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No seguimento da primeira edição realizada em 2023, o LACRE - Laboratório de Arte Cuír e Resistência regressa de 2 a 14 de setembro para uma segunda edição pelo Coletivo Afrontosas, entre o Espaço Alkantara e o Goethe-Institut Portugal.
Num formato tripartido, o LACRE 2024 consiste em dois workshops de mediação e reflexão: “Afro-Jazz”, a 5 de setembro, com David J. Amado, e“Aquilombamento e identidade - Dramaturgias e intervenções possíveis”, a 12 de Setembro, com Joyce Souza; duas residências artísticas entre 2 e 14 de setembro, de Luan Okun e Noé João, com tutoria de ROD, tony omolu e DIDI (Coletivo Afrontosas); e dois momentos de apresentação pública a 7 e 14 de setembro, resultado dessas residências.
Na recente história da arte queer, a participação de pessoas negras é quase inexistente. O LACRE - Laboratório de Arte Cuír e Resistência é um projeto inovador de resistência artística e política na medida em que procura destacar essa ausência através da promoção da arte feita por pessoas negras e queer a fim de debater esta questão e também criar uma espécie de pedagogia cartográfica que dê visibilidade a este tema em Portugal.
O LACRE busca, através das suas propostas, produzir uma nova epistemologia do conceito queer ao propor um fazer artístico que considere a urgência da manifestação deste tipo de arte e também a latente necessidade de garantir que a produção de artistas negros e queer se manifeste de modo equitativo no cenário português.
A palavra "cuír", utilizada neste projeto, é um neologismo de resistência. Invoca em si a vontade de autonomização das identidades negras queer na produção da sua própria agenda artística. Ao priorizar essas propostas, o projeto destaca-se pela sua relevância social e pela sua capacidade original de impactar positivamente a comunidade e o cenário artístico de maneira significativa. Desta forma, o projeto providencia cenários de restituição simbólica e física em relação às históricas disparidades sociais dentro do setor artístico.
O LACRE é um projeto transdisciplinar que junta artistas negros queer de variadas formações a trabalhar em Portugal na reflexão e produção artística sobre as dimensões críticas da arte. O LACRE possui uma componente fundamental para a melhoria da qualificação de profissionais e instituições ligadas à cultura e à arte acerca das relações entre negritude e identidades de gênero e tem como fundamento a promoção de uma maior diversidade étnica e cultural de artistas negros queer no tecido social português. É um projeto antirracista e interseccional na medida em que busca suplantar as consequências estruturais que contribuíram para aumentar as desigualdades sociais em termos de representação e oportunidades de trabalho para este grupo de pessoas.
Para sugerir eventos, envia-nos um email para redacao@bantumen.com
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