Marina Alyssa Correia é uma jovem de 23 anos, de origens cabo-verdianas e brasileiras, e que acaba de criar um rebuliço no mundo dos desportos radicais. Correia acaba de ser declarada campeã mundial de longboard dancing – uma combinação de passos de dança e figuras em cima de uma prancha maior que a de um skate clássico -, durante um evento em França, organizado pela France Telévisions, à margem da semana do desporto feminino.
Marina nasceu em Cabo Verde (mãe igualmente nascida no arquipélago e pai no Brasil) e aos 14 anos emigrou para França com os pais.
J’ai vu que beaucoup me demandent où est-ce qu’on trouve ma performance, donc je vous laisse regarder la vidéo.
— Championne Mondiale Longboard 🇨🇻🇧🇷 (@Marinask8_) January 12, 2021
C’est grâce à cette vidéo que j’ai gagné, 1 minute sans montage et sans aucune modification 😊
Mon Instagram: fenty_af pic.twitter.com/JF1Jk5umEB
Longboard dancing “diria que é uma mistura entre surf e skate, com o lado da dança”, explica . Na competição, vários critérios são levados em consideração como velocidade, execução, equilíbrio, fluidez, com um denominador comum, o prazer de rider.
Numa área muitas vezes associada à imagem do “rapaz branco com ares da Califórnia”, Marina quer aproveitar a sua popularidade para acabar com esses clichês.
Contudo, parece que nem sempre as coisas saem como pretendido. Depois da sua vitória, Marina fez um post no Twitter, para celebrar o facto de ser a primeira campeã negra da modalidade, e recebeu vários comentários condescendentes e racistas que denotam a sua cor negra “demasiado clara”. “Sou mestiça pelas minhas origens cabo-verdiana e brasileira, e sou negra, de pais negros, de família negra ”, sentiu-se obrigada a justificar depois de ver cair a onda de ódio.
“Explicaram-me que estava a ser criticada por estar a promover a minha identidade para me abrir caminho, o que é totalmente falso”, disse. “Quero lá saber da cor da pele, sexo ou qualquer outra coisa. Foi apenas uma mensagem de esperança para pessoas apaixonadas e especialmente para as mulheres que estão sub-representadas nesta disciplina”, afirmou a jovem.
Contudo, o blacklash serviu para os meios de comunicação, sobretudo franceses, interessarem-se pela história da jovem e da modalidade longboard dancing, que ainda tem pouca expressão.
Marina reforça ainda que, “não é uma modalidade criminosa praticada por jovens marginalizados que só estão á procura de de emoções fortes e de adrenalina. É um espaço de liberdade no qual se pode florescer”.
Marina Alyssa Correia é atualmente aluna universitária no curso de Letras, fala cinco línguas (francês, inglês, português, crioulo cabo-verdiano e espanhol) e pretende ter uma vida profissional para além da modalidade em que foi distinguida.
“Quero desenvolver parcerias com estruturas que trabalham com crianças em hospitais, refugiados e de forma mais geral, jovens. “Já tive a oportunidade de fazer isso com o MJC, em Nice. A ideia não é necessariamente dar-lhes aulas, mas sim conselhos, para que sejam colocados à prova ou mesmo que vejam como este desporto serve para trazer um pouco de alegria.”
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Maria Barbosa
Irrequieta, consciente e com muita sede de aprender!
Encontrei na liberdade criativa da BANTUMEN uma das minhas mais valiosas oportunidades de mudar o mundo.