Ainda em comemoração ao Mês das Mulheres, o Portal Pretinhas e a organização do evento Pretinhas da Brasilândia, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, através do Proac, realizaram um evento para meninas de 8 a 14 anos, como forma de empoderá-las e incentivá-las a realizarem todo seu potencial.
De acordo com a produtora executiva do evento, professora aposentada, pedagoga, Vilma Queiroz, o principal objetivo do projeto é potencializar o empoderamento feminino para meninas negras. “Escolhemos realizar o projeto na região da Brasilândia por causa do alto índice numérico de feminicídio e a maioria das vítimas são mulheres negras. Por isso decidimos trabalhar com crianças dessa zona na faixa de 8 a 14 anos para as empoderar, para que tenham autoestima elevada, proporcionar-lhes oportunidades de um bom crescimento e que vejam possibilidades de aprender a fazer tranças, artes plásticas, atuar no mundo da dança, moda e palestras. A finalidade é proporcionar-lhes uma vida melhor e tentar ajudá-las para que não sejam vítimas de abuso”, afirma Vilma.
“Apesar do nosso projeto ter uma temática relacionada à questão etnico-racial, procuramos fazê-lo na semana internacional da Mulher porque o nosso foco 100% é a Mulher. Realizamos palestras em três escolas diferentes, atingindo mais de 750 crianças e com várias apresentações. Além disso, nós queremos construir imagens positivas nessas crianças, ensiná-las a valorizar a sua cor enquanto pessoa preta. Porque precisam entender e sentir que tem pessoas iguais a elas na nossa sociedade que são referências e elas também podem ser o quiserem”, ressalta.
A primeira edição do Pretinhas da Brasilândia aconteceu no dia 11 de março de 2023, na Fábrica de Cultura da Brasilândia, região norte de São Paulo.
Segundo a produtora do evento, Vilma Queiroz, foram realizadas várias oficinas de aprendizado para crianças com o foco de reforçar o poder, beleza e potencial da mulher negra.
“No evento realizou-se oficinas de grafite, dança, teatro e leitura, tranças e amarrações de turbantes. Coisas que servem para preparar nossas princesinhas para o futuro. Durante o encontro, em diferentes oficinas alimentamos elas com conhecimentos sobre a rica história dos nossos ancestrais, principalmente das princesas africanas e falamos um pouco de orixás. Mostramos para essas crianças que cada uma delas é uma princesa, que são bonitas e devem valorizar-se. Também adaptamos danças africanas à realidade brasileira para ensiná-las. Tivemos a oficina de trança que teve um grande número de aderência das meninas, onde aprenderam como se trançar e ganhar dinheiro com esse trabalho”, acrescenta a organização.
“Essas pequenas informações são riquíssimas, imagina uma criança de 8 ou 9 anos aprender a trançar e saber que ela pode ganhar dinheiro fazendo esse trabalho, isso já é um início para ela potencializar-se e ter uma profissão”, sublinha ainda.
Para mostrar a importância da representatividade, a organização do Pretinhas da Brasilândia convidou quatro meninas negras para serem as protagonistas do editorial do evento. Laura Victoria da Silva Soares, 8 anos, moradora da Cachoeirinha, Samira Helena Ese Cole Okosun, 4 anos, mora no bairro de Perus, Rhianny de Souza Elias, 14 anos, mora na Brasilândia e Rebeca Ventura Lima, 15 anos, moradora do Horto Florestal.
As meninas foram fotografadas como princesas africanas contemporâneas e contaram um pouquinho mais sobre suas histórias.
O evento teve participação de várias mulheres e jovens pretas de referência que transmitiram conhecimento e experiências para meninas, como Joy Carol, uma famosa modelo, Fanieh, cantora, ativista e atriz da série Sintonia, da Netflix, um sucesso entre o público adolescente, a arte-educadora Aline Caruzo e Japhete Ozias, a diretora artística do editorial e que é do Benin. O evento contou com 7 oficinas no total: Grafite, Dança Tribal, oficina de Modelos, Leitura e Teatro, amarração de Turbantes e Tranças, Artes Plásticas e de Palestra – Show.
