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Mr Cohen, o primeiro tatuador africano premiado em Portugal

Para não dizerem que fazemos conteúdos só de música desta vez trazemos um conteúdo diferente que com certeza vai surpreender-te. Fomos até à Black Pearl Tattoo, na Bela Vista, Lisboa, para falar com o Mr. Cohen, um tatuador de excelência entre os quatro residentes da loja, gerida por Ricardo.

Nascido em Angola, Cohen viajou em 1996 para Portugal e desde então não regressou mais à sua terra natal. Na sua vida o hip hop e as tatuagens sempre estiveram muito presentes, o que o levou a trabalhar muito a sua imagem de acordo com o lifestyle que leva.

O tatuador tem a vida e conforto pelos quais sempre lutou, mas o mundo das tatuagens nem sempre foi a primeira opção. O seu trabalho só não é de sol a sol porque o centro comercial da Bela Vista, onde tem a loja, fecha às 22h. Cohen confessou à BANTUMEN que está a viver um sonho. Quando era mais novo largou a escola para fazer tatuagens de forma a conseguir pagar as contas e estudar para ser um designer. Ligado ao ramo há dez anos, admitiu que no início quando fazia tudo em casa era mais complicado.

“Comecei este percurso em 2007. No início foi doloroso, ter que tatuar em casa em condições horríveis. Fiz muito amigos e muitos clientes mas a pior coisa que fiz foi ir a casa das outras pessoas tatuar. Tive boas experiências e poucas más, mas as más foram mesmo péssimas.”

Através do ensino privado conseguiu tirar o curso de designer e colocou as tatuagens de lado por três anos. Apesar das coisas estarem a correrem bem nessa área, surgiu a oportunidade de acabar uma tatuagem que tinha sido o próprio a começar. O tatuador aceitou e a partir dai foi uma bola de neve. “Tinha um grande amigo meu que me disse que tínhamos combinado que seria eu a terminar aquela tatuagem que eu tinha começado. Peguei fui comprar o material todo, porque não tinha nada. Tudo para uma tatuagem. Quando terminei disse-me que afinal a irmã também queria uma tatuagem, depois quis o amigo e assim sucessivamente.”

Do nada, sem divulgação nenhuma os trabalhos que tinha por terminar apareceram todos, parecia obra do destino. Mas a quantidade de trabalhos na empresa como designer, em regime de freelancer, e como tatuador sobrecarregavam-no tanto que acabou por ter um esgotamento nervoso.

“Era muita pressão, eram muitos trabalhos. Tinha os trabalhos da empresa, tinha as tatuagens tinha os trabalhos como freelancer. A empresa nem se preocupava muito, além de que não lhes fazia concorrência directa. Estava no hustle e eles percebiam.”

Depois do incidente, Cohen teve de optar por uma das carreiras para bem da sua saúde e do seu futuro. A escolha parece-nos óbvia. O tatuador, de 27 anos, que nasceu em Luanda, conta no currículo com o 9.º ano de escolaridade obrigatória e um curso de design, mas tudo o que aprendeu até agora foi por ser um auto-didacta.

A maioria do tempo, quando não está em estúdio a trabalhar, está a ler livros, a ver vídeos para melhorar algum aspecto do seu trabalho ou outra coisa qualquer que venha a ser uma mais valia para o seu futuro profissional.

Esta predisposição e independência pessoal e profissional tem ao longo dos anos dado frutos. Depois de ter dado os primeiros passos num estúdio no Montijo, que lhe abriu as portas, mesmo tendo um portfolio fraco, estabilizou na Black Pearl Tattoo, na Bela Vista.  Neste estúdio colecciona histórias e mais histórias para contar, algumas delas com personalidades conhecidas como o futebolista Carlos Mané, o guarda-redes Bruno Varela, os músicos Diogo Piçarra e Agir e o produtor Jeff Seibenick.

https://www.instagram.com/p/BOVevYlATD8/?taken-by=mr_cohen_tattoo

Ao falar sobre tatuar personalidades mais reconhecidas, Cohen acrescentou que existiram muitas mais mas não se lembra de algumas. Não o faz de propósito, mas quando está a trabalhar os clientes são todos iguais e merecem todos o melhor tratamento possível.

Actualmente, é o único africano tatuador profissional reconhecido em Portugal, com prémios e convidado para exposições. Está numa liga só dele como fez questão de frisar. Mesmo assim, consegue ter a humildade de passar o trabalho para outro tatuador se reconhecer que o melhor trabalho sairá das mãos de outro profissional.

“Eu sempre quis ser respeitado e reconhecido num ramo que amo e respeito, hoje em dia é isso que acontece. Mas quero sempre mais e como objectivo de vida gostava muito de ter o meu estúdio e fazer guestspots. Ou seja, viajar durante duas ou três semanas e parar em diversos estúdios para aprender e conhecer mais noutros países.”

Faz play na entrevista à BANTUMEN e descobre mais sobre profissional que figura entre os melhores tatuadores em Portugal.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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