Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
O 10 de Junho é um Dia de Luta Contra o Racismo
Durante os anos do regime fascista de Salazar, o 10 de Junho era marcado como o "dia da raça", uma celebração que promovia uma ideologia de supremacia branca e colonialista. Posteriormente, em 1963, esse dia foi designado como o dia das Forças Armadas, no contexto da Guerra Colonial, assim perpetuando uma narrativa de glorificação da violência militar e da opressão colonial.
Com o 25 de Abril, uma revolução libertadora, emancipadora, que tem na sua génese a luta contra o fascismo e o colonialismo português, em África, cujo 50.º aniversário saudamos, a celebração do 10 de junho foi abolida. Mais tarde, já num contexto de recuperação capitalista, voltou a celebrar-se oficialmente como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Contudo, não esquecemos o lado sombrio e racista que essa data significa.
O dia 10 de Junho é um dia de luta contra o racismo, um dia para honrar a memória daqueles que foram vítimas da intolerância e da discriminação racial. Por isso, relembramos o trágico evento ocorrido neste dia, em 1995, quando o cidadão cabo-verdiano Alcindo Monteiro foi brutalmente assassinado por um grupo neonazi e racista no Bairro Alto, em Lisboa, num dia marcado por outras brutais agressões de cariz racista. Neste dia 10 de Junho, lembramos Alcindo Monteiro e exigimos justiça para todas as vítimas da violência racista em Portugal. Assim, como Alcindo, os nomes de Bruno Candé, Cláudia Simões, Musso, Elson Sanches “Kuku”, Nuno Manaças Rodrigues “Mc Snake”, Carlos Reis, Wilson Neto, Luís Giovani Rodrigues, Ihor Homeniuk, António Pereira (Xuati), Gurpreet Singh, Ademir Araújo Moreno, ou os seis da esquadra de Alfragide, ecoam como símbolos da luta contínua contra a violência racial em Portugal.
É fundamental combater o racismo numa perspetiva anticolonial e anticapitalista. Reconhecemos que o racismo não é um fenómeno isolado, mas está enraizado nas estruturas capitalistas e nas relações de poder, que são ainda herança do colonialismo, perpetuando a desigualdade, a exploração e a opressão. Exigimos justiça para todas as vítimas de racismo direto e indireto, e continuaremos a trabalhar no espírito de solidariedade para construir um mundo onde a dignidade e a igualdade sejam garantidas para todos.
É crucial destacar que muitas pessoas racializadas continuam a enfrentar violência direta e discriminação por parte de grupos racistas, especialmente o recente caso ocorrido na cidade do Porto - em que um grupo invadiu uma casa com vários imigrantes e agrediu-os brutalmente. Perante este inaceitável ataque, que se juntam os recentes assassinatos com motivações racistas contra o cidadão indiano Gurpreet Singh (em Setúbal, no mês de Novembro de 2023) e o cidadão caboverdiano Ademir Araújo Moreno (na ilha do Faial, nos Açores, em Março de 2024), exigimos JUSTIÇA e responsabilizamos as forças políticas reacionárias, os capitalistas que as financiam, os meios de comunicação social que as promovem, e que difundem discursos racistas e xenófobos que alimentam o ódio que se manifesta no nosso quotidiano, e da forma mais brutal nestes casos.
Como ficou demonstrado na manifestação popular dos 50 anos do 25 de Abril, há uma imensa maioria que se revê nos valores de Abril, que rejeita as ameaças à democracia e à liberdade vindas da extrema-direita, e que acredita que Abril tem futuro. Para afirmar Abril é preciso defender as suas conquistas, pelo direito a uma vida justa, contra os baixos salários, os ataques aos direitos dos trabalhadores, contra a degradação e a negação do acesso universal à habitação, à saúde, à educação, à cultura, e ao desporto - o ataque a estes direitos, afetando toda a população, tem particular impacto na vida das pessoas racializadas e imigrantes. Juntos, podemos construir um futuro onde a diversidade seja celebrada, a justiça seja alcançada e a dignidade humana, seja respeitada para todos/as, independente da sua origem étnica ou nacional. Juntos, lutamos contra o racismo, a xenofobia e o colonialismo. Lutamos pela Paz, pelo fim da guerra, pelo cessar fogo no Médio Oriente e por uma Palestina livre da ocupação por parte de Israel e do seu governo racista e segregacionista.
Esta é uma chamada à ação de todos e todas, para que levantem as suas vozes pela luta anti-racista e defendam os direitos daqueles que são marginalizados e oprimidos.
Assim, como tem acontecido nos últimos anos, apelamos a todas as organizações e colectivos que têm como objetivo alcançar uma sociedade igualitária que se juntem, no dia 10 de Junho, na Rua Garret, em Lisboa, para relembrar todas as vítimas do racismo em Portugal e lutar por um país sem discriminações.
Dia 10 de Junho! Dia de luta anti-racista!
Organizações promotoras:
Frente Anti-Racista
Associação Desportiva e Recreativa "O Relâmpago"
Conselho Português para a Paz e Cooperação
União de Sindicatos de Lisboa
Vida Justa
Subscritoras:
SOS Racismo
Cavaleiros de São Brás
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente - MPPM
União de Resistentes Antifascistas Portugueses - URAP
O Lado Negro da Força
Associação Moinho da Juventude
Baque do Tejo
Voz do Operário
Mirantense Futebol Clube
Associação Iúri Gagárin
Kilombo - Plataforma de Intervenção Anti-Racista
Associação das Coletividades do Concelho do Barreiro (ACCB)
Projecto Ruído
Casa do Brasil de Lisboa
Interjovem/CGTP-IN
Ritmos de Resistência LX - Sambacção
Colectivo MUMIA Abu-Jamal
Jangada d'Emoções
Renovar a Mouraria
Elo Colectivo
Núcleo de Estudantes de Sociologia FCSH NOVA
Grupo EducAR - Educação Antirracista.
Associação Conquistas da Revolução
Associação de Estudantes da FCSH
Colectivo Andorinha
Djass - Associação de Afrodescendentes
Movimento Democrático de Mulheres - MDM
Techari - Associação Nacional e Internacional Cigana
Associação de Estudantes da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
BOTA - Base Organizada da Toca das Artes
Projeto AGRRIN - Corpos geradores: da agressão à insurgência
SAMANE - Associação Saúde das Mães Negras e Racializadas em Portugal
AEFLUL - Associação de Estudantes da Faculdade de Letras
Largo Residências
Baque Mulher Lisboa
Para sugerir eventos, envia-nos um email para redacao@bantumen.com
Outros
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
© BANTUMEN 2024