No dia em que se comemorou o dia de África e curiosamente o quarto aniversário da BANTUMEN, fomos visitar o espaço NOT A MUSEUM, em Lisboa, no âmbito da feira de arte ARCOlisboa – Feira Internacional de Arte Contemporânea de Lisboa.
Abriu na quinta-feira passada, 23, ao público as 71 galerias portuguesas e estrangeiras, em que África e a sua arte foram o foco de um dos espaços, o NOT A MUSEUM, onde a mostra coletiva dividiu-se entre o primeiro e o terceiro piso do espaço.
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“África Diversidade Comum” inclui pintura, escultura, fotografia e instalação, de artistas como Francisco Vidal, Blackson Afonso, Abdel Queta Tavares, Cristiano Mangovo, Roselyn Silva, Gonçalo Mabunda, Januário Jano, Kiluanji Kia henda, Maura Faria, Mumpasi Meso, Nelo Teixeira, Nú Barreto, René Tavares, Rómulo de Santa Rita e Yonamine.
Ao entrar sente-se África, os padrões que se vêm nos quadros e nas roupas das “anfitriãs” vestidas por Roselyn Silva remetem-nos a um ambiente familiar, solarengo e cheio de cores.
“Fiquei muito lisonjeada com o convite do Elson. Porque o que ele está a fazer é algo que não se vê todos os dias, principalmente em Portugal, dar oportunidade aos artistas africanos, independentemente da área, no meu caso é a moda. Foi me possível para além de expor as minhas roupas, envolver -me no projecto… porque no final do dia eu saio daqui rica em cultura, conhecimento, inspiração e em propostas também. Este espaço tem muito potencial, tem muito a crescer e nós africanos é que o vamos fazer. Eu acredito.” afirmou Roselyn Silva.
Os quadros retratam o sentimento dos artistas, viam-se rostos felizes, pinturas abstratas, muitas cores dentro de cores. O museu que não é um museu, estava cheio, todos foram celebrar o dia de África, entre conversas, troca de olhares e sorrisos via-se a satisfação das pessoas e dos artistas por terem um espaço que representa uma história, que representa vidas e anos de luta para terem um lugar que pudessem chamar de casa, com coisas que representassem os africanos e a sua essência.
“O objectivo foi de ter aqui artistas de vários horizontes e dar-lhes uma oportunidade [para exporem os seus trabalhos]. É um espaço cultural que tem uma certa dinâmica. Desde artistas plásticos a dançarinos e poetas. Infelizmente em Portugal, muitas vezes não têm uma janela aberta para aparecer” afirmou o angolano Elson Angélico, apaixonado por arte e responsável pela abertura do espaço cultural.
Acrescentou ainda que “isto é algo que faltava em Lisboa. As galerias infelizmente não têm a possibilidade de chamar artistas africanos, então temos de ter algo que os represente, africanos, asiáticos e até mesmo europeus. Quero que as pessoas se sintam não no museu, mas sim numa galeria, temos 3 pisos com diferentes exposições que reúne artistas da lusofonia.”
O ambiente de todos os pisos era convidativo para conversar, falamos com alguns artistas, que foram nos transmitindo o que pensavam e sentiam acerca da sua nova “casa”.
Blackson Afonso foi um dos artistas convidados a expor o seu trabalho na galeria, o artista tem trabalhando intensamente nas suas obras e com trabalhos novos, o convite surgiu na altura certa.
“Temos um edifício inteiro só com arte de artistas conceituados e eu tive o prazer de me juntar a eles. Artistas que trabalham desde 1970 como peças de Malangatana, Mestre Capela, artistas que despeçam apresentações. O meu desejo é que toda a gente venha cá e que esse espaço seja consistente a nível de tempo, e que exista mais iniciativas do mesmo género. Agradeço ao Elson pela iniciativa, porque não é fácil ter um evento dessa dimensão aqui em Portugal.”
O espaço representa os africanos, é algo que os artistas já estavam a espera que acontecesse, tendo em conta a sua contribuição artística para o mundo e para Portugal. É um espaço dos artistas para todos, sem preconceitos.
No espaço NOT A MUSEUM podiam ser vistas exposições que reuniam artistas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.