Neste dia 19 arrancou o primeiro dia do Festival Iminente, uma manifestação musical e visual de arte urbana, incluindo também exibições de skate e break dance. Estende-se até domingo, 22, no Panorâmico de Monsanto, um dos miradouros de Lisboa.
Ao entrar no recinto, a vista sobre o Monsanto faz jus ao seu panorâmico. A arte ao longo do recinto combinava com a música que se ia ouvindo entre os os cinco palcos existentes: Mezzani, Outdoor, Cave, Escada e Panorâmico.
É certo que a Diversade e Identidade são os lemas do Iminente, que ao todo engloba mais de uma centena de artistas, de acordo com o diretor do festival. Sem saber ao certo o número de pessoas que estiveram presentes no primeiro dia, podemos garantir que estava cheio, a multidão reuniu-se para ver os seus artistas favoritos.
A música ou os estilos que se faziam ouvir deambulavam entre o Trap, Boom Bap, do Rap Crioulo ao Punk-Funaná e ainda com espaços para criar e ver arte, performances e conversas em palco.
Vado Más Ki Às, que foi lhe dado o palco Cave na edição anterior, este ano subiu ao palco principal (Outdoor). E o rapper da Linha de Sintra mostrou que foi a melhor escolha possível. Cantou sobre “Love”, e disse que “Brincar é no Parque” e fez o people vibrar com ele. Vado foi a escolha acertada para dar início à festa.
Ainda a recuperar do cansaço que foi o concerto de Vado, seguimos para o concerto de Deau no palco Cave, e para quem não o conhecia, passou a conhecer. De roupa desportiva, entrou em palco para cantar como se de um desporto se tratasse. Mostrou garra, empenho, qualidade e emoção.
Mas não só da música viviam os espaços. Noutros palcos as danças e conversas sobre temas da sociedade faziam-se sentir. A nova geração e a sua representatividade na cultura ou o qual o lugar do corpo negro na cultura visual, eram uns dos temas que se debatia entre as músicas, skate e break-dance.
Kappa Jota andou “Pela Cidade”, encontrou a sua “Tribo” e ainda teve tempo para ‘puxar’ “Djah Djah”, cantado em uníssono com o público. O rapper parecia que cantava mais rápido que os BPMs dos intrumentais, foi um concerto marcado pelos “Good Fellas, Good Music”.
No palco Cave, Rafa G já se entregava ao público, com atitude gritou que “os tempos de puto já mudaram, e agora ele está na correria“. Em cena estava a sua entourage a dar aquele sangue necessário para deitar a casa abaixo. Mas foi “Cabron”, tema gravado com Deejay Telio, que fez o pessoal dançar sem se importar com nada. A festa continuava, directamente do Vale da Amoreira.
Pouco a pouco o Outdoor ia ficando cheio para ver e ouvir o “Dred Que Matou Golias”, sem mais demoras e sem que ninguém esperasse, Holly Hood entrou com toda a força. Cantou duas músicas exclusivas, e ainda pediu que fizessem um moshpit.
Quase em simultâneo no Cave tocavam e cantavam os Scuru Fitchadu. Sette Sujudade é o artista que dá a voz aos Scúru Fitchádu, a banda que transforma o funaná e o punk numa mistura homogénea. Entre gritos melódicos e a voz rasgada do vocalista, as pessoas iam dançando ao som distorcido que se cruzava com os ritmos cabo-verdianos do funaná, mediados pelas técnicas do dub ou hip-hop e pelas metamorfoses electrónicas.
Há quem diga que a melhor parte da noite foi o concerto dos Força Suprema (e a noite ainda ia a meio). Acompanhados com banda, a música ecoava melhor, digna de uma sala de espetáculos. NGA, Prodígio, Masta e Don G, faziam parecer que estar em cima do palco e cruzar as vozes com bateria, baixo, guitarra e sintetizador, era tarefa fácil. Mas foi isso mesmo que fez a diferença. Trouxeram ao público músicas antigas como novas, “Serias Tu”, “Tipo do Ghetto” e “Deixa o Clima Rolar” que fez com que todos cantassem na mesma melodia, acompanhados pela voz doce Rhayra.
Depois de Força Suprema, a noite foi toda dos “miúdos da nova escola”: Julinho KSD, Minguito, Apollo G e IT’s a Trap por Oseias, Young Boda entre outros, que mostraram toda a sua juventude em palco, sem decepcionar ninguém. Verdade seja dita, os “miúdos” subiram ao palco para confirmar a sua qualidade e que não vieram jogar para perder.