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Missy Bity é, provavelmente, a próxima grande estrela guineense

Missy Bity
📷: Indi Nunez

O nome Missy Bity tem rodado o mundo, muito por conta da participação de sucesso em “The End”, de Buruntuma, e é incontestavelmente uma das grandes promessas guineenses a despontar no próximo ano. O timbre da sua voz é melodia em si e a versatilidade que a define vão, muito provavelmente, pôr muita gente a cantar em crioulo da Guiné – visto ser a língua em que prefere compor e porque a sua identidade artística está colada à sua guineendade.

Para a grande maioria, o primeiro contacto com as artes surge através da escola e Bity não fugiu à regra. No nono de escolaridade, Bítia Veira Camará, o seu nome de registo, tinha um colega que já cantava e precisava de alguém que o acompanhasse. Mesmo sem qualquer experiência, Missy Bity ofereceu-se para cantar e correu tão bem que acabaram mesmo por gravar uma música. Foi a primeira experiência da artista, em 2015/16, quando ainda vivia na Guiné-Bissau. “Faz a letra e passa-me, eu vou fazer a melodia. Ele fez a letra e disse ‘canta lá para eu ver como é que fica’ e eu cantei. Depois fomos logo gravar e a primeira vez que atuamos juntos foi numa festa no dia 1 de junho, Dia das Crianças, organizado pelos meus colegas que tinham um grupo e convidaram-nos para cantar. Foi assim que tudo começou”, explicou.

Entretanto, Bity acabou por viajar para Portugal para concretizar aquilo que passara a ser um sonho, o de ser cantora. Antes, ainda foi convidada a passar por Macau para cantar e participar num festival de música. Já por terras lusas, quis inscrever-se numa escola de música mas foi impossibilitada por falta de vagas. Acabou por enveredar por um curso de Pro-DJ, que mais à frente acabou por revelar-se na escolha acertada. Missy Bity sabia que essa formação poderia vir a tornar-se numa mais valia para a sua carreira, tanto que até hoje é a própria que produz as suas músicas. Mesmo assim, a artista não se fica pelo que aprendeu. É uma autodidata, vê tutoriais e pede ajuda a amigos produtores para que consiga estar sempre um passo à frente na produção, melhorando na qualidade de faixa para faixa.

A experiência musical por que tem passado em terras de Camões tem sido das melhores. Além de trabalhar a solo, tem recebido vários convites para participações, como com o DJ Buruntuma, também guineense. “The End”, que conta com mais de dois milhões de visualizações no YouTube, foi a faixa que os juntou e que rapidamente se tornou num hit nacional e internacional. O single é uma mistura de Rap, Soul e Rnb, sem fugir das raízes de ambos.

Buruntuma já nos tinha dito ser um admirador confesso do trabalho da conterrânea, o que tornou o processo criativo mais fácil. “Até agora não acredito que fiz uma música que é tocada em toda a parte do mundo, praticamente, estou orgulhosa de mim”, desabafou Bity.

Missy Bity
📷: Indi Nunez

Depois de todo o feedback positivo que têm recebido ao longo destes dois anos com o “The End”, Bity tem-se concentrado e focado na sua carreira a solo. Trabalha sozinha, sem patrocínios, só conta com a ajuda de alguns amigos, familiares e principalmente do irmão e manager, Abdel Camará, que é também empreendedor e coach de alta performance, e quem a ajuda a “correr” atrás do que quer e a definir prioridades.

Neste momento está no processo criativo do seu álbum, que terá uma mistura do que é Missy Bity e da pessoa que se tem tornado com a música. “Comecei no Rap, para quem não sabe, e não me via a fazer afro-house. Fui fazendo e experimentado estilos, porque ainda não sabia qual era a minha identidade. Depois é que decidi que o meu estilo é ‘estilo Missy Bity’. Não adianta focar numa coisa e depois dizer ao pessoal todo que sou uma cantora que faz esse estilo e, de repente, aparece um outro estilo, já o estou a fazer e estou a fugir da minha cena. Sou uma cantora versátil, faço de tudo”, replica a artista.

E é isso mesmo que podemos esperar do seu álbum. Bity sente-se confortável em qualquer género musical. Pode fazer Jazz, Rap como Afro-house e Gumbé – género musical que nasceu da junção de alguns ritmos tradicionais guineenses, como o Tina, Tinga, Brocxa, Kussundé, Djambadon e Kunderé. O instrumento principal desse ritmo é a cabaça ou apenas cabaz.

“Quando fazia só Rap, comecei a ver que já me estava a fartar. Queria fazer coisas novas e fui descobrindo algumas coisas na minha voz que nem sabia que conseguia fazer e disse que não adiantava ficar só nisso [presa a um estilo] se posso fazer muita coisa”.

É portanto uma ouvinte eclética, o que a ajuda na inspiração para criar e evoluir musicalmente. Na lista de preferências tem os sul africanos Nkosazana Daughter e Samthing Soweto, não esquecendo das origens, como Tabanka Djazz, Zé Manel, José Carlos Schwarz, Manecas Costa, Kimi Djabaté, entre outros.

Sobre o álbum de Miss Bity, vamos poder continuar a ouvi-la em crioulo da Guiné-Bissau, algo que é imprescindível para a artista como marca de identidade. “Temos de levar o nosso crioulo para a frente”, sublinhou. Contudo, as letras das suas músicas vão também navegar entre o português e o inglês. Quanto às temáticas, Miss Bity considera-se uma “Lover Girl”, sendo que o que compõe revela as suas próprias experiências, desilusões e vivências amorosas. São exemplo disso os temas “Sukuro”, “Nada Ka Mudan” e “Nô Cumpo”, do primeiro álbum.

Bity tem muito para mostrar nesta sua jornada no universo da música. O álbum é o materialização desse sonho e que, de acordo com os seus planos, deverá ser lançado ainda este ano. Até lá, podes ver e ouvir a primeira entrevista de Miss Bity na BANTUMEN, no player abaixo.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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