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“A Guiné-Bissau é uma mina de arte e cultura”, Hipólito Djata

Na Guiné-Bissau, um coletivo de profissionais de arte e cultura promoveu a primeira bienal artística de descoberta de novos talentos femininos em arte criativa, para promover a igualdade e o empoderamento feminino.

De acordo com a comissão organizadora do evento, representado pelo artista plástico Ismael Hipólito Djata, um dos objetivos principais deste concurso é empoderar e lutar contra o assédio sexual das mulheres através da arte. “É necessário que as mulheres comecem a ser encorajadas a desenvolver os talentos na área artística, permitir às meninas que se expressem por meio das suas criatividades e a viver da arte. Ajudá-las a serem independentes e lutar na prevenção do assédio e violência sexual. A Guiné-Bissau é uma mina de arte e cultura, mas é preciso valorização, apoiar a arte vai dar outra visibilidade para o país. Cultura é a nossa identidade”, diz-nos Ismael. 

“A nossa ideia é abrir caminho para os mais novos, principalmente para as meninas, porque, atualmente, no total temos 70 artistas plásticos no nosso país [cujos nomes são populares] mas só quatro são mulheres (Irley Barbosa Rivera, Edna Évora, Manuela Jardim e Helena Abrahamson). Não é bonito continuar assim porque tem muitas meninas e mulheres talentosas no país que às vezes precisam só de um empurrãozinho para andarem com seus próprios pés. Uma mulher com educação e formação torna-se capaz de exercer a sua profissão, empreender, ser autónoma, ter liberdade de expressão e, consequentemente, melhorar a sua condição de vida e da sua família”, destaca o artista.

A gala da primeira edição da Bienal Mindjer’Arte na Guiné-Bissau, aconteceu no dia 31 de março de 2023. O concurso contou com 14 concorrentes em cinco categorias, Pintura, Escultura, Desenho, Colagem, Instalação e Artesanato.

A artista plástica, Irley Barbosa Rivera, que também integra a organização explicou-nos como deram forma ao projeto. “Todos os sonhos precisam de ajuda para serem concretizados. Quando decidimos avançar com este projeto formamos uma comissão organizadora com pessoas super fantásticas que trabalharam incansavelmente para fazer acontecer o evento e realçar essa causa feminina”, disse Irley. “O que nós pretendemos no presente é ver mulheres emancipadas, participativas, mulheres formadas que podem dar seus contributos em qualquer área do saber e da prática. Com esse evento queremos fazer com que as pessoas percebam que investir na mulher é impulsionar a sociedade pois quando meninas têm uma certa orientação, formação ou educação conseguem transformar um país, ajudar a família e os filhos no futuro”, ressalta. 

Com três artes visuais apresentadas no Mindjer’Arte, a jovem arquiteta e artista plástica, Cálida Erinaide Baldé, saiu como vencedora do concurso da bienal. 

“Cada uma das minhas obras tem um significado e uma mensagem especial. Chamei o primeiro quadro de Rabida Mundo, querendo passar a mensagem de que nós mulheres devemos ser donas da nossa própria história, livres para tomar nossas decisões, ter reconhecimento e trabalho valorizado. O segundo é Atam Nhastch, que significa mulher valente, dediquei este trabalho a todas as mulheres da Câmara Municipal de Bissau, pessoas especiais que acordam muito cedo para higienizar a nossa capital e também expressa-se um convite à reciclagem”, disse Cálida. Mente Resiliente, o meu terceiro quadro que foi pintado no dia de concurso, passa-se a mensagem para nós jovens mulheres de que temos de ter personalidade forte e não deixar levar pela ilusão da vida ou por bens materiais, com foco, força e trabalho podemos conseguir chegar onde quisermos sem pisar ninguém”, explicou-nos. 

Estimular a capacidade criativa e produtiva de mulheres foi um dos objetivos da bienal de descoberta de novos talentos. Para a jovem Miram Zeferino, segunda classificada do concurso, participar do evento foi uma experiência positiva. “Aprendi coisas novas sobre arte e pintura, desenvolvi um pouco mais a minha criatividade e agora posso dizer que sei como usar as cores do jeito certo e também amadureci ao lado das meninas vendo a entrega e disponibilidade delas durante todo esse processo”, conta. 

Segundo a comissão organizadora, todas as participantes do concurso terão um acompanhamento especial durante seis meses, pelos profissionais de arte, e no final desse processo será realizada uma exposição.

Na terceira posição do concurso bienal 2023 ficou a jovem artista, Emiliana Victor, que disse: “Sinto bem e em paz quando pinto porque consigo extrair aquilo que grita dentro de mim para a tela através dos pincéis, o que muitas vezes não é visto a olhos nus, mas aos olhos da alma. É uma conexão entre arte e a vida”, afirma. 

Emiliana conta que participar deste evento foi uma oportunidade boa e enriquecedora, e ainda deixou palavras encorajadoras para outras mulheres: “O evento foi enriquecedor, único, porém muito desafiador, permitiu-me surpreender-me comigo mesma criando peças que nunca pensei que teria criado num curto espaço de tempo. Por isso digo, menina, não desiste dos teus sonhos, fortalece o teu dom e desperta a sociedade com algo precioso que vem de ti. É um trabalho árduo e às vezes parece que vai sangrar a alma, mas é possível. Tem determinação para agir e, se tropeçares, levanta e recomeça. Acredito que dentro de cada uma de nós existe uma fonte inesgotável de beleza, força e fé que, aliados à imaginação, fazem-nos alcançar nossos objetivos. Badjuda não deixes nada limitar-te, solta-te e desenvolve o teu talento”, remata Emiliana.

A comissão organizadora do evento artístico para promoção da mulher guineense foi composto por nove elementos, entre pessoal da Arte e Cultura e Comunicação Social: Ismael Hipólito Djata – Artista plástico, Irley Barbosa Rivera – Artista Plástica, Edna Neves Évora – Artista Plástica, Lemos Hipólito Djata – Artista Plástico, Aurora Fashion – Estilista/Artesã, Saibana Baldé – Gestor de Projetos, Telma Seidi (Tita Pipoca) – Digital Influencer e a jornalista Naina Lopes Tamba.

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