Jassira Andrade, de 23 anos, é o nome por detrás de obras de arte carregadas de criatividade, cor, inspiração e imaginação elevados a um nível de transcendente. Fomos conhecer melhor o trabalho da artista responsável pelas ilustrações das crónicas quinzenais da BANTUMEN.
As correntes artísticas do Surrealismo (corrente artística e literária que emergiu na cidade de Paris, no período histórico entre as duas grandes guerras mundiais, e que trouxe à tona artistas de vanguarda que romperam com tudo aquilo que se tinha visto até então) e da Pop Art (a escola estético-artística de 1950, que pretendia demonstrar através das suas obras a massificação da cultura popular capitalista e que sondava a estética das massas, enquanto procurava a definição do que seria a cultura pop), são a base inspiracional de Jassira que também consegue fazer essa ponte com a vertentente interventiva e ativista. Uma das suas artes é, por exemplo, o rosto de Bruno Candé, o ator assassinado a tiro em Lisboa, em 2020, e vítima de racismo.
“Comecei a desenvolver um estilo único, bastante colorido, mais inclinado para o Surrealismo e para a Pop Art. Gosto de brincar com as expressões faciais e com a deformação dos rostos que pinto. Tento sempre criar algo novo, algo que não existe”, explica-nos a artista.
Jassira tem sangue guineense mas nasceu na Europa, mais precisamente em terras lusas, Portugal, e é aqui que dá os seus primeiros passos no mundo do desenho. “Desde pequena sabia que era diferente das outras crianças, era muito criativa e original, estava sempre num cantinho a desenhar. A arte para mim representava liberdade e permitia-me ser eu mesma. Mais tarde percebi que artista era o que realmente queria ser pois tinha o talento e a motivação, por isso decidi estudar artes.”
Entretanto, emigrou para França e vive, atualmente, em Paris, cidade onde “tudo acontece” a nível artístico e cultural. “Vivendo em Paris já tive a oportunidade de estar em um “squat” de artistas, um prédio em que vários artistas de diferentes nacionalidades e estilos residem. Um sítio onde cada um pode expressar o seu talento. Paris é uma cidade de arte e cheia de oportunidades, por isso decidi vir para cá”, explicou-nos.
A artista carrega a influência das cores do seu país de berço, a Guiné, o surrealismo de Paris, a predileção pelos rostos, a vertente mais pop de Portugal e encontramos até qualquer coisa da expressão de Frida Khalo nos seus trabalhos.
Ser artista é alternar entre várias condicionantes, como o tempo que se leva a conseguir algum reconhecimento ao difícil investimento nos próprios artistas. E a essas dificuldades, em 2020, acrescenta-se o contexto de pandemia. Jassira teve de mudar de planos mas tem encontrado formas de se motivar e de não deixar cair a sua trajetória, pois os seus objetivos mantêm-se intactos.
“Em finais de 2020 eu tinha planeado duas exposições em Paris mas infelizmente, com a COVID-19, não foi possível. Neste momento estou dedicada a pintar mais quadros para que em breve possa promover mais e melhor o meu trabalho, para que um dia a minha arte seja reconhecida.”
Quando olhamos para os quadros de Jassira percebemos que apresenta trabalhos com diferentes técnicas e os materiais que usa também se destacam pela qualidade das suas obras e mérito lhe seja dado pelo percurso ousado e autodidata que denota. “Mesmo sendo formada em artes, aprendi a pintar e a desenhar sozinha. Tento desenhar quase todos os dias e aprendo sempre algo”.
E se pintar é uma necessidade, a ambição por trás dessa inevitabilidade é, provavelmente, a componente que vai levar Jassira a inscrever o seu nome nos mais importantes corredores da arte urbana contemporânea em português. “O meu maior sonho é fazer exposições em vários países para que a minha arte seja reconhecida”, sublinhou-nos.
Podes conhecer melhor o trabalho da artista através das suas redes sociais e, quinzenalmente, aqui na BANTUMEN, através dos artigos de opinião de Andreia Coimbra.