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“Os rappers moçambicanos são muito bons e, se tivessem mais exposição, o mundo saberia”, Jay Arghh

Jay Arghh | DR
Jay Arghh | DR

No meio moçambicano, Jay Arghh dispensa qualquer apresentação. Apesar de atualmente estar mais exposto enquanto rapper, na sua veia artística corre talento enquanto cantor, produtor e compositor. Aproveitámos o lançamento do seu último trabalho, Yasuke, para saber mais sobre o mesmo e sobre o artista.

Yasuke, cujo título é inspirado no primeiro samurai negro da história e que tinha origens moçambicanas, é um EP com oito faixas e que nos apresenta as colaborações de Carmen Chaquice, Mark Exodus, Hot Blaze, Hernâni, Stefania Leonel , Slick the Kid e Lay Lizzy.

O projeto é uma espécie de analogia em relação à grandiosidade do hip hop moçambicano e a sua falta de reconhecimento extra-muros. “Fi-la especialmente para esta época da pandemia e com colaboração de grandes artistas moçambicanos que tanto admiro”, explicou.

Na produção da obra vemos as assinaturas de vários produtores, como Beatmakers JrXo, Keybevtz, Lydasse GMT, SixO e Psycho.

Quisemos saber que música mais gostou de produzir e a surpresa não poderia ser maior. A faixa sete, “Diminuir” tem uma letra que poderá criar animosidade com o público feminino. Afinal, a música fala sobre como a mulher, de acordo com o artista e numa visão patriarcal, deve comportar-se e vestir-se quando está numa relação.

Jay explica do que nos fala “Diminuir”. “É uma música que retrata problemas de relações, em que o “damo” pede que a dama diminua certas atitudes, visto que é a primeira estar sempre nas baladas, a segunda parte é a maneira de vestir, e a terceira é a maneira de discutir.”

Sobre o seu percurso enquanto artista, Jay, cujo nome de registo é José Gil Chiquela Júnior, nasceu e cresceu no seio de uma família de músicos. O pai tocava baixo e os irmão mais velhos também faziam composições. Um deles, o Kiko, foi a sua maior inspiração ao fazer parte dos Elex, um grupo de sucesso no país. Aos oito anos entrou para a escola Nacional de Música. “Eu acho que a música é que me escolheu, porque desde que me tenho como gente que me recordo de estar em ambientes rodeado de música”, disse-nos.

O hip hop faz, indiscutivelmente, parte de si. “Amor, tenho certeza que é amor. Porque é duradouro. É também paixão até certo ponto porque está sempre quente, é perigoso, mas com certeza é amor mesmo e será algo que farei a vida inteira”. Contudo, o artista deixa-se também navegar por outros mares, como o do rnb, jazz, bossa nova, trapsoul, entre outros.

Na sua lista de influências atuais, Jay Arghh inscreve nomes como Eminem, Blaze, Kamane, Mark Exodus e Totó ST. Na sua playlist, o destaque é sobretudo para o hip hop moçambicano. “95% do que escuto é hip hop moçambicano. Tenho Allan, Case, Hernâni, Trovoada, Nicotina, De la Vega, Trapboys, TRKZ, Keybeatz, Hyuta Cezar, Konfuzo, Djimetta, Bangla10, HenzoxRibeiro, KIBA The Seven e muitos outros”.

De acordo com o artista, a qualidade da música feita na Pérola do Índico, sobretudo pela nova escola, é inquestionável. “Os rappers moçambicanos são muito bons no que fazem e, se tivessem mais exposição, o mundo saberia disso. Tem rappers com muita habilidade lírica. Tanto em flow, rimas, punchlines, intervenção social e musicalidade, principalmente os novos talentos.”

Nestes tempos de covid-19, a arte foi um dos setores duramente penalizado, considerando a paragem praticamente total de todos os eventos.  É muito frustrante, porque não podemos dar shows grandes, e não podemos viajar para atuar”, explica Jay. E o mais complicado é perceber uma certa “inactividade” governamental em relação à Cultura. “Sinto me esquecido na minha arte, porém acredito que eles estejam a trabalhar para enaltecer a génese da cultura moçambicana, que são os ritmos originários daqui. Daí que posso entender não haver suporte na minha área. Mas sinto que haja um trabalho a ser feito para que se melhore as condições dos artistas no geral. Paulatinamente, mas acredito que haverá mudanças.”

Quisemos também saber o que o rapper está a preparar para 2021 e parece que já há novo trabalho na calha. “Considero-me um artista versátil. Nunca sabes o que te espera numa música em que participo ou faço. E já para o próximo ano, vamos ter um álbum. Será algo muito íntimo”.

Para ouvir o novo EP de Jay Arghh, basta acederes às plataformas digitais de streaming, como o Spotify.

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