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Sábado com Caparica cheia para ouvir Soraia Ramos, Plutónio e Sam The Kid

Sol da Caparica
📷 : Olson Ferreira / BANTUMEN

Em casa, batiam perto das 15 horas quando a equipa se juntou para começar a pôr as malas no carro: material fotográfico, casacos, algumas águas e tudo o que um festivaleiro necessita para aguentar um dia de festival a trabalhar.

Chegámos ao Sol da Caparica na altura certa para ainda apanharmos uma boa parte da atuação do Mangope. O que era suposto ser uma atuação de stand up comedy passou a ser um conto de várias histórias onde o riso fez parte de cada momento.

Passámos para o palco secundário, FreeNow, onde a música tradicional guineense se fazia ecoar nas colunas. Cantora, compositora, jornalista e ativista, Karyna Gomes levou para o palco N’na (que significa mamã em várias línguas africanas), o seu segundo álbum de originais. “Foi um público incrível, interativo, o som estava maravilho. Eu estava muito à vontade e consegui entregar o que trazia no coração. Sobretudo a mensagem, o legado da nossa saudosa Mariama, de que só o amor interessa. É a minha estreia num festival tão grande em Portugal. Já toquei em vários lugares em Portugal mas foi a minha estreia num festival desta dimensão e não podia estar mais contente”, disse-nos Karyna, que adiantou estar a trabalhar num novo projeto. “Estou a trabalhar em algo novo, vai ser provavelmente um EP. Sabemos que em 2023 temos de apresentar coisas novas, talvez no primeiro trimestre ou no verão”.

Entre gritos, choros e a correria dos dispositivos de emergência médica para socorrer os que sucumbiam à falta de hidratação e à emoção de ver os seus ídolos, no Palco Freenow, Kady pisava pela primeira vez um palco d’O Sol da Caparica. A transbordar de energia e numa bolha de empoderamento feminino, a artista cabo-verdiana levou as amigas Nayela, Sílvia Barros, Soluna e Miss Bitty para cantarem consigo. “Um grupo  com diferentes nacionalidades para mostrar, mais uma vez, a união feminina e o poder de cada país africano, desde São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, entre outros”, explicou-nos a cantora. O público recebeu a artista com muita alegria e vibrou ao som do batuko com Alícia Rosa e Nelly Cruz a comandar o ritmo, enquanto a plateia decorava o ambiente com várias bandeiras de Cabo Verde.

A atuação de Ivandro começou ao anoitecer. Entre a euforia do público, “Não é Fácil” abriu a sua apresentação, que continuou com “Lua” e “Moça”, entre outras. Cada lançamento de Ivandro é um sucesso, reflexo da forma como os presentes acompanharam do início ao fim cada música. Pelo meio, ainda houve alguns fãs mais aguerridos que tentaram ultrapassar a barreira de proteção do palco para chegar mais perto do seu ídolo.

Ivandro levou ainda duas surpresas ao festival. Para a loucura e delírio do público, Bispo participou do espetáculo e juntos cantaram o hit “Essa Saia”. A segunda surpresa foi um lançamento inesperado. Ivandro deu a conhecer pela primeira vez a música “Noite” e ainda confessou-nos quase que brevemente irá lançar um EP. O novo trabalho vai chamar-se Trovador e o artista diz já ter músicas suficientes para um álbum.

Chegava a vez de Soraia Ramos encher a cena com a sua voz arrebatadora. A tremura que se fez sentir no chão acusava o deleite dos presentes em ver a performance da artista. Começou por cantar algumas músicas mais antigas, como “Não dá ah ah ah” e “Diz-me” mas foi em “I love you too” que se emocionou. No final da música, quando praticamente se deixava levar pela emoção, disse: “vocês não me vão fazer chorar, esqueçam isso”.

Seguiu-se “Bai”, música muito querida pelo público, e o hino “Nosso amor”. As bailarinas entraram em palco com uma coreografia que parecia uma extensão dos seus corpos, de tão fácil que parecia executar cada movimento.

No final de cada música, a artista aproveitava para criar um momento acústico com o público. Pelo recinto do festival, a única coisa que ecoava alto e bom som era: “SORAIA, SORAIA”. Embora não estivessem presentes fisicamente, os Calema – que também estão no cartaz do festival – e Manecas Costa, fizeram parte do show quando Soraia cantou “Kua Buaru”, uma ode ao amor por África. A voz já começava a ficar rouca, mas a vontade e a energia resistiam a cada nota, compasso e passo. Edgar Domingos, o único convidado da artista, acrescentou um pouco do seu “Adoço” ao espetáculo.

Como tudo o que é bom acaba depressa, o alinhamento terminou assim com o hit – que já conta com mais de 13 milhões de visualizações no YouTube – “BKBN”, quase em acústico.

De realçar que, a cantora tinha acabado de chegar de viagem e parece que aterrou no palco errado – a julgar pelo espetáculo que ofereceu e pela reação do público -, Soraia Ramos merecia ter pisado o palco principal d’o Sol da Caparica.

“Vim pela primeira vez como convidada da Ludmila (2019) e hoje vim fazer o meu show, então, esquece, não tem como, é muito gratificante”, confessou-nos a artista em privado.

Fizemos a curva até ao palco principal mas na verdade chegámos ao Bairro da Cruz Vermelha, em Cascais, tal como indicava o cenário e a placa com o nome da “casa” de Plutónio.

O rapper português foi mais um dos que teve de adaptar o longo repertório de hits ao curto tempo disponível de atuação. “Prada”, “Luci Luci”, “Dramas & Dilemas” fizeram parte deste alinhamento, que incluiu também um novo tema, “Por Enquanto” – cuja gravação levou recentemente o artista até ao Brasil. Da sua prestação, resta-nos dizer que, se há algum prémio que contemple o artista com o público que cria a melhor sintonia na hora de saltar, vibrar, balançar a luz do telemóvel e cantar em uníssono todas as letras de cada música, Plutónio é mais do que um forte candidato à vitória.

Voltámos a saltar para o Frenow para ver os Afrokillerz, os auto intitulados rappers do afro-house. “O que esses fizeram, não foi de bem”, como se diz na gíria. Ou seja, o que fizeram foi muito, mas muito, bem feito. Os Afrokillerz não se limitam apenas a tocar, dão aulas sobre como fazer a festa. Desde a mesa de mistura até às baquetas, a vibe da dupla era palpável, com uma entrega de corpo e alma, literalmente.

Para fechar a noite em grande, agora no palco principal, Sam The Kid juntou-se à orquestra Orelha Negra, DJ Cruzfader e Mundo Segundo, para um concerto onde Sam recordou histórias da sua infância, do pai – que subiu ao palco para recitar um poema – e do seu interesse pela música.

Entre as músicas mais antigas como mais recentes do rapper, e porque “Juventude é Mentalidade”, ainda houve tempo para vermos NBC juntar-se a Sam.

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Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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