Movimentos antirracistas e cidadãos juntam-se para manifestações em várias cidades portuguesas, neste sábado 1 de fevereiro, com o objetivo de exigir justiça por Claudia Simões e o fim do racismo institucional em Portugal.
No dia 20 de janeiro, Portugal acordava para uma nova polémica que reacendeu o debate sobre a brutalidade policial perpetrada sob a comunidade negra. Cláudia Simões foi espancada durante uma ação policial alegadamente desproporcionada, levada a cabo depois de uma discussão com um motorista de autocarro, motivada pela a falta de título de transporte da filha de Cláudia, de oito anos.
No comunicado, enviado às redações, podemos ler que “este é mais um episódio de violência racista às mãos da polícia, uma violência que resultou muitas vezes em homicídio e que acontece há já várias décadas sem quaisquer consequências efetivas.”
A manifestação, que se estende a nível nacional, vai acontecer este sábado, a partir das 15 horas em Lisboa (Praça Marquês de Pombal), Porto (Praça dos Poveiros) e Coimbra (Praça da República). O objetivo é “exigir justiça para Cláudia Simões e para todas as vítimas de violência racista (seja policial, dos media, bombeiros, hospitais, tribunais ou ao nível do governo parlamentar)”.
O comunicado salienta ainda a problemática dos bairros considerados “sensíveis” da Área Metropolitana de Lisboa e Porto, usados para “reprimir e aterrorizar, subalternizar e desumanizar pessoas negras, ciganas e pobres, obliterando e violando os seus direitos humanos mais básicos, a sua dignidade, cidadania plena, capacidade de organização social e agenciamento político.”
De referir que, Portugal revela um alto indíce de racismo, de acordo com o estudo Atitudes Sociais dos Portugueses, com dados do European Social Survey que inquiriu 40 mil pessoas com mais de 15 anos, em 20 países. É também “o país da Europa Ocidental com o maior número de casos de violência policial, segundo dados do Comité Anti-tortura do Conselho da Europa de 2018. No entanto, o discurso generalizado através dos meios de comunicação social e diferentes membros do Governo é negacionista em relação ao racismo o que permite que estes casos fiquem impunes e muitas vezes sejam arquivados sem qualquer consequência ao nível jurídico”, esclarece ainda o mesmo comunicado.