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Yacine Rosa é uma cantora e intérprete cabo-verdiana. Natural da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, começou a cantar por instinto, ao reproduzir as bandas sonoras dos desenhos animados que ouvia em casa. A música apareceu quase como brincadeira, mas rapidamente ganhou outro peso e hoje é o caminho que pretende seguir. Com raízes na música tradicional cabo-verdiana e uma voz aberta a novos ritmos, a artista tem vindo a construir um percurso firme no circuito local e já começa a dar passos em eventos internacionais, como a participação no Atlantic Music Expo (AME) 2025, na cidade da Praia.
Não esconde que a sua mãe foi, além de impulsionadora, uma das primeiras pessoas a reconhecer-lhe o talento e a dizer que cantava bem. O estímulo materno contratava, porém, com a opinião dos irmãos que, entre brincadeiras e ironias, diziam o oposto. Decidiu continuar a cantar e aos 14, quase 15 anos, entrou para o coro da igreja, local que viria a marcar um ponto de viragem. Foi lá que começou a ouvir incentivos mais “sérios” e fora da esfera familiar. “Tu cantas e deves seguir esse caminho”, ter-lhe-á sido dito por quem teve oportunidade de ver e ouvir de perto o seu talento.
Apesar do início tímido, tempos depois começaram a surgir os primeiros convites: uma gravação para o Carnaval da ilha, atuações em bares e restaurantes, e a participação no Festival de São Filipe. Paralelamente, chegou a integrar a Banda de Nenelo, grupo musical de São Jorge, Cabo Verde, que se formou com os irmãos Nenelo e outros membros. “Aconteceu tudo com alguma rapidez”, recorda, acrescentando que foi a partir daí que a música passou a ser vista como algo mais sério. Uma vez conseguida aprovação no circuito local, impunha-se a necessidade de expandir a outros horizontes.
Yacine vê-se sobretudo como intérprete, mas também compõe. Já lançou dois temas da sua autoria e explica que o critério que a guia é simples: se sentir uma ligação com o tema, a melodia ou o ritmo, avança. Esse gosto pela experimentação levou-a a explorar géneros como a kizomba, mantendo-se sempre ligada às raízes da música tradicional cabo-verdiana. “Para mim, basta eu gostar do tema, da melodia, do ritmo... já vou fazer.”
https://www.instagram.com/p/DIOxxo0sVp0/
O seu percurso recente tem sido também marcado por colaborações e atuações em formatos coletivos. Em março de 2025, participou no concerto “Firmino kantod na feminin”, realizado no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia. O evento, dedicado à obra do compositor Luís Firmino, juntou várias vozes femininas cabo-verdianas, entre elas Lúcia Cardoso, Nandy Lima e Zul Alves. A presença de Yacine nesse cartaz destacou-se como mais uma afirmação da sua versatilidade e da crescente visibilidade do seu trabalho.
Mas o grande objetivo continua a ser o mesmo desde o início: “O meu sonho mais alto é ser reconhecida, ser uma cantora sólida, conseguir viver da arte, da música, que é o meu maior sonho. Pisar palcos fora.”
A participação de Yacine no Atlantic Music Expo 2025, entre 7 e 10 de abril, foi possível graças à inscrição feita por um agente cultural que, como ela, está a dar os primeiros passos no meio. Quando recebeu o e-mail a confirmar a seleção, chamou-o de imediato: tinham trabalho pela frente. Para a artista, o AME representa muito mais do que um palco. É uma oportunidade para dar a conhecer o seu projeto a outras geografias, abrir portas e criar pontes: “sabia que era uma responsabilidade. Acho que todos nós, os artistas, estamos cá para conseguir mais trabalho, mais reconhecimento de pessoas que vieram de outros lugares e, sobretudo, conseguir sair e mostrar o nosso projeto, as nossas músicas fora de Cabo Verde.”
Com três singles lançados, disponíveis no YouTube, Yacine pretende lançar o seu primeiro EP ainda no decorrer deste ano. Entre as suas músicas mais conhecidas estão temas como “Gratidão”, lançado em 2021 e composto durante a pandemia, “Fidju dum deus menor”, em 2022, uma morna do compositor Dany Lobo. O tema mais recente, “Guida”, foi lançado em 2025, é da sua autoria e presta homenagem à força das mulheres. A produção ficou a cargo de Kim Alves, com produção executiva da New Gen Records.
A par do AME 2025, colaborações, novas composições e preparação do EP, Yacine participou também na 38.ª edição da Feira Internacional de Artesanato de Surajkund, na Índia, como parte de uma delegação de 13 artistas que representou Cabo Verde, reforçando a visibilidade e expansão do seu trabalho.
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