A primeira ponte sobre a baía da capital moçambicana é a maior ponte suspensa de África. O viaduto faz a ligação entre Maputo e Katembe e é a mais cara obra pública de Moçambique depois da independência.
A ponte foi financiada e construída pela China, um empreendimento “chave na mão” que arrancou há quatro anos, com um valor base de 785 milhões de dólares, que Moçambique começa a pagar a partir de 2019 – e que incluiu a construção de 200 quilómetros de estradas, tais como a via circular à capital e a ligação à Ponta do Ouro, junto à fronteira com a África do Sul (com outras cinco pontes mais pequenas).
A ponte Maputo-Katembe tem um tabuleiro suspenso de 700 metros e duas rampas com pouco mais de um quilómetro cada, atravessando a baía a 60 metros de altura da água – suficiente para sob ela navegarem os cargueiros que passam pelo porto de Maputo.
A abertura ao trânsito significa uma das maiores mudanças de sempre na convivência entre as duas margens da baía, com a capital densamente povoada de um lado e a povoação da Katembe, dispersa e com poucas construções, do outro.
Quem quisesse passar de um lado para o outro (pouco mais de um quilómetro, numa travessia de barco que leva 10 minutos) tinha de recorrer a um “ferryboat’ degradado, suportando, por vezes, horas de filas de espera para dar entrada a uma viatura, ou viajar em pequenos barcos de passageiros.
As embarcações deverão continuar a ter clientela, porque para atravessar a nova ponte vai ser preciso pagar portagens.
A portagem da ponte Maputo-Katembe para a maioria dos veículos ligeiros (classe 1) vai custar 160 meticais (2,30 euros), valor significativo para o bolso da maioria dos moçambicanos, mas os furgões de transporte coletivo (chamados “chapas’), autocarros e tratores vão ter um desconto de 75% e pagar 40 meticais (cerca de 60 cêntimos de euro).
A ligação da capital à zona turística da Ponta do Ouro e respetiva fronteira com a África do Sul, a cerca de 100 quilómetros de Maputo, vai ser encurtada e passar a contar com uma via asfaltada.
A viagem deverá passar a demorar menos duas horas – cerca de metade do tempo necessário até agora, contornando a baía.