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Pikas: “Eu era o nigga do freestyle não o da música”

Pikas
📷 : BANTUMEN

No mundo das artes, há dois tipos de pessoas, os que se tornam artistas e os que nascem artistas. O último caso é o de Eduardo Tomás, mais conhecido por Pikas, cuja vida sempre fluiu acompanhada de música.

Quando miúdo, fazia questão de cantar tudo o que lhe ia aparecendo, mesmo quando desconhecia a letra. Segui a harmonia de como quem segue os BPMs sem mesmo saber o que são. O facto de não passar muito tempo com os pais ou irmãos fez com que a música fosse a sua maior companhia.

Como muitos dos que seguem os ritmos do hip hop, foi nas ruas que Pikas foi introduzido estilo. Na altura, em Angola, ouvia-se muito NGA mas, pelo conteúdo das letras, só mais velhos tinham acesso, nunca os mais novos. Nada que impedisse Pikas de conseguir ouvir o que queria. Como passava a maior parte do tempo na rua, daí até começar a fazer freestyle foi rápido. Sempre com a influência do rapper da LS. Aos 14 anos, pela primeira vez, entra num estúdio e abriu-se a caixa de pandora. A curiosidade por aquele mundo que agora fazia parte da sua vida agudizou-se.

“Eu era o nigga do freestyle e não o nigga da música. Tanto que a adaptação para escrever foi bué difícil. O pessoal sempre dizia que tinha de gravar, ‘Tens de fazer música’. O meu começo foi cheio de barreiras. Gravei uma mixtape de oito músicas em 2014 e não cheguei a lançar, porque houve um problema no estúdio e o tropa apagou todos os projetos, inclusive o meu”, explicou Pikas.

Entretanto saiu de Angola e veio para Portugal viver. Continuou a dar importância à música mas fez várias faixas com outras pessoas que também não foram lançadas. Entretanto, conheceu pessoas que percebiam de música, dos BPMs, do Mix & Master e de beats e que o levaram a perseguir o perfeccionismo. Só quando tudo estivesse bem estruturado é que seria a altura certa para lançar.

Tornou-se num rato de estúdio, escrevia, gravava e regravava até tudo ficar alinhado como achava que deveria ser. Os anos foram passando e só em 2020 é que lançou a sua primeira música oficial, ”Amor” .

Pikas confessou-nos que, antes de lançar, tentou sondar o mercado musical, as influências e os géneros musicais que mais se ouviam para tentar fazer algo diferente. “Quero marcar pela diferença. Sinto que sou uma mistura do Boom Bap, nasci nessa cultura, mas quando veio o Trap foi do género: eu posso fazer melodias no mambo”.

Antes do Rap, ouvia muito Rock e quis fazer também essa mistura. Como exemplo disso, lançou ”Joker”, a sua nova faixa, onde quis passar a mensagem de que dentro de todos, existe sempre uma pessoa como o Joker, fazendo alusão ao personagem interpretado por Joaquin Phoenix. O fracassado comediante Arthur Fleck, uma pessoa isolada, intimidada e desconsiderada pela sociedade, que inicia o seu caminho como uma mente criminosa após assassinar três homens no metro. É um drama psicológico, ao mesmo tempo perturbador e envolvente e impossível ficar indiferente.

Para Pikas, isto ainda é o início mas sente que no mercado PALOP ainda existe muito para ser explorado e que, ao mesmo tempo, existe uma certa limitação na música que é criada e reproduzida.

O artista quer aproveitar todas as oportunidades que conseguir com a música, quer fazer dela vida, apesar de saber que nem sempre será fácil, mas confia que é um acrescento na música feita em Portugal pelos Palop e está disponível para ouvir, melhorar e evoluir. Neste momento está no processo criativo para lançar a sua música mais recente, muito em breve.

Clica no player do podcast para poderes ouvir na íntegra a conversa com Pikas que originou este artigo.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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