Ne Jah, rapper crioulo, cuja presença artística vimos esfumar-se desde que se mudou para França, está de volta com “Ne Di Jah”, o novo single que marca a promoção do seu próximo projeto.
A música já está disponível em todas as plataformas digitais e o respetivo videoclipe no YouTube.
“Ne Di Jah” sucede à faixa “Panami”, que surgiu após o single “No Love” atingir a marca de 100 mil visualizações em apenas um mês. Este é um grito de mudança do artista, que agora está numa nova fase da sua carreira. Ne Jah está de volta, apesar de nunca se ter ausentado dos estúdios. A mudança para França trouxe-lhe maior estabilidade, a nível pessoal, o que acabou por proporcionar-lhe a oportunidade de se focar nos próximos passos.
Com o selo da Wat Agency, “Ne Di Jah” estabelece um novo arranque, focado no crescimento e evolução da arte de Ne Jah.
A música foi gravada no conceituado estúdio francês MGS Production, pelo engenheiro de som Floow On The Track (também encarregue da mistura e masterização), conhecido por trabalhar com campeões gauleses, como Vegedream, Ninho, Niska, entre outros. O instrumental é de Eclipx. Quanto ao videoclipe, foi todo captado em França pela Dangerous Films.
Na sequência deste lançamento, fizemos algumas questões ao artista, para percebermos melhor esta sua nova fase e os seus próximos passos, que incluem, muito provavelmente, alguns sons em francês.
Ne, achas que, atualmente, o rap crioulo perdeu espaço em Portugal ou está a ficar de tal forma enraizado por terras lusas que já não o podemos diferenciar do rap tuga?
Está cada vez mais enraizado em Portugal mas existe uma enorme diferença em relação ao rap tuga. Falo de oportunidades, divulgação, visibilidade, shows, etc. Em termos de dimensão, acredito estarmos muito mais perto mas não são dadas as mesmas chances/oportunidade a nós, os criolos.
A tua mudança para França tem contribuído ou prejudicado o crescimento do teu trabalho e do teu nome?
Contribuiu para as duas coisas na realidade. Afetou-me na altura da mudança, por não estar tão presente como artista, e também porque tive de me adaptar. O que exige tempo.
Por outro lado, contribuiu para o meu crescimento, no sentido que trabalhei mais na minha vida pessoal, o que me preparou para que no meu “regresso”, (nunca afastei-me) eu, pessoalmente, estivesse mais estável, não só profissionalmente, na minha carreira, mas como pessoa também.
Depois de uma ausência de quase três anos, 2022 apresentou um Ne Jah com lançamentos recorrentes e com continuidade este ano. O que mudou?
Tornei-me num homem mais maduro, consciente do que quero daqui para frente. Tenho trabalhado para que cada passo fortaleça mais o processo. Amigos, que já cá estavam em Franca e que conheciam o meu trabalho, deram-me força para continuar. Foi-me dada, depois desses três anos, a oportunidade de voltar aos estúdios e trabalhar com uma qualidade que nunca tive, com músicos e beatmakers diferentes.
Além disso, desde dezembro de 2022 para cá estou a ser agenciado.
Os teus últimos três singles acumulam mais de 300 mil visualizações e tens mais de cinco mil ouvintes no Spotify. Qual é a estratégia para voltares a ter os números de há 7 ou 8 anos?
O objetivo e visão da equipa sempre foi adaptarmo-nos aos dias de hoje. Quando comecei, bastava pôr o som na net e o público fazia o resto (risos). Hoje em dia não. Tudo conta: imagem, marketing, plataformas digitais, assessoria, etc.
Então, tive de adaptar-me a tudo isso, sem perder a essência do Ne. No fundo, foi ajustar os pontos necessários e torná-los ainda melhor.
Os teus 32 anos, completados agora a 29 de março, fizeram-te mudar alguma coisa na tua trajetória artística?
Claro que sim. Hoje estou certo daquilo que quero! Quando comecei ainda não tinha a metade da minha idade, não havia um propósito.
Que Ne Jah vamos ter daqui para frente?
Um Ne Jah sem medos, sem rótulos e eficaz!
Este novo single com o teu nome, além de uma prenda para nós, fãs da tua música, é o anúncio de um LP ou EP?
Por enquanto é mais um single mas posso dizer que estamos quase no término do projeto em que esta música estará inserida. E daí, quem sabe, seguir com um novo álbum.
França é o segundo país do mundo que mais consome hip-hop, depois dos Estados Unidos. A viveres em França, já pensaste em virar-te para o público francês?
Penso nisso todos dias, isto porque trabalho com muitos músicos aqui em França, de várias etnias. Até ja componho em francês, pequenas coisas claro, mas já me conhecem por cá. Não deve faltar muito para me verem nesse registo.
Equipa BANTUMEN
A BANTUMEN é uma plataforma online em português, com conteúdos próprios, que procura refletir a atualidade da cultura negra da Lusofonia, com enfoque nos PALOP e na sua diáspora. O projecto editorial espelha a diversidade de visões e sensibilidades das populações afrodescendentes falantes do português, dando voz, criando visibilidade e representatividade.