É uma decisão simbólica. A partir de janeiro de 2020, a Nigéria concederá automaticamente um visto a todos os africanos que desejarem visitar o país.
“Tomámos a decisão estratégica de derrubar as barreiras que impediam a livre circulação do nosso povo no continente, introduzindo a emissão de vistos de ponto de entrada na Nigéria para todas as pessoas portadoras de passaporte africano em todo o continente, a partir de janeiro de 2020”. O anúncio foi feito pelo presidente Muhammadu Buhari, nesta quarta-feira no Fórum de Aswan “Pela paz e desenvolvimento sustentável em África”, realizado no Egito.
As notícias são importantes quando conhecemos a burocracia que coloca a entrada na Nigéria para cidadãos africanos fora da zona da CEDEAO. Aqueles que pertencem a esse espaço (ou seja, 350 milhões de pessoas) já podem, em princípio, ir para a Nigéria sem visto. Atualmente, outros visitantes de muitos países africanos devem solicitar vistos no seu país de origem e que serão emitidos na chegada.
Porém, por mais surpreendente que pareça, a medida foi anunciada aquando do fecho contínuo das fronteiras terrestres da Nigéria com todos os seus países vizinhos, o que tem afetado o comércio e a livre circulação de pessoas na Comunidade Económica dos Estados da Nigéria. Nos países da CEDEAO, o presidente Buhari é regularmente chamado de “protecionista”. Contudo, o chefe de Estado garante que a medida foi tomada para conter o contrabando de produtos como gasolina e arroz.
Muitos cidadãos continuam cépticos quanto ao anúncio, enquanto o site do serviço de imigração nigeriano já indica que os vistos podem ser obtidos localmente pelos visitantes africanos.
Parece que a informação não foi bem divulgada, enquanto a redução das restrições de viagem para africanos no continente é um objetivo político da União Africana. Em 2019, os africanos não precisavam de visto para viajar para um quarto de outros países africanos, comparado a 20% em 2016, de acordo com o índice de abertura de vistos para África. Atualmente, a Nigéria ocupa a 30ª posição no Índice Africano de Abertura de Vistos.