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“O homem negro em Portugal não existe em lado nenhum”, Victoria Kabeya

Victoria Kabeya | DR
Victoria Kabeya | DR

Quase cinco décadas depois do seu término, os movimentos coloniais ainda conseguem estar na ordem do dia. Se há quem queira fazer do assunto um passado longínquo, reiterando que os olhos devem estar postos no futuro, há também quem não se esqueça dos tempos em que a cor da pele condenava à nascença.

Mas ainda mais importante do que a forma como cada um olha para o período colonial, é a forma como as sociedades se reestruturaram depois disso. Até que ponto as colónias, hoje independentes, não se tornaram reféns da sua própria história? Deixou de haver estatuto de indigenato, mas de que forma a sociedade olha hoje para o homem negro?

A BANTUMEN entrevistou recentemente Victoria Kabeya, historiadora, pesquisadora, ensaísta e escritora belga de 30 anos e autora do livro Negros Ameaçadores. Um olhar sobre o colonialismo e a forma como alguns dos seus resquícios ainda estão presentes na sociedade e para quem possa, depois da leitura, achar a narrativa crua e sombria a autora deixa um recado “esta poesia não é sombria, mas um testamento de uma realidade que ninguém quer ver”.

Por regra, em Portugal, somos considerados pacíficos. Preferimos reclamar do que enfrentar. “Explosão” é um retrato muito vivo de algo que aconteceria nos EUA, França, mas não em Portugal, devido à passividade que nos é característica. O que viste ou que experiências tiveste em Portugal que levaram-te a escrever este poema?

O livro já tinha sido escrito em 2018 e a versão francesa era Nègres, Menaces, Sang. Escrevi sobre a situação política improvável que testemunhei nos guetos enquanto trabalhava como educadora social, se assim posso dizer. Decidi adaptar a minha poesia como uma homenagem às minhas irmãs e irmãos negros portugueses. Fiquei enojada e revoltada com a herança colonial silenciosa e fortemente portuguesa e com as consequências a que tinha assistido. Quando cheguei, o pobre Geovanni já tinha sido morto e uma mãe angolana chamada Cláudia também tinha sido brutalmente espancada pela polícia. Na verdade, nunca vi realmente o centro de Lisboa, pois sempre fui levada para o lado invisível de Lisboa. Lá, vi como a comunidade negra era maltratada, como a gentrificação os estava a afetar e como algumas famílias cabo-verdianas viviam em “favelas” escondidas nas colinas do país. Havia um apartheid geográfico claro que notei, pois os portugueses negros viviam fora de Lisboa e não necessariamente no centro da cidade. No entanto, como qualquer outro país branco latino, a questão do colonialismo é recebida com hipocrisia pelos brancos. Até hoje, a propaganda da mestiçagem através do lusotropicalismo afirma que o colonialismo nunca foi brutal, pois todos os africanos e asiáticos colonizados eram portugueses na sua essência. Negros Ameaçadores não é o meu único trabalho. Em novembro de 2020, também publiquei outro livro de poesia, muito mais obscuro, intitulado LISBOA, que explora este tema do isolamento. Foi a condição social injusta dos negros portugueses que vi que provocou em mim uma fúria. Pior, muitos portugueses negros que conheci não viram que havia um problema com a forma como eram tratados. Apenas uma minoria tentou mudar as coisas.

Podes explicar o que está por trás de Mensagem a um Jovem Com o Moral Abatido Vivendo nos Subúrbios?

Eu não sou originalmente, socialmente, do gueto. Nem sequer sou francesa, mas sim da Bélgica. Sou uma imigrante de terceira geração quando os meus avós deixaram o seu país para se estabelecerem na Bélgica há quase sessenta anos. Portanto, a minha mãe e eu somos verdadeiramente europeias, mas negras. Na Bélgica, há pobreza, é verdade, mas o sistema conhecido como banlieues ou ghettos não existe realmente, ao contrário de França. E sempre que ia trabalhar em Paris, na associação distrital localizada num gueto, notava uma coisa: muitos políticos tinham usado o problema do crime para serem eleitos.

Na realidade, muitos jovens negros nos guetos franceses não são necessariamente criminosos, mas estão realmente entediados. Eles têm poucas coisas para fazer quando podem, às vezes, ser extremamente talentosos. O gueto é um lugar onde o tempo não muda ou se move. É ainda mais marcante quando se vê a arquitetura.

Todos os blocos são enormes e têm a mesma dimensão e silenciosamente oprimem a mente. No entanto, muitos filhos de imigrantes nasceram e foram criados entre aqueles muros onde não têm nada de especial para fazer. Antes que um jovem rapaz decida recorrer ao crime, ele já está entediado e não vê o que pode fazer para mudar seu estilo de vida.

