A edição de 2021 dos MTV Africa Music Awards (MAMA) estava prevista acontecer no dia 20 de fevereiro, no Uganda, mas a situação sócio-política instável no país, após as últimas eleições, motivaram o adiamento do evento.
Depois de uma campanha online instando a MTV Base a cancelar os MAMA, devido a alegações de abusos de direitos humanos pelo governo do Uganda, o canal de TV adiou a premiação que deveria ser realizada na capital, Kampala. “Foi doloroso ver que a MTV estava a ser usada para ‘limpar’ o regime opressor aqui no Uganda”, disse o candidato presidencial Bobi Wine durante uma entrevista coletiva na passada quinta-feira.
“Estou feliz que a MTV também esteja a ver isto e a agir em respeito a todos os direitos dos artistas. Seria uma vergonha se o MTV Music Awards fosse realizado no Uganda sob a mira de uma arma”, disse o opositor de Yoweri Museveni, presidente no poder desde 1986.
A MTV Base Africa não esclareceu os motivos do adiamento, sendo que quando questionados se a decisão tinha algo a ver com os supostos abusos dos direitos humanos, um diretor de comunicação da Viacom, empresa que controla o canal, disse não terem mais “nada a acrescentar”.
Antes da entrevista coletiva de quinta-feira, a equipa jurídica de Wine divulgou um relatório de 50 páginas com alegações de aparentes abusos, violações dos direitos humanos e irregularidades relacionadas às eleições nacionais de 14 de janeiro.
Desde as eleições que o governo de Kampala ordenou o bloqueio das plataformas de redes sociais como Facebook e Twitter, tendo interditado o acesso à Internet no geral, sob alegações de que as comunicações durante as eleições gerais iriam pôr em causa a segurança do país.
Passadas algumas semanas a Internet foi restaurada, mas as plataformas de redes sociais continuam inacessíveis.
Outra mão pesada sobre a realização deste evento são os ativistas de direitos humanos à volta do globo, que têm usado as redes sociais para atacar a MTV África por sediar um evento no Uganda, quando vários músicos, incluindo o ex-candidato presidencial Robert Kyagulanyi, conhecido como Bobi Wine, não podem fazer apresentações em público, resultado de uma proibição da justiça daquele país.
O ativista de direitos humanos e fundador da Vanguard Africa, Jeffrey Smith disse: “Agora não é hora de #VisitUganda, nem de realizar os # MTVMAMA’s, que estão a ser organizados pela @MTVBaseAfrica para ‘celebrar’ a arte e a liberdade de expressão”
De recordar que NGA, Calema, Nelson Freitas, Preto Show, Soraia Ramos, Anna Joyce e Mr. Bow são os representantes dos PALOP nomeados nesta edição dos prémios da MTV Africa Music Awards.
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