Mariama Barbosa, 47 anos, estrela do canal televisivo português SIC e por vários anos rosto da Moda Lisboa, morreu esta sexta-feira, 29 de julho, vítima de cancro no estômago.

A Showpress, agência para a qual Mariama também trabalhava, confirmou o falecimento da comentadora do programa ‘Passadeira Vermelha’.

Eleita no ano passado uma das 100 Personalidades Negras Mais Influentes da Lusofonia, Mariama, além de ser reconhecida pelas suas competências profissionais no mundo da moda, era popular por esbanjar alegria onde quer que fosse. Da sua forma única de estar à frente e atrás das câmeras, eternizou expressões famosas entre os portugueses, como “paupaupau”, “chupalimôs” e “feché”.

Diagnosticada com um cancro do estômago maligno, no início deste ano, Mariama não deixou de partilhar alguns momentos da sua vida através das redes sociais, sempre de sorriso rasgado e a professar a gratidão que sentia. Num dos últimos posts, que inclui uma fotografia com o filho, de 11 anos, escreveu: “A melhor parte do meu dia. Um dia de cada vez com amor. Pois é só o amor que interessa e mais não digo… Beijos a Todos… Saudades vossas!”

Mariama Barbosa nasceu na Guiné-Bissau e mudou-se para Portugal com cinco anos. Atualmente, como apresentadora de televisão, esteve ao leme do programa “Tesouras e Tesouros”, na SIC Caras.

O percurso que a levou a ser uma das trendsetters mais influentes de Portugal começou como assistente do estilista Dino Alves, foi depois aderecista e um dos principais rostos da ModaLisboa e, nos bastidores, aconselhou várias figuras públicas em relação à sua imagem.

Entre outros projetos, foi também relações públicas da Agência Showpress, escreveu o livro Só é Feio Quem Quer – título inspirado numa das frases que mais repetia.”

O orgulho de ser guineense

O interesse pelo mundo da moda surgiu, sobretudo, por influência da mãe, que era para si uma referência de elegância.

Numa entrevista à BANTUMEN, em 2020, Mariama revelava a necessidade de espelhar as suas origens guineenses em tudo o que fazia. “Vim da Guiné muito pequenina. A realidade portuguesa é a minha realidade, é onde vivo, onde tive o meu filho, onde faço tudo, onde trabalho, aliás, onde conquistei tudo o que tenho hoje mas nunca esquecendo as minhas bases. Aliás, quase todos os dias falo com alguém da minha família na Guiné. Fisicamente já há muitos anos que não vou lá mas, realmente, existe uma dualidade muito presente, muito natural e diária e faz de conta que estou em África. Naturalmente que me faltam algumas coisas, como por exemplo, a liberdade da terra, os cheiros, as visitas inesperadas mas, sempre bem-vindas”, disse na altura.

Entretanto, em outubro de 2021, Mariama voltou à sua terra natal e foi distinguida como embaixadora do Turismo e Artesanato da Guiné-Bissau, à margem do plano de desenvolvimento da economia do país, nomeadamente do comércio local e das atividades turísticas.

Daniel Oliveira, o diretor de programas da SIC, comentou a morte de Mariama nas redes sociais: “Querida Mariama, tesouro de alegria! Obrigado pelo teu entusiamo, força vulcânica de viver e por nos ensinares como ser #paupaulau e a não ser #chupalimos. Hoje penso no teu Zé Maria e em todos os teus e desejo que neles permaneça o teu amor, sorriso e exemplo. Espero que tenhas tido uma vida #feché com muito amor, carinho, saúde e para a qual tenhamos, os que gostamos de ti, contribuído com momentos felizes. Só faltou a cachupada… Não te esqueceremos”.

Júlia Pinheiro, uma das caras principais do canal português, também partilhou a tristeza ao ter conhecimento da morte de Mariama: “Choro a partida de Mariama . Raramente conheci alguém tão verdadeiramente luminoso e alegre . Estou tão triste que não sei como vou assumir a antena esta tarde, no plateau onde a vi pela última vez. Um longo beijo de amor ao Zé Maria, um filho tão amado e toda a família e amigos desta mulher notável”, escreveu a apresentadora de Paço de Arcos.