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Na Serra Leoa há escolas para maridos para travar violência doméstica

Casal - Serra Leoa
Casal - Serra Leoa | @Random Institute

A violência doméstica é uma prática incutida no quotidiano de muitas mulheres na Serra Leoa. Para tentar travar a problemática, uma vila rural daquele país está a trabalhar para educar os homens sobre os perigos de agredir sexualmente as suas esposas e ajudar a torná-los companheiros exemplares.

Joseph Pidia é o homem responsável por oferecer esta formação voluntária, que tenta resolver um assunto ainda considerado tabu nas áreas rurais da Serra Leoa. No total, cerca de 50 homens se inscreveram para fazer parte do programa.

Com este programa, Pidia espera conseguir alterar a forma de pensar dos homens, em particular, e de uma geração, no geral, para que possam romper a cadeia de violência doméstica e violação sexual, que há anos atormenta a nação da África Ocidental.

Já há quatro anos que Joseph Pidia dirige as formações. O curso tem a duração de cerca de seis meses, com três sessões a cada mês.

Levantar a mão antes de falar é uma das regras estipuladas na escola de maridos, “se quiser falar, deve levantar a mão”. A disciplina é a regra vital para alcançar os objetivos desejados, mas esta é uma regra universal que se aplica em qualquer classe.

Joseph já presenciou os efeitos que o abuso sexual pode ter nas comunidades locais, o que lhe conferiu o conhecimento necessário para ser o pioneiro desta iniciativa.

“Na minha aldeia, uma mulher foi violada. Em vez de as pessoas a apoiarem, todas a acusaram dizendo ter sido por sua culpa”, disse o professor citado pela DW. “Ela teve que se mudar para outra comunidade, o que foi mau. Eu senti-me mal”, continuou.

Na primeira sessão, Joseph Pidia utiliza técnicas de encenação de papéis, onde os homens são convidados a calçar os sapatos das suas mulheres. Esta técnica obriga o homem a uma mudança de perspetiva. “Isso ajudará a impedir todos os erros que costumavam acontecer em casa”, disse Mohamed Lamin, chefe da aldeia e também participante da formação, à mesma publicação.

“Esta formação vai parar todos os erros do passado e vai trazer o desenvolvimento da minha família”, afirmou o chefe.

Durante a guerra civil da Serra Leoa, cerca de 200 mil mulheres foram vítimas de violência, isto entre 1999 e 2002.

Apesar dos números serem mais baixos de momento, o problema continua a atacar, com os parentes a estarem na primeira fila dos agressores.

Este assunto é de tal modo preocupante que em 2019 o Presidente Mada Bio declarou a violação sexual uma emergência nacional. Isto, depois de uma menina de cinco anos, ter sido foi violada e ter ficado paralítica.

Para ter a certeza que o seu legado continua, mesmo depois das suas aulas, Joseph Pidia visita regularmente os seus ex-alunos, para perceber se houve de facto uma mudança no comportamento dos maridos.

“Sempre briguei com a minha esposa. Espancava-a e a mandava de volta para os pais”, explica Karimu Lahai, o ex-aluno Karimu. “Desde que entrei para a formação, estamos a viver pacificamente e não há nada que farei para deixá-la infeliz novamente. Somos uma família feliz”, concluiu.

Joseph Pidia tenta passar a sua mensagem a locais de difícil acesso na Serra Leoa. O formador acredita que as pessoas que vivem nas áreas rurais são as que mais precisam de acesso à informação, considerando que são locais onde não há qualquer acesso a meios de comunicação, como rádios, jornais ou televisão.

Normalmente, a informação é passada de boca em boca pelas comunidades e Pidia tem esperança que através das formações, consiga transmitir a sua mensagem.

Atualmente, já existem mais de 40 escolas dedicadas aos maridos na Serra Leoa e a sua manutenção depende das doações oferecidas.

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