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“Entre Eu e Deus” revela o fundamentalismo islâmico em Moçambique

Nos últimos tempos, temos falado bastante do cinema moçambicano, que está em grande destaque nas nomeações ao Africa Movie Academy Awards. Desta vez, queremos falar de Entre Eu e Deus, um documentário que foi exibido na Alemanha, no Afrika Film Festival em Colónia, na Alemanha.

O documentário retrata a história de uma jovem moçambicana que optou por seguir o Islão e evoca o fundamentalismo religioso.

“Entre eu e Deus”, dirigido pela realizadora Yara Costa, mostra a trajetória de Karen, uma jovem moçambicana que se converteu ao islamismo fundamentalista na Ilha de Moçambique, um local onde essa vertente da religião era pouco comum, no norte do país.

Em entrevista à DW África, Yara explica que conhece Karen desde os seus cinco anos e que acompanhou a sua imersão na religião.

“Eu acompanhei um pouco o trajeto dela da infância e adolescência e vi essa mudança no que diz respeito à escolha de uma vida mais religiosa, a seguir alguns preceitos de uma versão da religião islâmica bastante conservadora e fundamentalista que não era comum naquela região”, explicou a realizadora.

Yara Costa
Yara Costa – Realizadora Moçambicana | DR

De acordo com o filme, o Islão chegou a Moçambique por volta do século VIII que, integrado na cultura macua, acabou por se tornar num “Islão com características africanas”. É nos tempos de hoje que a religião tem ganho um contorno fundamentalista e conquistado essencialmente a camada jovem da população.

“A primeira chegada desse Islão já vem da época colonial, mas a proliferação de mesquitas que pregam este novo Islão, eu diria que, nos últimos, talvez seis anos. Por exemplo, as mulheres começaram a vestir-se com burcas e hijabs não há mais de dez anos. Isso é uma coisa absolutamente nova, não existia isso”, avança a realizadora.

Yara Costa diz que resolveu tornar público o testemunho de Karen, devido ao visível crescimento do fundamentalismo religioso nos últimos anos em Moçambique.

“Nos últimos, talvez, cinco anos, observa-se uma tendência das pessoas religiosas, tanto islâmicas como cristãs, de um apego muito grande à religião e de a religião passar a ditar a forma de vida, como o que comer, como vestir, como andar, o que dizer. Essa escolha é visível e eu achei interessante discutir isso a partir de uma história pessoal e única que eu conhecia bem”.    

Além da Alemanha, a película já passou também pelo New York Africa Film Festival, em maio, e no dia 28 de outubro poderá ser visionado no Cinema São Jorge, em Lisboa, durante o festival DocLisboa.

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