Durante algumas semanas destes dois últimos meses, Panmela Castro montou um ateliê numa pequena varanda de Lisboa, adornada de plantas e azulejaria portuguesa, onde recebeu uma constelação de pessoas, amigos, portugueses e imigrantes, recém-conhecidos e desconhecidos, para serem retratados neste seu processo denominado de “deriva afetiva”.

Na concepção de “Deriva Afetiva” de Panmela Castro, o acaso é sujeito de uma busca por pertencimento, de fazer parte da cidade, do local, e de conhecer a cultura. A estadia é guiada por encontros ao acaso, uns inesperados, outros que já estavam escritos, num processo de se permitir vaguear. Nesta série, a artista explora este movimento forasteiro, num território onde é conduzida pela sua própria rede de afetos, que desenvolve no processo de se deixar levar.
Destes encontros resultaram 16 obras, retratos dessa constelação de encontros, apresentados na exposição intitulada “Do Jardim, um Oceano”, com curadoria do brasileiro Igor Simões, na Galeria Francisco Fino, com inauguração marcada para o dia 27 de junho, às 22h.

“O título, batizado pelo curador da exposição, sugere o início desta jornada no ateliê-jardim e a dimensão dos retratos na grandiosidade de um mar. Igor Simões é o curador geral da exposição “Dos Brasis: Arte e pensamento negro”, a maior mostra de artistas negros a circular pelo Brasil nos próximos anos, que conta também com a participação de destaque de Panmela Castro. Apesar do caráter de celebração desses encontros, da empatia e do amor, a exposição possui também, um denso caráter político dos corpos decoloniais, apresentados no espaço expositivo e na sua relação com a sociedade portuguesa.”