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Linguísta pluridisciplinar, Thandi Lúcia Pinto é uma criativa moçambicana que, através de colagens se exprime e acedeu a falar com o Marcas por Escrever. Nesta conversa, a jovem conta-nos que espaço é que a criatividade tem na sua vida e como é que a sobreposição de imagens se transforma numa manifestação de arte.
Que espaço é que a criatividade tem na tua vida?
A criatividade ocupa 99% de espaço, na minha vida, até quando estou a dormir. Sempre trabalhei em funções que exigiam muito da minha criatividade e sempre o fiz com muito prazer.
Como fotógrafa e artista digital estou constantemente a fotografar com os olhos e a idealizar camadas para novas colagens, com cenários que vejo na rua, em filmes, em conversas, até mesmo em festas.
Thandi Pinto
Absolutamente tudo o que me rodeia, do mais subjectivo, como sonhos, até a coisas mais concretas, sempre me remetem para alguma coisa que eu posso usar na construção das minhas narrativas.
Como é que surgiu o trabalho de colagem?
Surgiu na minha necessidade de tentar materializar os meus devaneios que, na fotografia, era limitado por aquilo que eu via. Lembro-me de ter visto, numa rede social, uma colagem, e eu vi que podia fazer igual. Durante a pandemia, na mesma proporção que tivemos uma carga muito grande de trabalho, tivemos também muito tempo vago para pensar de mais e desestabilizar a nossa saúde emocional. Para preencher esses espaços sombrios comecei a fazer as colagens como terapia, e que tem funcionado até hoje.
Em que momento é que percebeste que era mais do que um hobby? De que forma é que olhas para a tua expressão artística?
A partir do momento em que fui convidada, por uma agência de arte, para entrar para a maior plataforma de venda de obras de arte do mundo, e vendi a minha primeira obra. Eles fizeram-me perceber que o que eu fazia tinha um valor artístico e até monetário muito elevado, e que tanto eu como a agência deveríamos investir nisso.
Eu nem a vejo como minha, pois sempre fiz como hobby e não fazia a ideia da repercussão que teria, mas ao mesmo tempo queria que as pessoas vissem, se identificassem e se apoderassem dela. Posso dizer que, para além de ter sido um antídoto para as minhas dores, tem sido uma forma bastante eficiente de me comunicar com as pessoas.
Além da colagem também pões música. Como é que surge esse gosto?
Eu gosto de todas as manifestações artísticas, mas a música é uma das mais acessíveis, e se calhar a que mais consumo. Escuto música todos os dias, e em todas as circunstâncias possíveis. A convite de um amigo que sempre gostou das minhas playlists comecei a tocar estas músicas num restaurante muito conhecido e, depois, daí comecei a ser chamada para tocar em outros lugares, mas tudo sem compromisso, até que nem se quer me considero DJ.
Quais é que são as tuas referências?
A minha mãe é a minha principal referência. Inspiro-me muito nos desenhos e nos enredos que ela cria nas suas pinturas. Mauro Pinto e Mário Macilau, em Moçambique, e Zanele Muhoi foram os meus primeiros contactos com a fotografia conceptual.
Last but not least, fala-se muito da indústria criativa hoje em dia. Como é que olhas para esse sector?
Como colaboradora nesse mesmo sector há 3 anos, sempre reproduzia esse termo sem fazer ideia do que realmente isso representava. Eu dei conta da real existência dessa indústria quando comecei a trabalhar com a agencia de Arte Arte de Gema ( como artista); e tive a oportunidade de expor fora do país.
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O mercado da arte lá, é tratado com muito respeito e seriedade, e envolve muitas instituições, movimenta muitas pessoas e gera muitas receitas para estes países, de longe não se comprara com o cenário que temos aqui
Thandi Pinto
Eu posso arriscar em dizer que a nossa indústria é artesanal, temos ainda muito trabalho pela frente para estruturar essa indústria que, na minha óptica tem muito potencial no nosso país. Temos muitas artistas e criativos talentosos que podem ajudar a gerar mais receitas ao país, se forem bem encaminhadas. Entretanto tenho visto a introdução de mais cursos ligados à indústria criativa, nas universidades públicas, acreditando eu que deve ter sido uma decisão muito díficil para um país em desenvolvimento, que paralelamente precisa de formar quadros em áreas que respondam a necessidades mais básicas.
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