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O “Ser” e a transculturalidade de L’Homme Statue, um espelho do futuro da Música do Mundo

Loïc Koutana
📷: BANTUMEN

Loïc Koutana é um artista multidisciplinar, conhecido no mundo musical como L’Homme Statue, que traduzido do francês significa O Homem Estátua. Conhecemo-lo durante a sua passagem por Portugal para apresentar-se no festival MIL Lisboa.

Com um físico imponente, de cerca de 1,90m de altura, Loïc é francês, com origens vincadas no Congo, Benin e Costa do Marfim, este último onde passou maior parte da sua infância e onde ganhou o amor por estátuas. Aos oito anos, a sua atenção mergulhava nas expressões corporais e sentimentais das esculturas que abundavam em casa da mãe, na Costa do Marfim. “Tinha os Pensadores, que não conseguia dizer se os corpos eram femininos ou masculinos, mas com expressões muito fortes. Então, quando estava a ver um nome artístico, pensei ‘adoro ser modelo, adoro estátuas então… Homem Estátua’. [O nome] veio naturalmente”, disse-nos.

L’Homme Statue passou a sua juventude na capital francesa, onde formou-se em Jornalismo e apaixonou-se pelo marido. Entretanto, em 2015, mudou-se para São Paulo, no Brasil, e por lá fez um mestrado e abraçou a carreira de modelo.

A diversidade cultural brasileira, com uma forte presença afrodescendente, permitiu ao modelo e artista olhar para a sua tez de uma forma que, até então, não tinha sido possível. A sua experiência em França ditava que devia renegar o tom da sua pele. Já no Brasil, essa liberdade de ser acabou por transmitir-lhe uma segurança que abriu também a porta para acolher plenamente a sua bissexualidade.

O Brasil, além de libertar a verdadeira essência de Loïc Koutana, deu-lhe a motivação para abraçar as suas valências na arte da performance primeiro, como dançarino, e atualmente com a responsabilidade acrescida de pegar no microfone e passar a sua própria mensagem.

Em novembro de 2021, lançou o seu álbum de estreia, SER, cantado em português, francês, inglês e espanhol. O projeto pode ser descrito como um Pop alternativo, com forte influência do Funk brasileiro e da música electrónica do sul do continente africano.

Apesar de ter uma carreira musical muito curta, a transculturalidade por trás do artista L’Homme Statue permite-lhe explorar toda a sua diversidade artística, que cruza pelo menos três países africanos, França e agora o Brasil e que cria aquilo que poderíamos chamar de “the new ecletic music“. A base dessa nova sonoridade é a mistura de diferentes estilos de música negra pós 1970, como a Dance Music e a House Music, e com mensagens de empoderamento, autoconfiança, autoexpressão, prazer e escapismo.

Base essa que está presente na música feita no continente africano desde sempre, através das composições de artistas como Fela Kuti da Nigéria, Sebem de Angola, Angélique Kidjo do Benin, Youssou N’Dour do Senegal, Miriam Makeba da África do Sul ou a banda do Kenya Sauti Sol. Estilos e formas de criar que têm influenciado à escala global contemporânea, artistas como a norte-americana Beyonce – como podemos ver e ouvir nos seus últimos álbuns Lemonade, The Lion King: The Gift e, mais recentemente, Renaissance.

Esta transculturalidade também se vê quando L’Homme Statue atua ao vivo, usando o seu corpo como ferramenta, seja pelas vestes que apresenta ou pelas coreografias que juntam estilos diferentes e que tanto apelam a uma sessão de ballet na Opera de Paris como a toqueS de Soukous usados numa festa de quintal em Kinshasa ou ao Passinho dos bailes de Funk Brasileiro.

Para conheceres melhor L’Homme Statue, que emana uma simpatia e boa disposição ímpares, faz play no vídeo da nossa conversa, que aconteceu durante os ensaios da sua atuação no Festival MIL.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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