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Os Terríveis Jagas de Cabo Ledo: O surf na onda da vida

Nos próximos dias 16, 17 e 18 de Outubro acontece o evento anual que “dá vida” a Cabo Ledo. O Social Surf Weekend (SSW) é o desporto aliado ao entretenimento e à responsabilidade social, organizado pelo Social Team.

Tal como aconteceu nas duas edições anteriores, nos três dias do SSW, o areal da Praia dos Surfistas vai receber centenas de pessoas que além do surf, querem partilhar uma experiência única em Angola. Um acampamento onde há convívio, competição, workshops, sessões de Yoga, cinema ao ar livre e momentos para os mais pequenos. Mas não é só isso. Há também a responsabilidade de criar uma consciência social para alguns pormenores que fazem a grande diferença no ambiente que acolhe o evento e para as famílias que dele precisam todos os dias para garantir o seu sustento. Falamos, claro dos pescadores e das mulheres que vendem peixe na praia. Por isso, este ano, vão haver dez caixotes de lixo personalizados em pranchas de surf, que vão ser distribuídos pela praia. É necessário perceber que uma praia limpa hoje é menos um problema ambiental, financeiro e social amanhã. O intuito, diz a organização, é os participantes levarem esta responsabilidade onde quer que passem.

Mas ainda há mais. Há quatro miúdos, que pouco ou nada conhecem além de Cabo Ledo, que fazem do surf a bóia de salvação de uma vida alicerçada pelo sacrifício constante. Bruno Namonica, 18 anos, Américo Namorica, 23 anos, Luveno Januário, 25 anos, e José Gabriel, 23 anos, são Os Terríveis Jagas de Cabo Ledo. O grupo descobriu o surf pela primeira vez com tábuas de madeira. Aprenderam a manobrar a “prancha” imitando os surfistas estrangeiros, essencialmente portugueses, com quem se foram cruzando na Praia dos Surfistas.

Passaram das tábuas de madeira para duas pranchas de surf e uma de bodyboard para um grupo de 12 a 13 pessoas. “Enquanto três iam para o mar, o resto ficava cá fora a conversar e observar,” diz Bruno.

Até podiam não ser as melhores pranchas, mas era garantidamente a melhor experiência do mundo para aquele grupo de 12 a 13 crianças e adolescentes. A vida precária de uma família de pescadores em Cabo Ledo não permite extravagâncias com os mais pequenos. Por extravagâncias traduzimos o acesso a brinquedos ou ferramentas para o desenvolvimento de uma criança dentro dos parâmetros básicos infantis intrínsecos às áreas de entretenimento e educação.

Em 2013, os quatro melhores surfistas do grupo tiveram o primeiro contacto com um campeonato da modalidade. Aliás, o SSW foi o primeiro contacto de Angola com um campeonato de surf. Eram todos inexperientes a nível competitivo, mas Cabo Ledo era a “casa” deles. “Não tinha como os outros vencerem Os Terríveis Jagas de Cabo Ledo. Aquilo é nosso. Foi chegar e ganhar.” São o orgulho da comunidade e principalmente das crianças a quem tentam passar o amor pela modalidade.

“Elas só dizem ‘queremos competir, queremos ser como Os Terríveis’”, diz o líder Luveno. O seu sonho é criar uma escolinha, mas para tal é preciso apoios. “Ganhar um concurso é bom, dois é ainda melhor” (venceram as edições do SSW de 2013 e 2014), mas importante é motivar as crianças. Garantir que crescem com a experiência de algo que incite o espírito desportivo e competitivo, porque o de sacrifício já nasce com elas, garante Luvueno.

A rotina já todos conhecem, quando há ondas “pegamos nas pranchas, passamos nas casas uns dos outros e seguimos para a praia.” Já estiveram na Praia do Buraco, no Mussulo, nas praias do Namibe, mas é em Cabo Ledo que se sentem confortáveis. Questionados sobre quem lhes serve de exemplo quando dominam os mares, olham uns para os outros, olham para a equipa de reportagem da BANTUMEN, escapa um Kelly Slater, mas a verdade é que acima da competição há a paixão pelo que fazem. Não querem ser só os melhores. Querem desfrutar do único meio que lhes permite esquecer que a vida é um complexo estado de privações.

 

 

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