoas para o futuro, capacitando-as para criar riqueza e deixar um impacto duradouro nas suas comunidades.
Sónia Silva durante uma palestra. Foto cedida pela FWBW
Iniciativa da FWBW em Bissau. Foto cedida pela organização
“Trata-se de construir pontes e abrir portas para o futuro”
Sónia Silva
Nesse sentido, a FWBW exerce a sua atividade com intenção de expandir a atuação para outros países da África lusófona. O desenvolvimento desta vertente da organização passa por criar redes de apoio transnacionais e trabalhar com parceiros que sirvam de base para aumentar o impacto da intervenção da FWBW. "Queremos ser mais do que uma organização. Queremos ser um movimento de mudança, que seja ouvido e respeitado", afirma, confirmando o desejo de transformar o projeto numa fundação.
Cinco anos depois do seu lançamento, o projeto segue a sua missão de transformação social. "O nosso objetivo é criar oportunidades e orientar quem precisa, sejam mulheres ou jovens. Trata-se de construir pontes e abrir portas para o futuro." Para marcar o quinto aniversário da organização, Sónia está a preparar o lançamento de um livro que conta histórias de mulheres dos países PALOP que superaram adversidades e alcançaram o sucesso. "Queremos celebrar estas mulheres que, contra todas as probabilidades, transformaram as suas vidas e inspiraram outras."
Com uma visão de transformação social e igualdade, Sónia reforça o seu compromisso com as raízes e o papel enquanto agente de mudança. "Sou guineense. Esta é a minha identidade e a minha missão: fortalecer as capacidades do meu país para que possa contribuir para o seu próprio crescimento. Não devemos ter medo de bater à porta. Se não te derem espaço à mesa, leva uma cadeira dobrável. Essa é a mentalidade que precisamos para criar impacto”, conclui.
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