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“Venho de uma escola em que era fundamental passar um conteúdo mais rico”, Mag Na Track

MagNaTrack
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Mag Na Track é um rapper angolano natural de Luanda, apaixonado confesso pela cultura Hip Hop e que expressa a sua criatividade dentro do rap.

Ouvir Mag Na Track é como ouvir um serial killer de MCs. A sua caneta é “agressiva” e “certeira” e, de microfone em riste, raramente falha os seus alvos.

Com 31 anos, Venceslau Cristóvão, o seu nome de registo, começou a dar oficialmente os primeiros passos na música com a mixtape De Corpo e Alma, em 2014, mas foi com a música “Factos Reais (Você Decide)” que ganhou o reconhecimento do público.

De 2014 a 2018, Mag esteve afastado dos microfones por motivos pessoais, mas o seu regresso foi estrondoso. Os fãs “bateram pala” ao single “Kana Ku Kwata”, com a colaboração de Vennys e que fez parte do projeto DNA Bantu. A música chegou a ser destaque no programa digital 2Contra1, do Kano Kortado, evidenciando ainda mais o  potencial artístico do rapper que está sob a chancela da produtora Ritmosofia Entretenimento.

Atualmente, Mag prepara-se para o lançamento de mais uma mixtape, intitulada 18 Minutos de Exercício, onde constam os singles “Trajectória” e “Raiva”.

Mag Na Track é um artista cheio de surpresas e com um potencial promissor para o hip-hop lusófono. A BANTUMEN esteve à conversa com o artista para o podermos conhecer melhor.

Onde cresceste?

Cresci em Luanda e vivi na Maianga até aos meus 9 anos, com a minha mãe e duas irmãs e passava os fins de semana na casa da minha avó materna, no Cassequel. Depois de terminar o ensino primário, vivi no Prenda, com a minha mãe até por volta dos meus 15 anos. Daí em diante passei a viver com o meu pai na Marginal, depois com a minha avó, no Maculusso e atualmente estou no Nova Vida.

Fala-nos sobre como foram os teus primeiros passos no rap.

Já desde pequeno que gostava muito de ouvir música (ouvia de tudo desde que soasse harmonioso ao ouvido). Na altura, era o grupo SSP que batia nas rádios, então a minha paixão pelo rap começou com eles. A partir daí comecei a ouvir o Boss AC e entendi melhor o movimento Hip Hop, essa abordagem muito mais abrangente e sólida nas suas mensagens. O que gosto nesse universo é o processo criação e a forma como a música toca as pessoas. No meu caso, foi o rap porque é um estilo muito diversificado, devido à sua estética, em termos de composição e principalmente por representar ideais muito fortes em termos de movimento urbano e de consciência.

Quando e onde gravaste a primeira faixa e qual é a história por detrás?

A minha primeira música foi gravada em 2005 (se a memória não me falha). Na altura já escrevia umas letras e gostava de fazer freestyle. Numa das rodas de freestyle, conheci um MC que gostou do meu delivery [habilidades] e pediu para fazermos uma track juntos no seu home studio. Era “gato”, mas dava para amadores. Era uma bosta de som porque ainda não dominava nada (risos). Mas foi decisiva para a minha entrada a sério nos mics, um misto de prazer inexplicável.

O que te atraiu em particular dentro do hip hop?

Foi inicialmente a sua vertente musical, o rap. Depois, passei a compreender melhor a expressão da cultura. A atitude e a forma como se expressam os sentimentos, as emoções, a liberdade poética, mas os beats são mesmo já tipo… Wow. Foi o que mais me atraiu para o Hip Hop.

Com quem já tiveste a possibilidade de trabalhar?

Com o Kid MC. Na altura, ele estava a trabalhar no primeiro álbum e pediu a minha participação. Começámos a montar as ideias mas infelizmente não pude gravar a música porque foi na época do falecimento do meu pai. A considerar nomes importantes, em termos de pessoais, foi o meu tropa Jay Wimme, pois é um artista muito talentoso, tanto no rap como em outras vertentes, e por termos começado essa jornada juntos. Deu-me muita força.

