A polémica estalou desde que se tornaram públicas as nomeações aos Óscares. A indústria cinematográfica de Hollywood está a ser acusada de “esquecer” negros, latinos e mulheres.
Nos vários artigos publicados na comunicação social, há quem se erga contra as vozes que apontam o dedo à Academia. Numa leitura deturpada da causa, pode ler-se em alguns comentários que “é preciso ter mérito para se estar nomeado”. A crítica em nada questiona o merecimento e sim o facto de a cinematografia norte-americana passar ao lado da realidade populacional do seu país que, de acordo com os censos de 2008, indicam que 51% é não branca.
Em 20 categorias não há um único nomeado negro? Em que saco cabem os longos e bonitos discursos que exaltam à diversidade? Beast of No Nation e Creed foram só alguns dos filmes mais elogiados do ano e portanto não conseguiram um único lugar nas nomeações. Há ainda Straight Out of Compton que está nomeado para Melhor Argumento, mas ambos os roteiristas, Jonathan Herman e Andrea Berloff, são brancos.
Em entrevista à revista Variety, George Clooney, vencedor de dois Óscares, manifestou a sua opinião afirmando que “a indústria do entretenimento está a caminhar na direcção errada. Se olharmos para 10 anos atrás, a academia fazia melhor. Mas não acho que seja um problema de quem escolhemos, é mais um problema de oferta. Qual é o espaço dado às minorias nos filmes, especialmente nos filmes de qualidade?”, questionou o actor. “Os cidadãos norte-americanos têm razão quando dizem que a industria não se representa bem”, acrescentou.
O cineasta Spike Lee e a actriz Jada Pinket Smith protagonizara, até agora a crítica mais contundente ao anunciarem que vão boicotar a entrega de prémios de 28 de Fevereiro, em Los Angeles.
Spike Lee, recebeu no ano passado um Óscar honorário pela sua carreira e chamou atenção dos executivos que dirigem os estúdios de Hollywood pela ausência de minorias na competição pelo Óscar. “A verdade é que não estamos nesses gabinetes e até as minorias lá estarem, os nomeados para os Óscares vão permanecer resplandecentemente brancos”, disse.
Equipa BANTUMEN
A BANTUMEN é uma plataforma online em português, com conteúdos próprios, que procura refletir a atualidade da cultura negra da Lusofonia, com enfoque nos PALOP e na sua diáspora. O projecto editorial espelha a diversidade de visões e sensibilidades das populações afrodescendentes falantes do português, dando voz, criando visibilidade e representatividade.