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Rahiz: “Estar juntos ainda não é estar unidos”

Rahiz | DR
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O músico, intérprete e compositor Rahiz é uma das personalidades por trás da organização da primeira conferência afrocentrista a acontecer em Lisboa, já no sábado dia 22. Com o título Kweli, o evento conta com diferentes keynotes que têm como principal intuito criar reflexão sobre africanidade e empoderamento dentro da comunidade.

Numa entrevista vídeo para a BANTUMEN, Rahiz explicou-nos como surgiu a ideia de organizar este evento, os desafios atuais da comunidade negra e a necessidade de criar empoderamento através da junção de sinergias de diferentes atores dentro da própria comunidade.

“Estávamos à espera de fazê-la no momento certo. Fui puxado para um projeto semelhante ao que eu e os meus já estávamos a elaborar e, engraçado, com algum do pessoal que íamos pôr dentro [do projeto]. Não estou a querer estar à frente de nada, eu quero é participar de coisas que estão alinhadas com o meu pensamento. Este encontro surge de uma ideia de fazermos primeiro, talvez, online e fui convidado, por pessoas que eu e a minha team já estávamos a sondar. E daí as coisas tomaram uma velocidade muito rápida”, começou por explicar.

Atualmente, o grupo envolvido na organização da Kweli transformou-se numa associação, a Palestras em Verdade, que tem Rahiz como presidente. “A ideia do projeto é de se repetir anualmente e tem como objetivo criar uma plataforma física onde várias mentes e vozes da nossa comunidade, de toda a parte do mundo, que represente os nossos territórios, os PALOP, e é uma espécie de Tedx, onde teremos diferentes pessoas, de diferentes áreas e conhecimento e levarmos isto diretamente às pessoas”, sublinhou.

Com um papel bastante ativo há vários anos na tentativa de criar debates e reflexão sobre a condição afrodescendente na Europa e em África, Rahiz foi várias vezes acusado de ser incendiário ou extremista. Contudo, o músico afirma que essa nunca foi a sua intenção. “Durante muito tempo, o combustível que era a energia que eu transmitia sem dar conta, era quase uma energia de pôr tudo a arder. Então tive de condicionar, crescer, maturar e entender que tipo de energia era essa. Hoje, ela já está contida, refinada, no sentido de hoje querer que a minha energia seja uma energia de construção. A ideia que sempre tive nunca foi de pretos contra brancos ou do ocidente contra África e vice versa ou do hemisfério Norte contra o hemisfério Sul. Nunca foi isso. Nós todos, como culturas, como povos, somos membros de um coro e se um membro do coro não está a funcionar bem, o coro inteiro não está a funcionar bem. É o que se passa com os africanos. Daí o meu discurso ser tão focado em nós, porque eu sou um. Não é uma questão de superioridade ou de supremacia, de nos pôr num sítio de domínio dos outros. É só uma questão de ‘pessoal, precisamos nos pôr de pé para sermos membros desse coro funcional’.

Depois de vários lives e sessões online individuais, juntam-se assim presencialmente diferentes personalidades influentes, em várias áreas de conhecimento, criando um ponto de encontro, que se quer anual. Na lista de oradores, além de Rahiz, temos o coach financeiro Abdel Camará, as advogadas Queenzinga e Mimi Malkia, o médico naturopata Randy Neto, a coach de meditação Osvaldina Rodrigues (Panefas Touch Dina), o psicólogo Henda Vieira-Lopes e o docente universitário Toy Cristóvão.

Com uma noção sempre muito clara e pragmática das condicionantes em criar mecanismos de defesa e empoderamento que sirvam de elevador social da comunidade, Rahiz é comedido a falar de união. “Estar juntos ainda não é estar unidos mas o objetivo primário de um objetivo é estarmos juntos. Se todos compreendermos esse objetivo, as pessoas precisam de se entender ao máximo. A união ainda é uma coisa por alcançar mas entendermos que devemos estar juntos já é meio caminho andado”, retorquiu.

Vê e ouve a entrevista ao artista no player abaixo.

Recordamos que, ainda é possível a obtenção de bilhetes para assistir à Kweli, no dia 22, no Auditório do Metro de Lisboa, das 9h às 19h, através de inscrição prévia neste link. Os bilhetes têm um valor de 35 euros.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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