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G Fema: “Ir ao Rock in Rio foi o reconhecimento de anos de trabalho”

G Fema
Fotografia : Lucas Own View / Tranquilow

G Fema, como é conhecida pelo mundo do rap, leva o G de guerreira e Fema de mulher em crioulo sampadjudo [falado em todas as ilhas cabo-verdianas excepto em Santiago e Fogo]. Nasceu em Lisboa e é filha de mãe santomense e pai cabo-verdiano. Vive em Chelas (Lisboa), onde iniciou-se no rap, cantando em crioulo de Cabo Verde. Nas suas letras fala de questões sociais e mantém uma relação estreita com os fãs, apoiando principalmente outras mulheres nas lutas diárias, sobretudo contra a violência – tema recorrentemente nas suas composições.

Descobriu-se na música a partir de 2004, durante um período traumático, e começou a desabafar no caderno. Desde que começou a cantar sempre teve o apoio da família e foi instruída pelo falecido primo Beto Di Guetu, uma referência no rap underground feito nas ruas de Chelas, falecido em 2017.

Este ano, a artista confirmou a sua posição no movimento ao pisar num dos festivais de maior renome internacional, Rock in Rio, a acontecer em Lisboa. Levou ao palco duas músicas do próximo EP, entre elas “Patroa”, dedicada à mãe. Na letra, explica a saída da progenitora de São Tomé, para procurar melhores condições de vida em Portugal. Essa decisão está também na origem das oportunidades que a filha hoje tem. Um dos seus maiores orgulhos é o reconhecimento que G Fema tem alcançado através da sua arte, depois de tantas lutas.

“Ir ao Rock in Rio foi o reconhecimento de anos e anos de trabalho”, explicou, depois de recordar que já chegou a cantar em palcos sem luz ou onde houve tiroteios. Hoje, a artista dá-se ao luxo de poder ter um rendimento da sua música, seja através da distribuição ou de concertos. Antes, não recebia qualquer valor pelo seu talento e várias vezes a mãe que dizia-lhe que “quem canta de graça é galo”. Hoje, tem uma equipa formada por amigas, que decidiram ajudar devido ao excesso de trabalho de G Fema.

O convite para subir ao palco Yorn do Rock in Rio surgiu através do projeto Chelas é o Sítio, liderada por Sam The Kid e com o apoio Nuno Varela. G Fema é uma das poucas mulheres negras envolvidas no projeto e revelou que os dias de preparação foram de “extrema ansiedade” e que o maior orgulho foi ver a mãe na plateia. A verdade é que, apesar do nervosismo, Fema apresentou-se em cena segura de si, “como se já tivesse pisado naquele palco antes”, disse-nos.

A ansiedade que sentiu não deriva apenas do facto de se apresentar num evento de renome, mas também por sentir que representa um grupo subrepresentado – mulheres negras no movimento hip hop e na sociedade em geral. Há ainda a acrescentar o facto de carregar consigo o crioulo de Cabo Verde em todas as suas conquistas. É a sua língua materna e cantar noutro idioma não teria a mesma naturalidade. Além de que, “acredito que as pessoas que não conhecem ou não sabem falar crioulo têm curiosidade em saber o significado das letras e de certa forma eleva a língua e cultura cabo-verdiana”, afirmou.

Este ano, o objetivo de G Fema é lançar um EP e os respetivos videoclipes, e nos planos está também a promoção desse projeto em diferentes países africanos, como Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Do pouco que ainda pode revelar, a artista disse que o EP conta com sete músicas produzidas pelo produtor norte-americano Rusty Santos/Sebastian. No segredo dos deuses está uma participação, numa música que “está pronta há sete ou oito anos”. vai ter uma participação ainda em segredo , porém a música já está pronta há sete ou oito anos. Da data de lançamento, a única coisa que sabemos é que deverá ser no próximo mês.

Entretanto, G Fema tem uma única certeza: enquanto sonha em atuar nos BET Awards, vai continuar a levar a comunidade negra de Portugal para outros palcos mundiais.

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