Malone Mukwende, um estudante do segundo ano de medicina da Universidade St. George’s, em Londres, criou um manual para futuros médicos para ajudá-los a reconhecer as condições de uma pele mais escura, depois de aprender como diagnosticar problemas cutâneos apenas em pacientes caucasianos.
O livro Mind the Gap surge como apoio para que outros médicos passem a ter capacidade de reconhecer doenças, potencialmente, fatais em pessoas da BAME – Black, Asian, and Minority Ethnic. Com imagens lado a lado, servindo de comparação, o manual não só mostra a forma como as doenças aparecem em peles mais pigmentadas, como também elucida os médicos sobre a linguagem apropriada a usar com os pacientes.
Em entrevista ao British Medical Journal, Mukwende afirmou: “Ao chegar à faculdade de medicina, notei uma falta de ensino sobre a pele mais escura.” O estudante reforçou ainda que foi ensinado a diagnosticar, por exemplo erupções cutâneas, que sabia que não se manifestavam da mesma maneira na sua sua pele.
O manual, acrescentou Malone, “aborda muitas questões que foram ainda mais exacerbadas durante a pandemia Covid-19, com famílias a ser questionadas se os pacientes com sintomas de Covid estavam pálidos ou se os seus lábios tinham ficado azuis”. Para o estudante, este tipo de descrição não se aplica, nem é útil, no diagnóstico de pacientes negros, estando os seus cuidados de saúde “comprometidos desde o primeiro contacto”.
Para o futuro médico, “é essencial começarmos a educar os outros para que eles estejam cientes dessas diferenças e do poder da linguagem clínica que usamos atualmente”.
A Universidade de St. George não só apoiou o projeto de Mukwende, como destacou uma equipa de Académicos para ajudar o estudante na publicação do livro. Em declarações à imprensa, o porta-voz da Universidade afirmou que “esta era uma questão muito importante e uma parte essencial da descolonização do currículo”.
O manual de Malone Mukwende será lançado nos próximos meses, depois de mais de 186.000 pessoas terem assinado uma petição a pedir que as escolas médicas britânicas incluíssem a representação BAME nos ensaios clínicos.
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