Quais as tuas influências, a nível nacional e internacional?

Vamos lá ver algumas. Português: Boss AC por ser o primeiro rapper luso que eu senti tipo “esse gajo é mau”. Eu só ouvia AC quase. Depois, Valete. Epah é o Valete, não se explica muito, quem não sabe quem é o Valete? Bob da Rage Sense pelo seu flow, liricismo, e fez um dos álbuns que mais consumi, Bobinagem. De Moçambique, Azagaia pelo flow maluco, escrita muito elevada e tem co*hões para a revolução. Há ainda o Abdiel, Sandocan, NGA, Extremo Signo, MCK, entre outros.

Fora dos PALOP: D.M.X porque tem muita atitude no mic, muito street power; Busta Rhymes porque é “mau” de todas as formas possíveis; Eminem pela persistência e capacidade de atualização muito forte; Jay-Z pelo flow; Nas, esse é “deus”; M.O.P porque têm as skills mais pesadas que já ouvi em toda minha vida. Há ainda outros como: Common Sense, KRS-One, Ludacris, Rah Digga…

Qual era o teu estado de espírito quando criaste “Trajectória”?

Estava entusiasmado e expectante quando escrevi, até porque sempre fui adepto do boom bap e essa foi a primeira faixa que fiz num trap de forma mais profissional. O conteúdo foi escolhido exactamente por isso (por sair da zona de conforto que é o boom bap e voar no trap que é a sonoridade atual). Foi emocionante e prazeroso escrever esse som e principalmente colocar as rimas num beat que, à priori, me parecia complicado para dropar.

Nessa música deixas uma pergunta no ar, “Qual é a tua margem?”. Qual é a tua?

Eu diria que a minha margem está mais para o lado de fazer boa música e servir de exemplo em termos artísticos para outros. Se assim for, eu acredito que o kumbu virá como consequência do trabalho.

A minha margem está no “através da escrita meter os niggas em reciclagem, no sentido de os deixar preocupados com a necessidade de melhorar a sua música. A guita vem como consequência disto.

Como olhas para o rap feito em Angola, em especial o da nova geração?

Eu venho de uma escola em que era fundamental passar um conteúdo mais rico, com mais entrega no flow e liricismo. Infelizmente, tenho visto cada vez menos interesse da nova escola nesse aspecto. Mas, em contrapartida, noto que mais artistas têm surgido, a trabalhar permanentemente nas suas cenas. Há muito mais diversidade mas também pouca originalidade. Soam quase à mesma coisa, principalmente nos conteúdos e flows, mas na perspetiva de trabalho, creio que está melhor do que antes, e também há maior liberdade de expressão. Em suma, acho que está fixe, pois o rap é um dos estilos mais ouvidos e muito graças ao trabalho de novos talentos.

O que tens ouvido nos últimos tempos?

De Portugal, tenho ouvido desde sempre os trabalhos do Projota, Dealema, Terra Preta, T Rex, FS, Wet Bed Gang, Valete, Azagaia, entre outros. Na “banda”, tenho ouvido TRX, Mobbers, Kid MC, MCK, Paulelson, Eva e Dji Tafinha.

Neste momento, o que mais importa na tua carreira? E quais os próximos passos?

É diversificar a sonoridade, explorar ao máximo vários estilos para agregar maior qualidade na minha música. Alcançar o respeito dos ouvintes e ter maior aceitação no mercado sem ter de seguir tendências de forma forçada. Trabalhar para ter o mérito de poder subir nos palcos de destaque e fazer música com pessoas que admiro dentro do nosso mercado, dentro e fora do rap. Quero tornar-me uma influência para outros artistas e poder atrair pessoas para trabalhar na produtora da qual faço parte. Os próximos passos vão ser trabalhar mais no marketing, na imagem principalmente, e nas plataformas digitais, de forma a alcançar mais pessoas.

Podem esperar boa música, trabalhos profissionais e um Mag Na Track que se actualiza de acordo com as tendências actuais, sem perder a essência do bom rap, das skills, conteúdo e métrica.

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