Nos anos 90, isso foi ainda pior do meu entendimento, pois o político responsável por Paris não ajudou a expandir as infra-estruturas para permitir que as crianças do gueto entrassem facilmente no centro de Paris. A discriminação era ainda mais forte e mais difícil então escrevi este poema para encorajar estes jovens negros que estão aborrecidos. A única ocupação que se pode encontrar nestes guetos é um campo de futebol e um centro musical onde eles podem dançar ou escrever canções de rap. Eles não têm nada para fazer.

Se os mercados líbios não são apenas retornos perpétuos ao horror, o que são eles?

Eu sou, através da minha mãe, uma africana do Médio Oriente ou do “mundo árabe”. O texto que escrevi a respeito do mercado líbio foi um verdadeiro grito de raiva contra a negritude nesta zona específica do mundo. Por mais louco que possa parecer, a minha linhagem materna é do sul de Israel e da Palestina. Nós somos africanos negros e a nossa linhagem vem do Assuão, no sul do Egito, e de Nablus e Jericó entre os palestinianos negros. Há ainda 600 mil membros da minha comunidade negra do Levantine espalhados entre Israel, Palestina, Jordânia e Síria. Portanto, a maior luta da minha vida é resistir à negritude no mundo árabe e judeu.

Tornámo-nos individualistas. E somos nós que permitimos este regresso ao horror. Somos os nossos próprios monstros

Victoria Kabeya

Na época em que escrevi este poema, fiquei totalmente revoltada com o caso da escravidão líbia que ocorreu. No entanto, para responder à tua pergunta, os mercados líbios não são apenas um retorno perpétuo ao horror. Nós, como descendentes de africanos, temos permitido que muitas pessoas cometam coisas horríveis contra nós, pois ainda acreditamos que somos inferiores, não temos valor e somos dignos de ser vendidos como escravos. Somos responsáveis por todas as questões más que nos acontecem na nossa época.

Sabemos da existência de tal e tal problema, mas falta-nos tanta solidariedade entre nós como descendentes de africanos que nunca ou quase não nos revoltamos, a menos que a causa diga respeito aos negros americanos, porque eles vêm da esfera política mais rica e poderosa da Terra, os Estados Unidos. No entanto, horrores acontecem todos os dias com afro-colombianos, afro-brasileiros, palestinianos negros, iraquianos negros, congoleses do Leste, mas ninguém se revolta.

Tornámo-nos individualistas. E somos nós que permitimos este regresso ao horror. Somos os nossos próprios monstros.

Falar não é uma escolha, nem um direito.” Será que os negros que acreditam nunca ter sofrido discriminação ainda têm o dever de falar e lutar por aqueles que já o sentiram?

A questão é: porque é que aqueles que sofreram não podem falar por si próprios? Eu não acredito no catering para adultos. As únicas vítimas de tais problemas seriam os nossos pais, avós e mais além, não nós. Qualquer pessoa que esteja consciente de uma má situação deve ser capaz de falar, ou agir. E este é o problema com os descendentes de africanos em todo o lado.

A escravidão enfraqueceu tanto a nossa mente que fomos criados na esperança de esperar por um salvador. O impacto das estruturas religiosas coloniais, como o cristianismo, seja protestantismo ou catolicismo, ou mesmo o islamismo para alguns (embora eu considere o islamismo mais uma filosofia de vida do que uma religião em si), prejudicou-nos mais do que pensávamos. Nós ainda acreditamos que precisamos sofrer para que um dia um salvador nos venha libertar.

Cada um é responsável pela sua própria liberdade. Nenhum messias virá para salvar ninguém. Já houve messias que tiveram esse discurso – Patrice Lumumba, Thomas Sankara, Amílcar Cabral – , mas nós deixámo-los morrer. A verdadeira revolução é individual e nem todos os negros podem ser conscientes e salvos. Porque antes de sermos Africanos somos seres humanos e nem todos os seres humanos compreenderão a problemática da vida.

A tua poesia é pungente, longe da delicadeza e do romantismo que normalmente associamos ao estilo. A intenção é a de chocar para alertar?

Não. Eu não sou uma poetisa em si. Mas comecei a escrever aos 24 anos de idade, em 2015, profissionalmente. Tinha muita raiva reprimida em mim. Era sempre crua, agressiva e brutal. Isto não é um processo forçado de todo. É apenas natural para mim. Mas já não escrevo poesia, pois sou historiadora, pesquisadora e ensaísta.

Quanto tempo vamos viver assim? Em Paredes, dás-nos um vislumbre de um futuro sombrio. O que aconteceu à tua esperança?

