Por diversas vezes já falámos aqui sobre o projeto Little Africa, uma plataforma em Paris que procura difundir a arte e cultura africanas presentes na capital francesa. Em 2015, encontrámo-nos com Jacqueline Ngo Mpii, uma empreendedora aguerrida, com praticamente dez anos de experiência no setor do turismo, movida pela paixão pelo setor e que, antes dos seus 30 anos, deu vida ao projeto.
Francesa de origem camaronesa, naquela altura, Jaqueline tinha acabado de criar a Agência Little Africa, com o objetivo de oferecer a turistas e locais tours personalizados por Paris, onde dava a conhecer galerias de arte, eventos, artistas e negócios de cunho africano pelas ruelas da cidade. Hoje, o projeto cresceu, tem dois livros turísticos lançados e uma concept store e espaço cultural no coração do bairro Goutte D’Or, onde a presença da diáspora africana fervilha.
Acabado de inaugurar, com uma exposição pop up até ao dia 30 de março, a Little Africa Village é aquilo a que Jacqueline chama de aldeia, numa analogia à essência comunitária tradicional africana, onde todos fazem parte de uma rede de apoio horizontal, ativa e responsável que potencia a prosperidade. Afinal, tal como diz o provérbio estampado numa das paredes do seu novo espaço, “é preciso uma aldeia inteira para cuidar e educar uma criança”.
Com a herança cultural africana no centro de todas as suas atividades, o Little Africa Village é um espaço multidisciplinar que reúne as diásporas africanas do mundo a partir de Paris. É um ponto de encontro, de cura, de escuta e criação, onde turistas, artistas, jornalistas, parceiros, moradores e curiosos “podem descobrir, contar, explicar, dar a conhecer, inventar e co-criar eventos e produtos”.
No fim de 2019, em franco crescimento, o projeto tinha acabado de lançar a segunda edição do seu livro e de fazer uma tour especial nos Estados Unidos, onde pôde conhecer melhor e agradecer o apoio e encorajamento da comunidade afro-americana. Depois de uma campanha de crowdfunding de sucesso, com mais 40 mil euros angariados, para finalmente tirar do papel o projeto Village. Contudo, se empreender não é fácil, imaginem em tempos de pandemia. No início de 2020, a incerteza bateu à porta e, entre deixar o negócio morrer e lutar pela sobrevivência, Jacqueline escolheu o mais difícil: continuar a lutar.
No vídeo abaixo, descobre o que aconteceu e como tem corrido o desenvolvimento deste projeto afrocentrado na capital do amor e da moda e que reúne uma das maiores e mais multiculturais comunidades africanas no mundo.
