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No seu 1.º livro solo, MV Bill revela histórias pessoais e os bastidores do rap brasileiro 

MV Bill
Crédito: Marcos Hermes

Um dos mais importantes MCs do rap no brasileiro, MV Bill decidiu compartilhar os detalhes de várias histórias que vivenciou ao longo dos seus mais de 30 anos de música. Nos 27 capítulos, distribuídos em 248 páginas, do livro “A Vida Me Ensinou a Caminhar”, o rapper da Cidade de Deus, comunidade do Rio de Janeiro, faz um paralelo entre a sua vida e o envolvimento com o Hip Hop nos anos de 1990.

Apesar de não ser ficcional e conter fatos pessoais, o rapper não considera que essa seja uma obra biográfica. É mais uma junção de momentos icônicos, alguns inéditos e outros nem tanto, que não foram abordados com a minúcia devida, principalmente as apresentações de Bill no Festival Free Jazz – nas edições do Rio de Janeiro e São Paulo, em 1999 – com uma arma na cintura ou da vez que quase perdeu a vida por causa de uma bobeira.

“Muitos conhecem essas histórias do que viram na tela, e aí no livro eu conto o que tinha por trás desses bastidores”, diz. “Acho que posso separar esse livro em três momentos. Um deles é pegar histórias em que eu não me dei tão bem, até aquelas que alguém tivesse receio de contar, quisesse de repente esconder, mas como foram situações em que eu aprendi muito, quis trazer pra dividir com as pessoas. Eu também quis muito dividir o que estava acontecendo na cena rap naquele momento, porque é muito diferente do que acontece hoje”.

Esse não é o primeiro trabalho literário de MV, porém, marca a estreia dele como autor solo. Os anteriores “Falcão: Meninos do Tráfico”, “Falcão: Meninas do Tráfico” e “Cabeça de Porco” foram escritos em parceria com o empresário Celso Athayde e (o último também com) Luiz Eduardo Soares. Para ele, o processo de desenvolvimento do projeto ao longo dos dois anos de pandemia foi enriquecedor, pois teve a oportunidade de rever as coisas que fez no passado e refletir sobre como faria agora no presente.

“Foi muito prazeroso revisitar cada história e ver o quanto elas me ensinaram. É um livro que eu não decidi contar só as glórias, por mais que algumas me levem a elas no final de cada capítulo. Preferi escolher aquelas em que eu não me dei tão bem, mas apesar disso tem algum tipo de aprendizado. Vai ser um incentivo para MCs que estão ainda na praça com dúvida se vai dar certo, se deve seguir esse caminho ou não. Vai ser como um combustível”. 

Para que todas as ideias sejam absorvidas, a linguagem foi pensada para que o leitor tenha facilidade na compreensão. O autor diz que o seu objetivo é também atingir um público que ainda não tem o hábito de ler (que é o caso da grande maioria dos brasileiros), mas pode começar a interessar-se a partir desses relatos. Por isso, preocupou-se com a forma em que se expressa. Não quis ser raso nem muito rebuscado.

“Ouvi muita gente dizendo que não lê, mas que ia ler meu livro. Então acredito que assim, como Falcão foi o primeiro da vida de leitura de muitas pessoas, também acredito que esse possa ser o primeiro de muitos outros livros que as pessoas podem acabar descobrindo o gosto pela leitura, seja pelo conteúdo, por ser a minha história e por ter alguns contos que são conhecidos das pessoas. Então, elas ficam curiosas pra saber”, ressalta. 

Por ser uma das grandes referências artísticas e sociais, as ações de MV Bill sempre chamam a atenção – algumas vezes mais, outras menos. O prestígio adquirido, principalmente por quem é da periferia, não fica restrito às fronteiras nacionais. Ele lembra que o rapper MCK  (Kappa) sempre tentou levá-lo para se apresentar em Angola e Moçambique, porque tem uma grande base de fãs nesses dois lugares, assim como em Portugal.

Talvez esse trabalho literário seja o “gatilho” que faltava para ele visitar os países  onde sua música é muito conhecida, porém, sem os pormenores que a fizeram chegar com toda essa potência. “É a minha história, meus apuros, a perseverança que tive que ter, as dificuldades das primeiras músicas e algumas situações em que tive que ter muita habilidade para não deixar transformar em outra coisa”. 

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

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