Bem, quando se trata dos portugueses negros ainda há esperança. É pararem de imitar a questão afro-americana que nada tem a ver com o seu contexto como africanos negros colonizados por latinos (europeus do sul). Se te concentrares nas tuas próprias questões, criares estruturas para te juntares aos teus irmãos na América Latina, no Caribe e na própria África, enquanto compreendes as complexidades da sociedade portuguesa, vais longe.

Se entenderes o poder do dinheiro e aprenderes a solidariedade entre a tua própria espécie, o que significa que não haverá divisão entre cabo-verdianos, moçambicanos, angolanos ou guineenses, comprares terras e construíres as tuas estruturas, vais longe. No entanto, a minha poesia era sombria porque não ando na fé e na esperança.

Eu vejo a realidade pelo que ela é. E se vocês desperdiçarem o vosso tempo não criando uma forma de solidariedade acabarão todos como os franceses africanos que continuam a fracassar. A comunidade ali tem estado tão obcecada em ser amada e aceite pelas instituições brancas francesas que desperdiçou a oportunidade que tinha. Se as instituições francesas não fossem tão antigas e improváveis, os franceses-africanos teriam sido como os negros-britânicos.

Em mais de cinquenta anos de presença em solo francês, os franceses africanos nunca construíram nada quando a França é um país onde têm muita visibilidade e, de alguma forma, liberdade. Nunca construíram um banco, ou qualquer outra estrutura política e económica, ao contrário dos asiáticos, que também foram colonizados pelos franceses.

Os pais africanos nos anos 70 foram acolhidos pelas instituições francesas como “armas”, trabalhadores a serem enviados para fábricas

Victoria Kabeya

Na realidade, é mais do que importante também sermos honestos connosco próprios. Os Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido são espaços tortos, politicamente falando, pois conseguiram o seu poder através do colonialismo e da escravatura, é verdade. Contudo, não têm vergonha de dizer que querem o melhor para a sua nação. A França é um país onde a população está habituada à mediocridade ou ao segundo melhor, não ao melhor e por esta razão, o futuro de uma forte minoria é também definido pelas origens sociais dos seus imigrantes.

A maioria dos franceses africanos vêm de origens onde as suas famílias nunca lhes ensinaram nada sobre empreendedorismo, trabalho duro ou construção. Os pais africanos nos anos 70 foram acolhidos pelas instituições francesas como “armas”, trabalhadores a serem enviados para fábricas. Não havia intelectuais, mas sim indivíduos negros fragmentados e explorados que mais tarde deram à luz a sua segunda geração, também divididos e com falta de identidade.

Os imigrantes eram assim fracos e quando esses indivíduos fracos vivem uns ao lado dos outros é extremamente difícil criar um grupo poderoso a menos que conheçam o valor da solidariedade e do trabalho árduo. O que nunca foi o caso. Os franceses africanos provavelmente desaparecerão, sucumbirão à propaganda ou mistura de raças pois misturar-se-ão racialmente com os franceses brancos.

Se um grupo não consegue criar algo em cinquenta anos, nunca sobreviverá aos próximos cinquenta e, portanto, não há esperança em apostar neles. Esta poesia não é sombria, mas um testamento de uma realidade que ninguém quer ver.

Entre outras coisas, o teu livro retrata a vida de alguns imigrantes que, em busca de um futuro melhor, acabam por ser postos de lado. Que responsabilidade tem o Estado para com estas pessoas?

Que responsabilidade temos para connosco próprios? Essa deve ser a primeira pergunta.

O José escondeu o facto de ter outra família durante 30 anos. Acha que esta ainda é uma realidade actual?

O José nunca escondeu nada. O seu desdém pelo lado africano da família é tal que ele nem sequer sente a necessidade de considerá-los. É preciso entender que na época de colonialismo, especialmente no Congo belga, gangues de homens brancos doentes com idade avançada costumavam montar aldeias para se aproveitarem sexualmente de jovens negras e moças mistas. A história de José vem de tal tabu. Fala-se frequentemente da mutilação, mas não do abuso sexual sofrido pelas raparigas africanas na altura. Abusos silenciados pelas autoridades coloniais. A maioria das famílias africanas mistas descendentes de colonizadores no Congo eram famílias paralelas ou não eram realmente reconhecidas pelos brancos que as geraram. Estes homens, como José na história, não se importavam de todo.

É notória ao longo do livro a crítica ao colorismo e à forma como as pessoas acreditam na mistura como uma forma de “refinar a raça”. É legítimo dizer que este pensamento é o resultado da colonização e da ideia de Lusotropicalismo? Pode este tema ser visto como um dos problemas da comunidade? Em que sentido?

Bem, o enredo tem lugar no Congo belga mas também inclui a porção colonial portuguesa da região, como é mencionado em Cabinda. Nesse sentido, as potências coloniais belga e portuguesa não são a mesma coisa.

