Depois de dois anos de preparação, já está disponível o EP da “soulsista” Kady. O Lumenara está em todas plataformas de streaming habituais.
Este projeto da artista transpira criolidade. A cantora foi ao fundo das suas raízes para mostrar ao mundo a sua identidade, como mulher e artista que pretende (também) manter as sonoridades de Cabo-Verde bem acesas.
A mensagem de Kady em Lumenara gira em torno do tempo, união, amor, ganhos e perdas, beleza, passando pela autovalorização e o orgulho de ser mulher africana.
Desde “Djuntu” até chegar ao single que dá título ao EP, “Lumenara”, ouve-se uma Kady a cantar em crioulo sobre uma base e elementos sonoros que fazem parte de estilos como o batuque, funaná, kizomba, alguns elementos do “gueto-tarraxa” [mistura entre Ghetto Zouk e Tarraxinha] e sub-géneros musicais que estão a dominar as colunas mundiais, como o trap.
A instrumentalização do EP é composta por alguns instrumentos acústicos – que são de principal importância na música cabo-verdiana, nomeadamente o cavaquinho, a gaita de botão [da família do acordeão], ferro, a guitarra e tantos outros – e alguns sintetizados. Ouve-se ainda alguns samples de Rap e R&B, propriamente o de “In Da Club”, de 50 Cent, e “Dilemma”, de Kelly Rowland e Nelly.
O EP conta com a participação de apenas duas vozes, a de Dino D’Santiago, que participou no single promocional em “Djuntu”, e Nayela, que levou um flow de kuduro na música que fala do cabelo da mulher africana, o “Nha Kabelu”.
A produção de Lumenara é dominada por nomes como Gerson Marta, Djodje Marta, Felino Ramos e o angolano Toty Sa’med. A composição das músicas contam com vários nomes como Ricky Man, Ellah Barbosa, Djodje, Toty Sa’med e Alberto Koenig.
Numa publicação no seu perfil oficial de Instagram, Kady explicou o que significa o EP, numa fase em que é marca o recomeço de uma nova etapa na sua carreira enquanto cantora.
“Lumenara [que significa fogueira] para mim representa a força que existe dentro de cada uma e cada um de nós, a chama que nos faz renascer e que nos dá coragem para viver os nossos sonhos mais profundos e verdadeiros. Este EP foi criado com muito amor, de todos os que fizeram parte do seu processo de criação, sinto-me muito abençoada e imensamente grata por ter tido a oportunidade de trabalhar com músicos e pessoas incríveis que admiro muito e que se entregaram de corpo e alma a este movimento que vem para enaltecer e empoderar a mulher negra africana, sempre homenageando o meu Cabo Verde”, escreveu.
Para promover o seu material que saiu com assinatura da Broda Music, Kady lançou os singles “Djuntu” com Dino e “Tempu“, que foi produzido por Gerson Marta, Toty Sa’Med e Djodje.
Bruno Dinis
Carrego a cultura kimbundu nas minhas veias. Angolanidade está presente a cada palavra proferida por mim. Sou apologista de que a conversa pode mudar o mundo pois a guerra surgiu também de uma. O conhecimento gera libertação e libertação gera paz mental, por tanto, não seja recluso da ignorância.