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Há 110 anos nasceu O Negro, uma voz ativa contra o colonialismo

Jornal O Negro
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Com o advento da Internet surgiram novos meios/formas de comunicar. A par da adaptação dos media mainstream ao digital, começaram a ganhar terreno novos formatos de informação ou contrainformação adaptados a certos nichos de mercado ou simplesmente com o intuito de trazer novas abordagens.

Mas desengane-se quem pensa que estes formatos são recentes. Ainda que em formato papel, eles já existiam em tempos remotos. Alguns acabaram por se extinguir, outros reiventaram-se. O jornal O Negro é disso exemplo. Assinalam-se 110 anos desde a primeira edição da publicação, o primeiro de um conjunto de 11 títulos de imprensa dirigidos por ativistas afrodescendentes a residir na outrora “metrópole” entre os anos 1911 e 1933.

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A publicação do jornal, que era também o órgão oficial da Associação dos Estudantes Negros, chega-nos agora reeditada pela Falas AfriKanas e representa uma geração de ativistas que se congregou em nome de valores como dignidade, igualdade e pela defesa da autonomia para os territórios ocupados por Portugal no Continente Africano. Não deixa de ser curioso o facto de a primeira publicação original ter ocorrido cinco meses após a proclamação da República: se por um lado o regime hasteou a bandeira da liberdade e igualdade, por outro veio também afirmar um nacionalismo colonialista que implicou o reforço da ocupação militar das colónias africanas e a submissão violenta das suas populações.

Ao longo de três números, O Negro foi uma voz ativa contra «iniquidades, opressões e tiranias», exigiu da 1ª República o fim da desigualdade racial, reivindicou uma África que fosse «propriedade social dos africanos» e não retalhada pelas nações e pessoas que a “conquistaram”, roubaram e escravizaram.

Trazer para o presente este jornal é ferramenta imprescindível para questionar o silenciamento da multissecular presença negra em solo português. É também homenagear e dar continuidade ao trabalho de Mário Pinto de Andrade que deixou pistas preciosas para que as gerações seguintes pudessem conhecer a resistência histórica de que são herdeiras. Como referem os organizadores desta edição comemorativa – Cristina Roldão, José Pereira e Pedro Varela –, reeditar O Negro 110 anos depois, não se resume à comemoração de uma efeméride, é o exercício do direito à memória enquanto instrumento de combate antirracista na atualidade.

Num momento em que a sociedade portuguesa e outras entram num intenso debate público, mas também disputa política, sobre o racismo, e em que os jovens são protagonistas de importantes movimentos sociais, a re-edição do jornal “O Negro: Orgão dos Estudantes Africanos”, 110 anos após o seu surgimento em Lisboa, dificilmente poderia ser mais oportuna.  

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