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Kizomba volta a reacender movimento na Califórnia

Kizomba | DR
Kizomba | DR

O movimento de kizomba no sul da Califórnia, de Los Angeles a San Diego, está a reacender-se após a pandemia de Covid-19, com o ressurgimento de aulas, eventos e festivais dedicados à música e dança originárias de Angola.

“Depois da pandemia, as pessoas estão ansiosas para regressar aos eventos”, disse à Lusa a professora de kizomba de fusão Lani Analia Manaseryan, à margem de uma aula em Los Angeles. “Agora, o interesse é incrível”.

Com aulas lotadas e eventos de socialização a seguir, o tipo de pessoas que procura aprender a dançar kizomba é diversificado. Chris Njunge, um professor queniano radicado em Los Angeles, está habituado a ver “uma grande variedade” de alunos nas suas aulas, que vão desde estudantes universitários e famílias a profissionais que trabalham o dia todo e à noite querem relaxar com a dança.

“A kizomba é para toda a gente”, afirmou Njunge. “Uma das coisas que aprecio, em especial vindo de África, é o foco na comunidade e o foco na história da kizomba”. A sua experiência é de que as pessoas querem sentir-se parte desta comunidade que dança kizomba, independentemente da sua história.

“Todos são bem-vindos. Quando dançamos kizomba, não são os passos nem quão complicados são os movimentos, é querer partilhar um momento com alguém e ouvir a música juntos”, descreveu o professor. “Mesmo que todos estejamos sentados a ouvir a música, toda a gente é bem-vinda”.

Foi isso que sentiu Christelle Salomon, uma norte-americana residente de Los Angeles que participou numa aula e planeia fazê-lo com frequência. “Adoro kizomba, revitaliza-me. Quando a danço, leva-me para um mundo diferente, esqueço-me das preocupações e aprecio apenas o movimento”, explicou à Lusa. “O que gosto na kizomba é que nos dá liberdade de nos expressarmos através do movimento, cantando a letra e apreciando”.

Apesar de não falar português, Salomon disse gostar de ouvir a língua cantada. “Ajuda na conexão, não estamos a prestar atenção ao que as palavras significam. Cantamos e deixamos que a música nos leve”.

Daisy, uma jovem de 21 anos que percorreu cerca de 100 quilómetros para estar presente na aula e social em Los Angeles, espelhou esse sentimento de conexão e o entusiasmo pelo regresso dos eventos. “É uma dança que nos conecta ao nosso parceiro, uma linguagem corporal que tem de se transmitir um ao outro”, descreveu. “A kizomba é a nova dança, é a nova salsa”, considerou.

Jay Moreh, que inicialmente tinha desistido de aprender a dançar kizomba, conseguiu fazê-lo e está agora empenhado em praticar. “Gosto da conexão, gosto da música, das pessoas”, afirmou, à margem da aula e evento social. “As raízes da música interessam-me. Ir a Angola seria ótimo, porque seria autêntico”, opinou.

“Veem a palavra kizomba e vão querer ir às aulas, participar nas festas da comunidade”

Um pouco mais ao sul, em San Diego, os eventos de kizomba também estão a regressar em força e a professora internacional Lúcia Nogueira, natural dos Açores, é uma das responsáveis por isso. “Aqui está novamente a crescer e temos eventos planeados em San Diego e em Tijuana”, referiu. “O plano será termos aulas e eventos regulares”.

Nesta região, muito próxima da fronteira com o México, Lúcia Nogueira explicou que a kizomba é dançada de uma forma mais relaxada e há um interesse forte por parte das comunidades de emigrantes. “Quem procura as aulas em primeiro lugar é quem tem algum tipo de afinidade com Angola, Cabo Verde, qualquer dos países PALOP”, indicou. “Veem a palavra kizomba e vão querer ir às aulas, participar nas festas da comunidade”.

O movimento também atrai outras comunidades africanas, que gostam não só da música e da dança, mas também do sentido de comunidade. “Principalmente emigrantes, não só de países africanos mas no geral. Sentem-se bem porque estão numa comunidade que é emigrante, são todos de algum sítio diferente”, explicitou Lúcia Nogueira.

Há muitos mexicanos interessados, exemplificou, por causa da música, da dança e do elemento de convívio associado, que é mais forte no movimento de kizomba que em danças como salsa e bachata. E aparecem sempre americanos com vontade de aprender.

Segundo Lúcia Nogueira, a kizomba é dançada de forma diferente de uma região para a outra, sendo mais frequente a fusão em Los Angeles, onde há mais atenção ao brilho das últimas tendências.

Ainda assim, a professora ressalvou que “a kizomba não tem uma estrutura definida, que seja fiel à origem”, o que abre portas a vários sabores. “Quanto mais se explica a kizomba no mundo da dança, mais longe se acaba dela”, indicou. “A kizomba verdadeira é muito de sentir, de fluir, ouvir a música, energia, pé no chão, e quanto mais se tenta explicar pior fica”.

Em Los Angeles, arranca a 5 de agosto o LA Summer Bachata Festival, que inclui uma grande porção dedicada à kizomba, e em San Diego haverá um fim de semana de kizomba a 7 e 8 de agosto. Em novembro, a cidade mexicana de Tijuana recebe o “The Kizomba Experience”, integrado no Tijuana SBKF.

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