A questão do colorismo e da mistura de raças é própria dos latinos, não dos belgas. Os belgas são europeus do norte e, tal como os holandeses, os britânicos e os alemães, estes colonizadores brancos não gostam de se misturar. Eles sempre apoiaram políticas de apartheid na época, seja na África do Sul, na Nigéria, no Congo ou no Zimbábue. Eles continuam brancos. E estes europeus do Norte têm desdém pelos europeus do Sul, daí os seus colonizadores, sejam portugueses, espanhóis ou italianos, por se terem misturado com os mouros, mas também devido à sua proximidade com o Norte de África, serem brancos de segunda classe aos olhos dos do Norte que reclamam uma brancura pura. Nesse sentido, a questão do colorismo é própria dos latinos que usavam a mistura de raças como forma de agenda.

Os belgas, por exemplo, estavam apenas interessados em roubar recursos naturais. Eles violaram é verdade, mas na maioria roubaram. No entanto, os conquistadores latinos não só roubaram os recursos, como também queriam ser adorados pelos colonizados e considevam que carregar seu sangue [branco] os elevava e os separava dos negros puros não misturados.

A questão do colorismo é própria dos latinos, não dos europeus do norte. Nos Estados Unidos, por exemplo, os senhores escravos criaram a One drop rule para separar a sua branquitude da dos negros escravizados de raça mista. Foi entre a comunidade negra que tais categorias raciais foram feitas, fora do olhar dos brancos.

Mas para os brancos americanos e europeus do norte, um negro miscigenado ainda é um negro. Os latinos eram muito mais pervertidos uma vez que espalhavam a confusão e criavam categorias raciais para apoiar a sua superioridade. Todos os africanos ou grupos indígenas colonizados pelos portugueses e espanhóis já passaram por isso. Em Cabo Verde, Angola, Brasil, Colômbia, Cuba, Venezuela, a questão do colorismo prevalece por causa dos colonizadores desses países.

Negros Ameaçadores é o título do livro, mas também pode ser visto como a forma como as pessoas olham para o homem negro?

Sim. Especialmente o homem negro em Portugal que não existe em lado nenhum, nem sequer na televisão. O português africano ou é criminalizado, sexualizado ou simplesmente tornado invisível.

Os portugueses brancos ou temem os africanos, ou não os vêem de todo, uma vez que negam a situação do colonialismo. Lembrei-me do Elson “Kuku” Sanches, que levou um tiro aos 14 anos, e da forma como os portugueses brancos ainda afirmam que foi um acidente quando até o francês branco mais racista teria denunciado tal prática se ela tivesse acontecido lá [em França].

O título Negros Ameaçadores é também um perigo potencial para as revoltas que poderão ter lugar em Portugal quando as gerações mais jovens descobrirem e perceberem o que foi feito aos seus antepassados. Quando se aperceberem disso, Portugal não poderá mais escapar à ameaça e à raiva. Esse dia vai chegar.

Protejam-se com inteligência, gerando dinheiro comunitário através da construção de boas estruturas

Victoria Kabeya

O livro critica as autoridades e a sua forma de agir. Olhando para o quadro atual, é justo dizer que a polícia age de forma diferente, dependendo da cor da pele? Como é que este cenário se inverte?

A União Europeia favorece a brutalidade policial em toda a Europa, mas alguns países são piores que outros. As políticas portuguesa e espanhola (juntamente com a belga flamenga) são algumas das mais brutais, porque estavam enraizadas na ditadura. Muitos portugueses e espanhóis brancos foram espancados, é verdade, mas às vezes é pior para as populações negras.

O caso de Elson Sanches é um exemplo disso. O mundo latino é o primeiro a promover a chamada inclusão e propaganda da mestiçagem, ao mesmo tempo em que é extremamente brutal e esmagador em relação ao corpo negro africano. Sim, a polícia portuguesa e espanhola ataca muito mais quando os indivíduos são africanos.

Quando o Estado que deveria proteger falha e coloca à margem, o que nos resta?

Protejam-se com inteligência, gerando dinheiro comunitário através da construção de boas estruturas, sejam barbearias, restaurantes, lojas africanas, para comprar terras em Portugal, em África e criar as próprias estruturas. A primeira chave é a solidariedade.

A crítica ao sistema, à colonização e até a nós próprios como afrodescendentes é notória. O que nos resta fazer? Onde caminhar?

O problema é esse. Como não saber para onde ir e para onde caminhar após quatrocentos anos de escravidão e um século de colonialismo? Ninguém sabe para onde ir porque a maioria ainda está à espera de um salvador. É preciso entender que ele nunca virá. E só uma minoria vai mudar as coisas. Nem todos os negros podem ser salvos…

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