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Primero G, Ghoya, Ne Jah e Mynda falam sobre o mérito do rap crioulo na cultura portuguesa

MAAT
Primero G, Ghoya, Né Jah e Mynda Guevara | Fotografia : BANTUMEN

A difusão do rap crioulo esteve em debate no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, neste dia 5 de julho, à margem do programa Terra Irada: Expressões comunitárias de música, que coincidiu com o Dia da independência de Cabo-Verde.

Na mesma mesa estiveram Primero G, Ghoya, Ne Jah e Mynda Guevara para uma conversa sobre a divulgação do rap crioulo e o lugar que ocupa na representação da realidade urbana na cultura portuguesa. O debate foi moderado por Ana Garcia de Mascarenhas e teve curadoria de Pedro Gomes.

A sessão começou por volta da 16h30, com Primero G a partilhar a sua história nos TWA, grupo que integra a origem do rap tuga, sobretudo o cantado em crioulo. O artista explicou que a vontade de começar a cantar em crioulo surgiu com a necessidade de imprimir a sua realidade na música que criava e que isso só poderia ser feito na língua de Cabo Verde, a que utilizavam no dia-a-dia. “Por que é que cantamos em português se no bairro falávamos crioulo? Parecia que “fora do bairro” tínhamos outro tipo de comportamento, o que não era certo”, disse.

Seguiu-se Ghoya, que também falou da sua iniciação ao hip-hop, que surgiu na sua vida como escape à repressão que vivia na altura. O artista relembrou ainda a legitimidade dos artistas cantarem em crioulo, uma língua que “só existe por causa do português”.

Ana Garcia de Mascarenhas questionou o quarteto sobre o valor cultural que Portugal dá à cultura africana e Primero G respondeu dando o exemplo de Cesária Évora. Nos anos 80, a artista chegou a Portugal e o seu talentofoi desdenhado. Só depois de chegar a França é que a artista acabou por ver reconhecida a sua arte e teve a oportunidade de gravar A Diva dos Pés Descalços, o seu primeiro álbum. Foi assim em França que Cesária fixou residência e se consagrou uma estrela internacional aos 47 anos.

Umas das conclusões que se podem tirar deste debate, em concordância com os participantes, que integram o conjunto dos artistas mais reconhecidos do rap crioulo, é que o estilo faz parte do rap tuga, porque a sua existência aconteceu por impulso do hip hop português nascido no fim dos anos ’80 e início dos anos ’90. A diferença é que, se o rap tuga está atualmente a par do hype que o hip hop vê atualmente no mundo inteiro, o mesmo não acontece com o rap crioulo, que continua a ser marginalizado, apesar da popularidade que já conseguiu alcançar. O público ouve, os números de fãs aumentam, mas o estilo continua a ser barrado nas rádios, nos canais de televisão e outras instâncias culturais e sociais onde o hip hop já se conseguiu “infiltrar”.

Ne Jah e Mynda Guevara aproveitaram a oportunidade para agradeceram pela estrada que encontraram feita por Primeiro G e Ghoya, que permitiu-lhes terem um caminho menos duro dentro do movimento.

O objetivo do evento foi, sobretudo, transmitir aquilo que tem sido Lisboa dos bairros periféricos do final da década de 1990 até agora, “com a persistência de inúmeros problemas ao longo dos anos”, segundo o comunicado do MAAT sobre o programa.

Apesar das restrições devido à pandemia da covid-19, a ideia de aclarar a indissociabilidade da realidade do rap, no caso crioulo, daquilo que se passa num mundo cada vez mais insustentável a nível nacional e internacional, onde a intolerância, o racismo, o fascismo e o capitalismo não podem merecer qualquer tipo de misericórdia. A mensagem foi passada através de testemunhos na primeira pessoa e os presentes ainda puderam assistir à atuação musical de Primero G, Ghoya, Né Jah e Mynda Guevara.

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