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Portugal
10 de Junho de 2024
O 10 de Junho é um Dia de Luta Contra o Racismo
Relembrar todas as vítimas do racismo em Portugal e lutar por um país sem discriminações
Rua Garret, 19 | Lisboa
O 10 de Junho é um Dia de Luta Contra o Racismo

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O 10 de Junho é um Dia de Luta Contra o Racismo



Durante os anos do regime fascista de Salazar, o 10 de Junho era marcado como o "dia da raça", uma celebração que promovia uma ideologia de supremacia branca e colonialista. Posteriormente, em 1963, esse dia foi designado como o dia das Forças Armadas, no contexto da Guerra Colonial, assim perpetuando uma narrativa de glorificação da violência militar e da opressão colonial.


Com o 25 de Abril, uma revolução libertadora, emancipadora, que tem na sua génese a luta contra o fascismo e o colonialismo português, em África, cujo 50.º aniversário saudamos, a celebração do 10 de junho foi abolida. Mais tarde, já num contexto de recuperação capitalista, voltou a celebrar-se oficialmente como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Contudo, não esquecemos o lado sombrio e racista que essa data significa.


O dia 10 de Junho é um dia de luta contra o racismo, um dia para honrar a memória daqueles que foram vítimas da intolerância e da discriminação racial. Por isso, relembramos o trágico evento ocorrido neste dia, em 1995, quando o cidadão cabo-verdiano Alcindo Monteiro foi brutalmente assassinado por um grupo neonazi e racista no Bairro Alto, em Lisboa, num dia marcado por outras brutais agressões de cariz racista. Neste dia 10 de Junho, lembramos Alcindo Monteiro e exigimos justiça para todas as vítimas da violência racista em Portugal. Assim, como Alcindo, os nomes de Bruno Candé, Cláudia Simões, Musso, Elson Sanches “Kuku”, Nuno Manaças Rodrigues “Mc Snake”, Carlos Reis, Wilson Neto, Luís Giovani Rodrigues, Ihor Homeniuk, António Pereira (Xuati), Gurpreet Singh, Ademir Araújo Moreno, ou os seis da esquadra de Alfragide, ecoam como símbolos da luta contínua contra a violência racial em Portugal.


É fundamental combater o racismo numa perspetiva anticolonial e anticapitalista. Reconhecemos que o racismo não é um fenómeno isolado, mas está enraizado nas estruturas capitalistas e nas relações de poder, que são ainda herança do colonialismo, perpetuando a desigualdade, a exploração e a opressão. Exigimos justiça para todas as vítimas de racismo direto e indireto, e continuaremos a trabalhar no espírito de solidariedade para construir um mundo onde a dignidade e a igualdade sejam garantidas para todos.


É crucial destacar que muitas pessoas racializadas continuam a enfrentar violência direta e discriminação por parte de grupos racistas, especialmente o recente caso ocorrido na cidade do Porto - em que um grupo invadiu uma casa com vários imigrantes e agrediu-os brutalmente. Perante este inaceitável ataque, que se juntam os recentes assassinatos com motivações racistas contra o cidadão indiano Gurpreet Singh (em Setúbal, no mês de Novembro de 2023) e o cidadão caboverdiano Ademir Araújo Moreno (na ilha do Faial, nos Açores, em Março de 2024), exigimos JUSTIÇA e responsabilizamos as forças políticas reacionárias, os capitalistas que as financiam, os meios de comunicação social que as promovem, e que difundem discursos racistas e xenófobos que alimentam o ódio que se manifesta no nosso quotidiano, e da forma mais brutal nestes casos.
Como ficou demonstrado na manifestação popular dos 50 anos do 25 de Abril, há uma imensa maioria que se revê nos valores de Abril, que rejeita as ameaças à democracia e à liberdade vindas da extrema-direita, e que acredita que Abril tem futuro. Para afirmar Abril é preciso defender as suas conquistas, pelo direito a uma vida justa, contra os baixos salários, os ataques aos direitos dos trabalhadores, contra a degradação e a negação do acesso universal à habitação, à saúde, à educação, à cultura, e ao desporto - o ataque a estes direitos, afetando toda a população, tem particular impacto na vida das pessoas racializadas e imigrantes. Juntos, podemos construir um futuro onde a diversidade seja celebrada, a justiça seja alcançada e a dignidade humana, seja respeitada para todos/as, independente da sua origem étnica ou nacional. Juntos, lutamos contra o racismo, a xenofobia e o colonialismo. Lutamos pela Paz, pelo fim da guerra, pelo cessar fogo no Médio Oriente e por uma Palestina livre da ocupação por parte de Israel e do seu governo racista e segregacionista.


Esta é uma chamada à ação de todos e todas, para que levantem as suas vozes pela luta anti-racista e defendam os direitos daqueles que são marginalizados e oprimidos.

Assim, como tem acontecido nos últimos anos, apelamos a todas as organizações e colectivos que têm como objetivo alcançar uma sociedade igualitária que se juntem, no dia 10 de Junho, na Rua Garret, em Lisboa, para relembrar todas as vítimas do racismo em Portugal e lutar por um país sem discriminações.

Dia 10 de Junho! Dia de luta anti-racista!

Organizações promotoras:

  1. Frente Anti-Racista

  2. Associação Desportiva e Recreativa "O Relâmpago"

  3. Conselho Português para a Paz e Cooperação

  4. União de Sindicatos de Lisboa

  5. Vida Justa

Subscritoras:

  1. SOS Racismo

  2. Cavaleiros de São Brás

  3. Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente - MPPM

  4. União de Resistentes Antifascistas Portugueses - URAP

  5. O Lado Negro da Força

  6. Associação Moinho da Juventude

  7. Baque do Tejo

  8. Voz do Operário

  9. Mirantense Futebol Clube

  10. Associação Iúri Gagárin

  11. Kilombo - Plataforma de Intervenção Anti-Racista

  12. Associação das Coletividades do Concelho do Barreiro (ACCB)

  13. Projecto Ruído

  14. Casa do Brasil de Lisboa

  15. Interjovem/CGTP-IN

  16. Ritmos de Resistência LX - Sambacção

  17. Colectivo MUMIA Abu-Jamal

  18. Jangada d'Emoções

  19. Renovar a Mouraria

  20. Elo Colectivo

  21. Núcleo de Estudantes de Sociologia FCSH NOVA

  22. Grupo EducAR - Educação Antirracista.

  23. Associação Conquistas da Revolução

  24. Associação de Estudantes da FCSH

  25. Colectivo Andorinha

  26. Djass - Associação de Afrodescendentes

  27. Movimento Democrático de Mulheres - MDM

  28. Techari - Associação Nacional e Internacional Cigana

  29. Associação de Estudantes da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

  30. BOTA - Base Organizada da Toca das Artes

  31. Projeto AGRRIN - Corpos geradores: da agressão à insurgência

  32. SAMANE - Associação Saúde das Mães Negras e Racializadas em Portugal

  33. AEFLUL - Associação de Estudantes da Faculdade de Letras

  34.  Largo Residências

  35. Baque Mulher Lisboa



Para sugerir eventos, envia-nos um email para redacao@bantumen.com

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