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“Ngana Zambi”: o primeiro álbum dos Wet Bed Gang

Backstage

Em janeiro, os Wet Bed Gang brindaram-nos com “Perseus”, agora, nem um mês depois, os rapazes de Vialonga lançaram o seu primeiro álbum de originais, Ngana Zambi.

O projeto começa com um skit, onde o “kota” Bonga explica o que significa Ngana Zambi, expressão do kimbundu (língua angolana). “É o protetor. Se queremos tradução em língua portuguesa, é anjo da guarda, que não tem forçosamente a ver com religião. Porque quem te protege pode ser o teu pai, tua mãe, teu avô, teu vizinho, quem te dá os ensinamentos e que te protege. Em África, Ngana Zambi está connosco. Na hora do infortúnio, das desavenças, não há quem não diga Ngana Zambi.”

Com 14 músicas, o álbum começou a ser pensado em 2018, um ano depois do EP de estreia Filhos do Rossi – uma homenagem a João Rossi, um dos fundadores do grupo – e foi o primeiro trabalho que Gson, Zara G, Kroa e Zizzy Jr. fizeram “todo de raiz”.

Lançado a 21 de fevereiro, data de aniversário de Rossi, Ngana Zambi é não só um marco importante para o coletivo como é também um troféu carregado simbolicamente pelo fundador já falecido. Afinal, os Wet Bed Gang são atualmente o grupo de maior sucesso em Portugal, com números que rompem fronteiras, com “Devia Ir” a hastear a bandeira dos mais de 41 milhões de visualizações. Na tabela dos artistas mais ouvidos em Portugal, Wet Bed Gang juntam-se aos Calema e Plutónio no topo, com 311 mil, 460 mil e 365 mil ouvintes mensais no Spotify, respetivamente.

Na produção deste primeiro projeto temos o habitual contributo do mestre e guia, El Condutor, além de Charlie Beats, Lhast, Holly, Kid Simz, Lazuli e Ricardo Estevão.

“É tudo original, tudo 100% nosso, desde o primeiro ‘beat’ à última frase”, disse Zizzy Jr. (Pedro Osório), em entrevista à agência Lusa. Até então, os trabalhos incluíam algumas músicas com “instrumentais da Internet”.

Através da música que fazem, os Wet Bed Gang gostam de transmitir “a verdade”, algo que “hoje em dia é muito fácil de se esconder, pela maneira como dá para manipular factos”, confirmam em entrevista à Lusa.

“Claro que não é só isso, mas uma das coisas de que mais me orgulho é a maneira como nós não mentimos em nada, somos o mais verdadeiros e honestos possível com as pessoas, dizemos as coisas como são e quem gosta gosta, quem não gosta…”, referiu Zizzy Jr.

Em “Ngana Zambi”, os Wet Bed Gang rimam “muito sobre a atualidade”, tocando “em assuntos que não são confortáveis de se ouvir”. Já em termos sonoros, este álbum “é Wet”: “Quem é fã de Wet sabe que não temos um estilo de música, uma prateleira, fazemos o que nos sai da alma, e o álbum tem um bocadinho de tudo”.

“Tem a parte da revolta, tem a parte do amor, da consciência, de refletir sobre outro tipo de assuntos. O que eu amo neste álbum é que tem um bocado de tudo mesmo, dá para todas as famílias ouvirem, do mais velho ao mais novo”, disse o ‘rapper.

Sobre a participação de Bonga, não se limita ao início do álbum, a voz do cantor angolano vai surgindo entre os temas, como uma espécie de narrador. Conseguir ter o ‘kota’ Bonga no primeiro álbum do grupo é “um grande orgulho” para os Wet Bed Gang.

“Convidámos o ‘kota’ Bonga para ir ao nosso estúdio, esteve lá connosco ‘super simpático’, ‘super acessível’, explicou-nos tudo, ajudou-nos, complementou muito bem o álbum”, contou Zizzy Jr., partilhando que o que sentiu “é algo difícil de explicar, porque vem muito para trás” dele.

Apesar de serem “miúdos a começar no caminho da música”, os Wet Bed Gang têm consciência que muito aconteceu antes deles “que merece muito respeito, muitas palmas, muitas vénias”. “O ‘kota’ Bonga é um grande exemplo disso, por tudo o que ele fez”.

O sucesso do grupo, “que as pessoas pensam que é mais repentino”, começou em 2016.

“Nessa altura o Zara e o Gson lançaram o ‘Não tens visto’, a nossa primeira música que bateu um milhão. Na altura bater o primeiro milhão já foi uma coisa do outro mundo, então foi uma escada, porque o ‘Não tens visto’ não bateu 40 milhões como a ‘Devia ir’. Foi uma evolução, como em tudo”, recordou Zizzy Jr..

O rapper consegue perceber que haja quem pense que o sucesso do grupo foi repentino e se questione “‘de onde é que apareceram estes miúdos?'”, mas salienta que “houve muito trabalho para trás, muitos anos, muitas horas, que as pessoas não sabem”.

Desde que começaram, sempre foram independentes de editoras e distribuidoras e é assim que querem continuar a ser. “Cantamos o que queremos, quando queremos, lançamos o que queremos, quando queremos e o que é gerado pela nossa música é dividido entre os quatro de forma igual”, referiu.

Ao viverem da música dão continuação ao sonho e legado de João Rossi, que morreu em 2014 e faria hoje 35 anos. “Ngana Zambi”, uma edição de autor, é mais uma homenagem dos quatro ao ‘irmão’ mais velho que os incitou a começarem.

“O mais bonito disso tudo é que a capa do álbum é uma foto da filha do Rossi. É muito não só o facto de o Rossi ser um anjo da guarda para ela, mas o facto de ele a ter deixado cá, faz com que ela também seja um anjo da guarda para nós”, partilhou Zizzy Jr..

Quanto a planos para apresentarem “Ngana Zambi” ao vivo, não existem. “Provavelmente ainda não vamos tocar [ao vivo] este ano [por causa da pandemia da covid-19], estamos com essa coisa na cabeça já”, disse Zizzy Jr..

A última vez que os quatro subiram juntos a um palco foi em dezembro de 2019, em Angola.

“Em Portugal, desde setembro de 2019 que ninguém nos vê [num palco], e este álbum era muito para isso, para lançarmos e irmos para a estrada, estar com as pessoas. Seja o que Deus quiser, mas já estamos com a mentalidade de que é mais um ano que não vamos tocar”, disse.

Apesar disso, “Ngana Zambi” sai na mesma: “Ouçam, curtam, desfrutem e depois um dia, se isto passar, cantamos”.

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