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Haiti: Ascensão e queda da primeira República negra do mundo

Revolta Haitiana

A história da Revolução de São Domingos, ou Revolução Haitiana, celebrada a 22 de agosto, representa ainda hoje um marco importante no que diz respeito à reviravolta perante os movimentos esclavagistas e segregacionistas que marcaram o período colonial. Foi uma das mais importantes revoltas do século XIX, que começou a abrir portas à independência de outras repúblicas latino-americanas.

Devido à sua posição geográfica o Haiti, antiga colónia francesa, foi durante muitos séculos um dos polos mercantis para o tráfico de escravos e produção de produtos primários. As Caraíbas, região do continente americano formada pelo Mar do Caribe, pelas suas ilhas e Estados insulares, e na qual o Haiti está inserido, eram à data consideradas o grande centro económico e produtivo do mundo, estando sob controlo dos espanhóis e franceses.

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Não é possível, contudo, falar da Revolução de São Domingos sem mencionar os factos históricos que contribuíram para a revolta do povo haitiano. A entrada espanhola e francesa em terras americanas ficou marcada por um massacre que resultou na extinção total de todas as comunidades originárias, o que desde cedo facilitou a integração do Haiti no Tráfico Atlântico de Escravos. Por outro lado, a implantação do sistema latifundiário monocultor na ilha fez com que a mesma fosse rapidamente ocupada por africanos e afrodescendentes, que desde início ficaram subjugados economicamente.

A população haitiana vivia, à época, perante um cenário de extrema violência. Os colonizadores, maioritariamente franceses, eram conhecidos pelo seu tratamento sádico, agressivo e abusivo contra os trabalhadores do campo. Essa violência fez ebulir, ainda durante o século XVIII, diversas rebeliões nas fazendas que estimularam a emergência da primeira grande revolta generalizada contra os franceses em 1791.

Vários historiadores contam que Dutty Boukman, sacerdote vodu, profetizou, ainda em 1791, a liderança de um libertador entre os escravos. Coincidência, ou não, a verdade é que a Revolução de São Domingos teve início nesse mesmo ano e, em poucos dias, mais de 100 mil escravos liderados por Toussaint Louverture, que viria a tornar-se uma das figuras mais importantes do país a nível histórico, tomaram a Província do Norte.

Iniciava-se então a Revolução de São Domingos, que ficou marcada pelo clima hóstil contra os donos de escravos. A história de violência repetia-se, mas desta vez os protagonistas trocavam de lugar. Dominados por um sentimento de vingança, os escravos fizeram com os colonizadores exatamente o que os mesmos haviam feito aquando da entrada na ilha: pilharam, torturam, mataram, mutilaram e violaram os seus senhores sem qualquer tipo de remorso. Apesar de já estarem armados, uma vez que a revolta era previsível, os colonizadores não tiveram qualquer hipótese de vitória perante Toussaint e os seus homens.



Em 1792, o sucesso da revolução, ainda em curso, criou um clima de alarme nos franceses que, desesperados, convocaram uma Assembleia Legislativa com o intuito de desacelerar a independência da ilha. Foi nesse sentido que foram concedidos direitos aos negros livres haitianos, ao mesmo tempo que eram enviados para o Haiti cerca de seis mil soldados para conter Toussaint e as suas tropas. No entanto, os haitianos não se renderam e, em 1794, foi abolida a escravidão nas colónias francesas.

A história acabaria por sofrer uma reviravolta após Napoleão ser assumido como Imperador francês. Esse período marca a retoma do controlo colonial de São Domingos por parte dos franceses e, consequentemente, o regresso da escravatura por ordem do Imperador ao General Charles LeClerc.

Nessa mesma altura o rosto da revolução inicial, Toussaint Louverture foi preso e mandado para sempre para França, onde acabou por morrer. Jean-Jacques Dessalines acabaria por assumir o comando da Revolução, conseguindo reverter o quadro de restauração da colónia. Ao derrotar as tropas francesas em 1803, abriu espaço para a declaração da independência da ilha no começo do ano seguinte (1804). O país declarou oficialmente o fim da escravatura o e foi batizado de Haiti, em homenagem aos indígenas exterminados com a ocupação europeia.

Se por um lado o Haiti é o único país da América Latina que conquistou independência com uma revolta nunca antes vista, uma vez que além de antiesclavagista foi também antisegregacionista, por outro o país foi submetido a sanções e artifícios bancários por parte da França, que exigiu uma série de reparações aos proprietários expropriados que se reverteram em dívidas gigantescas reembolsadas até aos dias de hoje. Em 1825, o país via-se obrigado a pagar aos franceses cerca de 90 milhões de francos como multa pela perda na guerra colonial.

Não obstante esse facto, o Haiti foi durante algum tempo isolado da comunidade internacional, não podendo estabelecer quaisquer trocas comerciais com outros países, o que se viria a refletir na economia. O país é hoje o mais pobre do continente americano, marcado pela instabilidade política e económica.

Ao longo da sua história o país sofreu 32 golpes de Estado. Atualmente estima-se que cerca de 80% da população viva abaixo da linha da pobreza e 54% em extrema pobreza. Três quartos da população vive com 2 dólares ou menos por dia.

 “São Domingos não existe mais e o Haiti ainda não existe”, é a frase utilizada por um historiador numa alusão aos desafios que o país ainda tem pela frente.

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