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“Estamos a criar um monopólio que escolhe quem pode ou não ser consumido neste país”

Min1
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Min1 (leia-se “Mini”) é um rapper angolano que tem tudo para te surpreender enquanto artista. No dia 10 deste mês, a sua mixtape Neptune foi lançada e promete deliciar quem a ouvir.

É o seu primeiro projeto a solo, apesar de já estar na música há alguns anos. Além dos vários singles que vai disponibilizando nas plataformas digitais habituais, Min1 já trabalhou também com o seu grupo Números Team num EP lançado em 2017, One, e conta com trabalhos com rappers de renome, como Masta e Xpiraculo.

Neptune, lançada com o selo da label OSA+ e sob a alçada dos Números Team, é um toque de delicadeza masculina com uma sonoridade soul music embebida de gangsta rap.

Com 12 faixas, a mixtape é um projeto sólido e adulto, com vibes que te vão dar vontade de mexer o corpo.

Uma das faixas que mais chama a atenção neste trabalho é “A Carta / Nota Fúnebre”, que faz referência à morte de um adolescente, Rufino António, durante protestos contra a demolição da casa dos pais, em Luanda, em agosto de 2016.

Como foi o processo criativo de Neptune?

Min1: O processo criativo foi fluído. O que facilitou é que a produção executiva deu-me a liberdade de trabalhar sem a pressão de datas ou número de faixas a ter no projeto, coisa que deu asas à minha criatividade. Depois da criação, as músicas gravadas passaram por uma avaliação detalhada o que culminou na escolha das 12 faixas.

Ser produtor e intérprete é uma vantagem?

Sim, dá-me uma determinada vantagem porque o facto de ser beatmaker faz-me buscar vibes novas, diferentes do que já se faz no mercado. Sendo intérprete, ainda que for cante em beats produzidos por outras pessoas, darei o meu toque de originalidade tal como faço ao misturar as minhas músicas. Assim consigo ter sonoridade própria. Coisa que é difícil quando apenas cantas, tens pouca interferência sobre todo o processo envolvendo a tua própria música.

Como tem sido o feedback do pessoal sobre o projeto?

O feedback tem sido positivo na sua maioria. Simplificando o que mais gostei é que cada um dos ouvintes tem músicas favoritas diferentes, o que demonstra que o trabalho foi bem executado.

Preferes cantar em instrumentais teus ou de outros produtores?

É uma escolha difícil de fazer, porque tudo depende do que o beat me transmite. Apesar de neste LP ter apenas três Beats meus, não tenho uma preferência única.

Queres falar sobre o que está por trás da música “A Carta / Nota Fúnebre”?

A história da música foi baseada num facto verídico que repercutiu muito na media e nas redes sociais, que foi o caso do menino Rufino. Criei a história onde me punha no lugar do seu pai, em modo de crítica social. A carta é o desabafo de alguém que está no leito da morte, deixando a carta para ser eternizada através da música por um rapper – já que o Hip-Hop sempre foi usado para elevar a voz dos desfavorecidos. A nota fúnebre é uma conversa com Deus, depois da morte, onde se faz uma reflexão sobre a vida, a razão por trás dos pecados e também sobre a falta de humanidade em nome da religião.

Neste momento o que mais importa na tua carreira e quais os próximos passos?

O que mais importa para mim neste momento é a divulgação do meu trabalho de forma a que a mensagem da minha música chegue o mais longe possível. Quero pisar os palcos deste país fazendo o que mais gosto, que é cantar ao vivo. Em grupo estamos na fase de preparação de um novo projecto musical, acompanhado de vídeos e individualmente tenho um EP a ser preparado ainda para este ano e que também vai ter vídeos.

Como tens planeado a divulgação da tua música? O foco é Luanda ou também incluis as outras províncias?

Em algumas províncias, como a Huíla e Benguela, que já têm consumido a minha música, a recepção tem sido muito boa. O maior plano até agora é usar os blogues e sites de entretenimento para fazer chegar o Neptune a todo país. Não podemos esquecer a grande dificuldade que artistas independentes como eu encontram para fazer chegar a sua música às províncias, porque apenas as grandes editoras possuem este privilégio. O que demonstra que temos caminhado para o lado errado, já que ao invés de criarmos uma indústria musical acessível e lucrativa para todos, tem-se criado na verdade um monopólio que escolhe quem pode e não pode ser consumido nos quatro cantos do país.

Quais as tuas influências no rap?

Artistas Nacionais: CFK, o primeiro artista da new school a mostrar que era possível, Kalibrados pela diversidade sem diminuir a qualidade, Kid MC, o seu auge marcou o início da minha carreira e também por trazer o undeground aos ouvidos de todos, e NGA pela consistência, persistência e alma de um verdadeiro artista.

Quantos aos internacionais: Valete, o melhor rapper luso de todos os tempos, lírica impecável, sonoridade única, simplesmente indefinível; Drake pela sua capacidade de falar de assuntos pessoais e fazer as pessoas identificarem-se com a sua música; Kanye West porque revejo-me demasiado nele por ser um verdadeiro fazedor de arte, não só na música, ou design ou moda mas a arte como um todo, um verdadeiro génio. Tenho-o como grande fonte de inspiração. J Cole que é um rapper e produtor tal como eu, tem uma enorme criatividade e musicalidade nas suas obras discográficas e Jay Z por ser simplesmente o meu rapper favorito de todos os tempos).

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