Poucos dias depois da publicação de uma investigação do New York Times (The Children of Pornhub), o site Pornhub, gigante da indústria pornográfica, anunciou esta quarta-feira que iria tornar mais rígidas as regras de acesso e download da plataforma.
No artigo, o jornalista Nicholas Kristof denunciou “estupro infantil, pornografia de vingança, vídeos de câmeras ocultas de mulheres a tomarem banho, conteúdo racista e misógino, imagens de mulheres asfixiadas em sacos plásticos, só para nomear alguns.
Este relatório extremamente abrangente e minucioso revela que dos 6,8 milhões de vídeos postados por ano na plataforma, muitos exibem “abuso infantil e violência sem consentimento”. É preciso dizer que o Pornhub é uma plataforma tão acessível quanto o YouTube, qualquer pessoa pode publicar um vídeo, o que significa que “caçar” vídeos ilegais é quase impossível. Assim que a plataforma remove o conteúdo, outra pessoa pode colocá-lo novamente online imediatamente.
Depois da publicação do artigo, as repercussões foram sem precedentes. Gigantes da fintech, que permitem o Pornhub existir, já se pronunciaram. American Express e PayPal já tomaram a decisão de se dissociar da plataforma, podendo seguir-se Visa e Mastercard.
Num comunicado de imprensa intitulado “Nosso Compromisso com a Confiança e Segurança”, o Pornhub tentou se defender das acusações e divulgou um conjunto de medidas como a eliminação de conteúdo ilegal, “incluindo material não consensual e pornografia infantil (CSAM)”, e o aperfeiçoamento da política de confiança e segurança.
Há ainda a possibilidade de permitir o upload de vídeos apenas a “parceiros de conteúdo” e utilizadores verificados. Uma decisão que responde às críticas que lhe são dirigidas. Localizada no Canadá e com domicílio fiscal em Luxemburgo, o acesso à plataforma está até agora aberta aos quatro ventos.
Na mesma linha, o site pretende regular as possibilidades de download e menciona a formação, nos últimos meses, de um “Red Team” encarregado de detetar conteúdo ilegal.
Em sua defesa, o Pornhub destaca ainda que a plataforma tem feito grandes esforços nos últimos anos para limitar a publicação de conteúdo que mostre abuso sexual, ou pornografia infantil, e quando esse tipo de conteúdo consegue ser publicado a plataforma o “enterra” nas profundezas da indexação. MindGeek, a casa mãe do Pornhub, também menciona o fato da plataforma pornográfica ter muito pouco conteúdo desse tipo em comparação com outras plataformas muito mais acessíveis, como Facebook, Instagram, Twitter ou mesmo TikTok.
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