Nos dias 5 e 6 de junho, em plena Semana do Meio Ambiente, uma iniciativa inédita transforma a Escola Municipal Maria de Fátima, em Chã de Cruz (Paudalho), num palco a céu aberto para integrar educação ambiental, arte circense e saberes tradicionais. A mostra “Meio Ambiente no Picadeiro” reunirá cerca de 1.000 estudantes da rede pública dos municípios de Paudalho, Camaragibe e Abreu e Lima, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, uma das mais relevantes unidades de conservação de uso sustentável de Pernambuco.

A ação, idealizada pela produtora cultural Camila Gatis e com direção pedagógica de Rodrigo Surucucu, propõe oficinas práticas e espetáculos que colocam a natureza e o território no centro da aprendizagem. Com incentivo do Programa Nacional Aldir Blanc Pernambuco e produção da Cabocla Produção, a proposta visa fomentar o pertencimento ambiental e cultural a partir de experiências imersivas na floresta.

A programação inclui oficinas de sabão ecológico, acrobacia aérea, malabares com materiais recicláveis e vivência agroecológica com cantigas de coco, unindo práticas sustentáveis a linguagens artísticas acessíveis. Também haverá tradução em Libras, assegurando a participação de pessoas com deficiência auditiva.

Entre os destaques está o espetáculo “O Encontro da Tempestade e a Guerra”, do Circo Experimental Negro, seguido por roda de conversa sobre estética negra, acessibilidade e educação antirracista. No segundo dia, o público assiste à Mostra de Circo APA Viva, com apresentações da Cia. Penduricalho, Família Malanarquista, Palhaço Gambiarra e encerramento musical do grupo Encanto D’Água, em um show de coco de roda.

A curadoria priorizou artistas que atuam na região, reforçando o elo entre comunidade, arte e território. “O Palhaço Gambiarra, por exemplo, foi aluno da escola Tito Pereira. É sobre mostrar que esses espaços também pertencem a eles. O projeto é todo sobre isso: novas perspectivas de futuro. E como diz Krenak, o futuro é ancestral”, afirma Camila Gatis.

Criada em 1987, a APA Aldeia-Beberibe cobre cerca de 31 mil hectares, abrangendo áreas de seis municípios e protegendo fragmentos de Mata Atlântica e importantes mananciais hídricos, como os afluentes da barragem de Botafogo. A pressão urbana e o desmatamento ameaçam a região, o que torna ações como esta essenciais para a formação de multiplicadores ambientais entre os mais jovens.